Capítulo 6

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Peter Clark

Termino o nó da minha gravata e me olho no espelho, visto meu paletó e passo meu perfume da Calvin Klein.

_ E ai maninho.- Hanna entra no meu quarto e se joga na minha cama.

_ Oque você quer pirralha.- Digo arrumando meu cabelo.

_ Preciso de um favorzinho seu.- Jogou um caderno na cama.

_ Depende do que é.

_ Preciso que você leve o caderno da Lola.

_ E porque você mesma não leva?- Lhe encarei.

_ Porque eu estou com cólica.- Passou a mão na barriga fazendo cara de dor.

_ Eu estou atrasado, pede para o Sergio levar.- Fui até meu closet, calcei meus sapatos e voltei.

_ Ele foi levar o papai na empresa e a mãe foi ao shopping e provavelmente amanhã eu não vou a faculdade. Faz esse favor.- Cruzou as mãos e fez cara de piedade, revirei os olhos e bufei.

_ Okay, deixa ai que no caminho para empresa eu levo.- Ela comemorou.

_ Ótimo. Vou deixar o endereço anotado aqui pra você. Valeu.- Beijou minha bochecha e saiu correndo.

Neguei com a cabeça e continuei a me arrumar.
Logo depois saiu para o trabalho. Coloquei o endereço no GPS e segui rumo a casa dela.

Estacionei meu carro na porta, peguei seu caderno e desci, passei pelo gramado, caminhei até a entrada, a porta estava entre aberta, mas mesmo assim apertei a campainha, passou alguns segundos e nenhuma resposta.

_ Lorena.- A chamei._ Lorena.- Enfiei minha cabeça na brecha da porta e vi um cenário horrível, a casa estava destruída, entrei vagarosamente e a vi caída no chão com uma possa de sangue ao seu redor.

Corri até ela desesperado. Bati em seu rosto tentando acorda-la, chequei seu pulso, ainda havia batimento, mas estava bem fraco.

_ LORENA!- Gritei.

Vi seus olhos se abrirem bem devagar.

_ Oque aconteceu aqui?- Passei a mãos em meus cabelos e a encarei esperando uma resposta, mesmo sabendo que ela estava incapaz de responder. Ela havia levado um tiro._ Eu vou chamar os paramédicos.- Tentei me levantar, mas ela pegou em meu braço, me impedindo, seu toque era suave.

_ Não.- Sua voz saiu em um sussurro.

_ Como não Lorena, você levou um tiro, você pode morrer. – Me desesperei.

_ Por favor.- Molhou os lábios.- Me ajuda... mas, mas não chama ninguém.

Passei a mão pelo meu rosto e tentei entender oque havia acontecido, porque ela não queria que eu chamasse os médicos?

_ Se a gente não cuidar disso, você vai morrer, tá me ouvindo?-Ela concordou. _ Eu tenho um amigo, ele é médico, vai saber oque fazer. – Peguei meu celular no bolso.

_ Ele é de confiança?- Ela estava com medo.

Eu concordei já ligando para Leon.

_ Alo.

_ Cara, preciso da tua ajuda.- Falei olhando para Lorena que gemia de dor a minha frente.

_ Fala ai.

_ Vou te mandar minha localização pelo WhatsApp, venha para cá o mais rápido possível e trás tudo que é necessário para tirar uma bala alojada no abdômen.

_ Mano, oque ouve, seja quem for precisa ir pra um hospital.

_ Não cara, só vem pra cá, e rápido.- Falei desligando a ligação e mandando minha localização para ele, junto com o numero da casa.

_ Ele já vem, okay?- Falei para Lorena e ela apenas concordou. _ Precisamos estancar esse sangue, vai doer um pouco.

Olhei para sua blusa ensopada de sangue, terminei de rasga-la e o ferimento estava como eu imaginei, a bala realmente estava alojada. Coloquei sua blusa em cima do ferimento e apertei, ela gritou abafando o grito com a mão.

_ Vou te pegar e te colocar no sofá, okay?- Ela concordou.
A peguei cuidadosamente, ela se agarrou em minha blusa e apertou, com certeza aquilo estava doendo muito. A coloquei no sofá e sentei ao seu lado, ela pegou em minha mão apertando. _ No que você se meteu em?- Perguntei olhando em seus olhos castanhos, lindos como ela.

_ Me assaltaram e me feriram.- Falou vagarosamente.

_ Se fosse somente isso me deixaria leva-la ao hospital, mas depois a gente conversa sobre isso.

_ Que merda houve aqui? – Leon entrou na casa com uma maleta. _ Você deu um tiro nela Peter?- Andou até nós abrindo a maleta sobre a mesa de centro.

_ Claro que não, cheguei aqui e ela já estava assim. – Falei vendo ele prepara algum medicamento na agulha.

_ E porque não chamou a policia?- Limpou o braço dela com o algodão. _ Você vai dormir.- Falou para ela, que concordou.

_ Faz oque tem que fazer ai, que depois a gente fala sobre isso.- Falei me levantando e pegando meu celular para ligar para minha secretaria e avisar que não iria até a empresa hoje.

...

_ Seja oque for que essa garota se meteu, não se envolve, ela é gata admito, mas não vale apena.- Leon me advertiu depois de terminar o curativo em cima do ponto.

_ Do que você esta falando?

_ Cara te conheço a anos, você esta afim dela.- Guardou algumas coisas na maleta.

_ Não pira Leon, não estou afim de ninguém não.

_ Então porque esta ajudando ela?- Me questionou.

_ Porque ela é amiga da Hanna, somente por isso.- Ele gargalhou.

_ Você ta ferrado irmão.- Bateu no meu ombro. _ Vou prescrever alguns antibióticos, ela precisa trocar o curativo todos os dias e ela tem que ficar de repouso. Ela acorda em uma hora. Sorte a dela que a bala não atingiu nenhum órgão. Qualquer coisa me liga.- Pegou sua maleta. _ E não esquece, não se envolve.

Passou por mim e saiu da casa.

Olhei pra ela desacordada no sofá e me perguntei no que uma menina aparentemente frágil, pode ter se envolvido para terminar assim.

A casa estava toda quebrada, sangue pra todo lado, mas aquele sangue todo não poderia ser dela, mais alguém foi ferido aqui e ela me falaria quem foi.

Meu Ponto de EquilíbrioOnde histórias criam vida. Descubra agora