Capítulo 12

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Ok, a vida às vezes prega muitas peças na gente e mesmo quando achamos que estamos prontos para enfrentar tal situação, a realidade nos dá um tapa na cara como se nos dissesse que na verdade, nunca amadurecemos o suficiente para resolvermos nossas pendências.

Era exatamente isso que estava acontecendo tanto com Berna como com Mustafá, aquela troca de olhares parecia infinita que nenhum havia percebido que Adam havia saído, fechando a porta e deixando os dois juntos ali e de repente o grande escritório pareceu um cubículo onde tanto um quanto o outro podiam até ouvir suas respirações. Ela não sabia decifrar o que aquele par de olhos azuis que haviam invadido seus sonhos durante esses últimos anos queria dizer e por outro lado, Mustafá mantinha sua pose enquanto sua cabeça e seu coração fervilhavam com um misto de emoções.

Para Berna era inacreditável que ele estivesse ali, depois de toda humilhação que a fez passar, queria despejar sobre ele tudo que havia sentido, mas de sua boca não conseguia sair nenhuma palavra e sua cabeça parecia girar quando o viu se aproximar da mesa, ficando do outro lado, porém mais próximo.

- Olá, Berna! –Ele quebrou o silêncio da sala que parecia durar uma eternidade.

- Oi, Mustafá. –Respondeu séria. –Quanto tempo!

- Quatro anos, para ser mais exato.

- O que está fazendo aqui? –A mulher perguntou tentando não soar tão rude.

- Vim confirmar o que me disseram, não acreditei que você estivesse de volta a Istambul.

- Motivos de força maior me fizeram voltar. –Respirou parecendo impaciente. –Bom, agora que já me viu, pode se retirar.

- Berna...

- Olha aqui, Mustafá, eu estou tentando ser o mais civilizada possível com você, que nem merece, por favor, não esgote a minha paciência.

- Não se faça de superior. –Deu um sorriso cínico e cruzou os braços. –Acha que tem o direito de falar assim comigo depois de tudo que me fez? É bem conveniente.

- Eu nem devia estar tendo essa conversa com você, nossos laços foram cortador a partir daquele dia que você me enxotou da sua casa como se eu fosse um bicho qualquer. –Disse alterada. –Sem me dar nenhuma chance para me explicar.

- Como eu poderia confiar em uma pessoa que se aproximou de mim por vingança?

- Ótimo! Vamos começar a lavar roupa suja quatro anos depois? –Perguntou irônica. –Perdão, não tenho mais idade para isso.

Ela colocou sua bolsa no ombro e passou por ele indo em direção à porta, mas antes que pudesse abrir, sentiu a mão forte dele sobre seu braço, impedindo-a de continuar, mas sem machucá-la.

- Me solta! –Se desfez do contato. –Nunca mais coloque essas mãos em mim.

- Berna, eu ainda não terminei de falar com você. –Olhou bem fundo nos olhos dela.

- Mas eu sim! –Suspirou. –Não volte a me procurar, não tenho nada para falar com você, minha vida não lhe diz respeito, assim como a sua me importa zero.

- Soube que você não voltou para Istambul sozinha. –Mustafá se colocou em frente a porta impedindo Berna de sair. –É aquele mesmo homem com quem me enganou?

- Era só o que me faltava. –Gargalhou. –Dor de cotovelo na sua idade não combina, Mustafá Ayata, agora me deixe sair ou vou gritar.

- Grite o quanto quiser, não sairei.

- Ok, se te interessa tanto saber, eu voltei com meu pai porque ele está doente. –Abaixou o olhar se lembrando do grave estado em que ele se encontrava. –Pronto, se já inflamei seu ego, pode sair da minha frente.

AMOR POR CONTRATOOnde histórias criam vida. Descubra agora