Amor De Guerra

5

Emily

Quando pequena, estilingues e arminhas de pressão eram meus brinquedos preferidos. Eu colocava algum tipo de alvo e me distanciava para acertar. Sempre gostei da sensação que sentia ao parar, olhar o alvo, mirar e atirar.

Quando cresci, peguei carinho ao ser humano. Minha avó estava doente, assim que saía da escola ia direto para casa dela, cuidar dela era tão bom.

Foi quando surgiu a oportunidade de ingressar no exército que sempre foi meu fascínio, e cuidar de pessoas ao mesmo tempo. Então me tornei médica militar, especializada em cuidar de ferimentos graves como um tiro e ao mesmo tempo exercer meu trabalho como fuzileira.

- Juntem as mãos, uma em cima da outra e levem ao tórax do civil.

Ando dentre os soldados inspecionando o trabalho.

- Assim não Joshua - Agacho a sua frente e seguro em suas mãos. - Faça assim. - Junto suas mãos e as posiciono de maneira correta sobre o tórax do manequim.

Como sou a única médica aqui, me responsabilizei a ensinar o restante dos homens a realizarem os primeiros socorros. O exército israelense forneceu um dos seus médicos, mas seu inglês não era muito bom, então eu me ofereci. Usamos o refeitório como sala de aula. Chegamos essa madrugada, não dormimos. Tomamos café da manhã e começamos o treino físico. Depois do almoço foi o treinamento com armas, agora estamos na parte de primeiros socorros.

- Agora façam pressão com força para baixo e soltem, façam isso repetidas vezes - Continuei andando dentre os soldados, observando tudo.

Mordi o lábio inferior para não rir. Parei na frente de um deles que estava apertando o diafragma, não o coração.

- O coração fica um pouco mais para cima - Contive o sorriso. Ele olhou para mim envergonhado e acertou a posição de suas mãos. - Melhor assim.

Depois de um certo tempo, quando percebi que todos os homens já haviam aprendido a fazer uma massagem cardíaca, passei para outra etapa. Curativos.

- Como está indo com eles? - A voz de Ethan surge atrás de mim, não me viro para olha-lo. Continuo prestando atenção nos soldados se atrapalhando com as gazes.

- Tenho pena dos civis que serão cuidados por alguns daqui - Falo enquanto vejo Joshua limpar o sangue falso com uma fita micropore.

Ando até Joshua, que aparenta estar totalmente perdido. Ele não percebe que estou à sua frente e continua seu trabalho com a fita.

- Joshua - Ele toma um pequeno susto mas tenta disfarçar - A fita serve para fixar o curativo, não para limpar a ferida.

- Não dá, não fui feito para isso - Ele joga a fita sobre a mesa e me encara com tédio.

- Primeiro você pega algo para estancar o sangue em casos de hemorragia - Ethan para ao meu lado, com os braços cruzados, seus olhos encaram Joshua sem se desvencilhar enquanto explica. - Se o sangramento parar ou se simplesmente não estiver sangrando, pegue a água limpa e jogue no ferimento, depois o cubra com a gaze e por final, use a fita para fixar.

- E se for algum tiro? Ou uma ferida muito aberta? - Joshua pergunta. Nessa altura, todos os militares já estão ao nosso redor, prestando atenção.

- Em casos de tiro, use algum pedaço de pano e amarre sobre o buraco da bala, não deixe que o sangue escape, a bala deverá ser removida depois, em ambiente mais adequado, caso contrário, poderá ser pior. - Ethan explica com propriedade. Sei que ele já levou muitos tiros, mas, quantos?

- Em casos de feridas abertas, faça a mesma coisa - Começo - Certifique-se de que não está entrando poeira no machucado ou se o sangramento continua muito intenso.