Amor De Guerra

Epílogo

Emily Mitchell

Minhas mãos suam descontroladamente. Nunca estive tão nervosa em toda minha vida. Lembro-me bem da primeira vez que fui mandada para uma missão. Estava nervosa, minha mãe achava que eu iria morrer fuzilada, mesmo sendo uma missão de resgate. Era um pelotão pequeno, eu parecia uma criança no meio de uma loja de doces. Era a novata, nenhum dos soldados entendiam minha empolgação.

Quando chegamos no local do desastre, minha empolgação foi para o ralo. Havia crianças sem suas mães e mães sem seus filhos. Os homens tentavam confortar o que restava de suas famílias, e algumas, nem eles os tinham mais. Nunca presenciei tanta tristeza antes. Fiz meu melhor. Cuidei dos feridos e saí em busca de sobreviventes. A parte mais difícil era falar aos familiares que seus entes estavam mortos.

Bom, achava que nenhuma situação futura me deixaria tão nervosa quanto fiquei naqueles dias. Estava errada.

Estou tremendo, minha respiração está desregulada, assim como meus batimentos cardíacos. Olhando no espelho, tento não chorar. O vestido é lindo, cor champanhe, marca todas as mais curvas que adquiri na gravidez. Meu cabelo está solto e cai em ondas perfeitas em volta dos meus seios. O véu não cobre meu rosto, que não possuí quase nada de maquiagem. Jesus, vou me casar.

Olho pela janela e posso ver todos ali, meus amigos, minha família e os de Ethan, e vários outros soldados que conhecemos durante os anos. Estamos em uma base militar da marinha. É um campo gramado enorme, bem de frente para o mar. Há alguns navios ancorados, enormes e decorados com faixas azuis e brancas. Posso ver meu noivo daqui, está com sua farda azul, lindo.

Como estou orgulhosa dele. Nos casamos no papel há quatro anos atrás. Nunca o vi tão feliz, tão pai, tão filho, tão marido... não digo que está cem por cento, acredito que nunca ficará, mas com certeza já é bem mais que o suficiente. Depois que Anne completou um ano, Ethan começou a fazer tratamento psicológico com Harry, os dois vão juntos. Ah, meu menino, está tão grande e independente. Agora ele vai para escola sozinho, de acordo com ele, o metro é ótimo para socializar e conhecer a cidade, não o impedimos. Ethan o ensinou como "conquistar as garotas", alguns dias depois Harry chegou em casa falando que pediu uma coleguinha em namoro e ela aceitou, bom... quase morri, Ethan por outro lado, fez um churrasco em comemoração. Homens.

Anne está linda e falante, não desgruda do pai um minuto sequer. Seus olhos estão tão azuis quanto os de Ethan e a pele é clara, mas fora isso, é a minha xérox. E em relação a ela, Ethan é um babão, já pedi para que não a mimasse tanto, mas é em vão. Morre de ciúmes da filha, tenho até dó quando crescer e começar a querer namorar. Meu marido está pensando em coloca-la em uma escola de freiras, já falei que nem por cima do meu cadáver.

- Ah, meu Deus - Retirando os olhos da janela, vejo minha mãe entrar com água nos olhos e a mão tapando a boca. - Está tão... - Mordo a parte interna da bochecha tentando controlar a vontade de chorar.

- Eu sei - Sussurro.

Ethan e eu só casamos no papel há alguns anos para conseguirmos a guarda de Harry mais rapidamente, mas prometemos que nos casaríamos oficialmente para os amigos e parentes. Quando descobri a gravidez, prolongamos a cerimonia para até que nossa filha pudesse andar com as alianças até o altar, e finalmente chegou o momento.

Minha mãe anda até mim e segura meu rosto com uma das mãos, acariciando minha bochecha enquanto seus olhos passam por todo meu rosto.

- Nunca pensei que estaria pronta para ver minha bebê caminhar até um altar.

- Mãe - pouso minha mão sobre a dela - Eu já estou casada há anos.

- Não é a mesma coisa. - Ela suspira e segura minhas duas mãos - Vamos, está na hora. O Ethan já está entrando em colapso. - Quase rio.