Capítulo 3

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- Não vai me responder, futura esposa?

Ele agora estava sentado em frente à ela, com aquele sorriso sacana nos lábios, os olhos azuis brilhando de fúria ou desejo, bom, ela não sabia distinguir, só sabia que precisava manter a postura.

- Não tenho o que lhe responder. –Disse também se sentando em sua cadeira. –Só vai embora, Mustafá, eu disse que só nos veríamos no dia do nosso casamento.

- Então, era isso que eu queria dizer. –Ele a olhou firmemente. –Poderíamos adiantar a nossa lua de mel, que tal um café e depois...

- Não prossiga. –Berna o interrompeu nervosa. –Para que isso ocorra eu teria que estar disposta e imagine só, não estou nem um pouco a fim de ir para a cama novamente com você. Porque é lá onde os seus "cafés" terminam e aliás, gostaria de lhe pedir encarecidamente que esquecesse aquilo que aconteceu, foi um erro.

- Jamais! Acha mesmo que eu seria capaz de esquecer aquela química explosiva que pairou sobre nós naquela noite?  -Perguntou a provocando.

- Chega!

- Por favor, Berna, vamos almoçar juntos. –Se levantou esticando a mão em direção à ela. –Se vamos nos casar, precisamos no mínimo ser civilizados um com o outro.

Ela apenas assentiu e puxou sua bolsa saindo na frente dele, ignorando a mão que ele lhe oferecia. Ambos decidiram almoçar no restaurante que ficava em frente ao trabalho dela, Berna suspirou aliviada ao ver que Malka não estava ali com José, eles sempre almoçavam ali também e não estava nem um pouco a fim de ouvir as piadas da irmã. Após cada um fazer seu pedido, o garçom trouxe uma taça de vinho para cada e Berna sentia o olhar penetrante de Mustafá.

- Ok, pode me dizer. –Ele começou. –Porque não me disse desde aquele dia que era minha noiva?

- Não era o momento, Mustafá, tudo tem seu tempo e eu devia seguir isso, sem desviar. –Diz mais para si mesma do que para ele, o deixando confuso.

- Tudo bem. –Murmurou se dando por vencido e notando que ela finalmente o olhava serena. –Vejo que não quer responder minhas perguntas, mas quero ter uma relação estável com você, Berna, esqueça o que está escrito naquele contrato. Nós dois sabemos dessa atração que existe entre a gente, não precisa negar. Agora só depende de você querer viver isso comigo ou não.

- Mustafá, a proposta é tentadora demais, acredite em mim. –Sorriu de canto. –Mas a primeira palavra é a que basta para mim, mesmo que seja umas letras banais num contrato. Eu quero ter uma convivência estável com você, mas sem nenhum contato. Nada, Mustafá. –Deu leves tapinhas na mão dele. –Quem sabe numa próxima vida.

- Isso é só uma questão de tempo, Berna. –Ele sorriu sarcástico. – Você estará na minha cama quando menos esperar.

- Siga sonhando. –Respondeu se levantando. –Bom, já fiz companhia suficiente a você, preciso voltar ao trabalho. Até breve, Mustafá.

Ela saiu dali deixando-o aspirando seu perfume doce deixado pelo ar. Aquela mulher ainda ia deixá-lo louco e sabia disso. Mustafá seguiu para o escritório, precisava de uma inspiração para as novas joias, mas a única imagem que vinha à sua mente era a de Berna nua em cima de seu corpo gritando seu nome. Diabos! Abriu seu laptop e começou a buscar passagens para algum destino, mesmo que aquela coisa toda fosse de mentira, ele queria levar Berna para alguma viagem de lua de mel, quem sabe assim, poderia tê-la em sua cama mais uma vez. logo a noite chegou, ele vestiu-se de modo despojado, pegou seu carro e dirigiu até o apartamento de Berna, depois de muito custo, Bianca havia lhe dado o endereço e agora só precisava convencer o porteiro de deixá-lo subir sem ser anunciado. Não foi difícil, já que o senhor de meia idade ficou surpreso ao saber que ele era noivo da arquiteta e o deixou entrar sem nenhuma dificuldade. Quando o elevador parou em frente à porta de seu apartamento, Mustafá não ouviu absolutamente nada além de uma música clássica que tocava, girou a maçaneta da porta, que estava aberta, poderia ser qualquer outro maníaco ali e Berna iria ouvi-lo. A sala estava um pouco escura, mas conseguiu vê-la sentada em uma poltrona com as pernas sobre o "braço" do objeto e olhando algumas fotos, ela estava tão concentrada e ele só pode ver o belo decote que preenchia toda aquela camisola de seda, mas logo isso deixou de chamar sua atenção quando a viu chorando baixinho.

AMOR POR CONTRATOOnde histórias criam vida. Descubra agora