Lorena Bitencourt
Meus olhos estavam pesados, meu corpo parecia dormente. A luz que entrava pela janela me incomodava.
Abri meus olhos com dificuldade, olhei ao me redor, e estava em meu quarto, havia um curativo em meu abdômen, mas eu não sentia dor.
_ Finalmente acordou bela adormecida.- Uma voz rouca soou dentro de meu quarto, Peter entrava carregando uma bandeja. Sua camisa social branca estava com as mangas encolhidas e os últimos botões estava abertos.
_ Ocorreu tudo bem?- Minha voz saiu estranha, minha língua estava pesada.
_ Sim, mas sera uma recuperação um pouco demorada.- Colocou a bandeja em cima da cama. _ Precisa ligar para alguém vir cuidar de você.
_ Ninguém mais pode ficar sabendo o que aconteceu aqui.- Falei e ele balançou a cabeça negando.
_ Come, que precisamos ter uma conversa.- Sua voz saiu rude. Não questionei, apenas peguei a xícara de café levando a boca.
Depois de um tempo em um silencio constrangedor e seus lindos olhos azuis em cima de mim, terminei de me alimentar. Ele tirou a bandeja, colocando em cima da minha escrivaninha e voltou a sentar na beirada da minha cama.
_ Comece.- Ordenou.
_ Bom.- Limpei minha garganta._ É uma historia complicada sobre a minha vida, para eu contar para um cara que eu conheço a pouco tempo. Mas eu sei que eu te devo uma explicação, você me ajudou e eu agradeço de coração, pois se você não tivesse chegado eu estaria morta uma hora dessas.
Ele apenas mexeu um pouco a cabeça em resposta.
_ Eu fugi do Brasil, mas não fugi por ter cometido um crime.- Terminei de falar antes que ele tirasse qualquer conclusão._ Eu tive um relacionamento complicado lá, com uma pessoa complicada. Quando eu vim morar aqui...- Dei um meio sorriso, lembrando que no começo eu pensava que as coisas seriam diferentes. _ Bom, esse cara que eu tive um relacionamento, ele mexia com algumas coisas ilegais, e eu tive que vir morar aqui para evitar que algo pior acontecesse, mas não foi o caso, pelo oque você pode perceber.
_ Você deu algumas voltas, mas eu entendi, mas isso não é o suficiente.
_ Olha Peter, acho que não é um bom dia para eu te falar sobre o drama que a minha vida é, sério, eu vou te contar tudo, mas na hora certa.
Ele me encarou, olhou no fundo dos meus olhos, como se pudesse ler todos os meus pensamentos, e só depois concordou.
_ Você deve pensar que eu sou louca né.
_ Não, eu acho que você é uma garota frágil, triste e que precisa de ajuda.- Levou as mãos vagarosamente em meu rosto e colocou uma mexa do meu cabelo atrás da orelha, fechei meus olhos sentindo seu toque.
_ Porque esta fazendo isso por mim?- Perguntei ainda de olhos fechados, ele acariciou meu rosto.
_ Eu também não sei.- Sua voz saiu em um sussurro.
Abri meus olhos e dei um meio sorriso, ele retribuiu.
Nosso contato visual foi quebrado com o toque do seu celular, ele pediu licença e saiu do quarto.
_ Vou ter que ligar para Hanna e pedir pra ela vir ficar com você. -Ele falou entrando no quarto. _ Tenho que ir na empresa assinar alguns papeis.
_ Não precisa chamar ela, ta tudo bem, provavelmente vou voltar a dormir, só me ajuda a ir no banheiro tomar um banho.
Ele me encarou de um jeito engraçado.
_ Você não vai me dar banho.- Falei rindo._ Vai só me ajudar a chegar no banheiro.
_ Eu nem tinha pensado nisso.- Firmou a voz. Caminhou até mim e me ajudou a levantar._ Consegue andar?- Inalei seu perfume.
_ Consigo.- Falei depois de um tempo sentindo seu aroma._ Não sozinha, mas consigo.
_ Okay. Vamos.- Passei meus braços sobre seus ombros e ele agarrou minha cintura me causando um sensação estranha.
Chegamos no banheiro do quarto e eu apoiei na pia para ficar em pé sozinha.
_ Pode sair agora.- Falei
_ Tem certeza?- Ergueu as sobrancelhas.
_ Tenho Peter, você não vai me dar banho seu safado.- Lhe sei um leve tapa no seu braço fazendo ele rir.
_ Qualquer coisa grita.- Saiu fechando a porta.
Encarei minha imagem no espelho e dei um pequeno sorriso.
Havia um corte em minha sobrancelha esquerda e um pequeno corte na boca. Passei as mãos pelos meus cabelos e me lembrei de todo meu dia, de Gabriel morto ao meu lado e de suas ultimas palavras. Eu não o amava fazia muito tempo, mas é inevitável não sentir algo dentro de mim pela morte dele, apesar de tudo que passei por causa dele, eu não queria velo morto. Limpei algumas lagrimas que desciam sobre meu rosto.As vezes era isso que precisava acontecer para eu viver novamente, recomeçar sem fugir, sem sentir medo.
Tirei minha roupa com dificuldade e tirei o curativo do meu ferimento, tinha alguns pontos ali, mas não eram muitos.
Caminhei até a ducha vagarosamente me apoiando na parede e tomei um banho demorado, tirando todo sangue seco grudado em minha pele, lavei meus cabelos e finalmente me senti limpa.
Me enrolei em um roupão e enrolei uma toalha em meus cabelos, sai do banheiro e dei de cara com Peter jogado em minha cama mexendo em seu celular._ Se quiser ir, pode ir que eu me viro aqui.- Chamei sua atenção caminhando até meu guarda roupa e procurei um vestido bem leve.
_ Realmente eu preciso ir mesmo, mas amanhã eu passo aqui. Tem macarronada em cima da sua penteadeira, e os remédios que você tem que tomar também.- Falou se levantando.
_ Peter.- Caminhei com dificuldade até ele. Parei em sua frente._ Muito obrigada._ Peguei em suas mãos e olhei nos seus olhos. _ De verdade, serei eternamente grata a você.- Dei um meio sorriso e ele me retribuiu. Depositou um beijo em minha testa e me deu um rápido abraço.
_ Amanhã eu passo aqui.- Dito isso ele virou de costa e saiu do quarto, deixando somente o incrível aroma de seu perfume.
Então eu sorri abertamente.
Depois que ele saiu, vesti apenas uma calcinha bem confortável e um vestido de alcinha azul.
Fiz um curativo em meus ferimentos, comi o delicioso macarrão que Peter havia feito e tomei meus remédios, seguindo as especificações da receita.Quando era dez e meia eu já estava dormindo.
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Meu Ponto de Equilíbrio
RomanceEu lutei contra você, contra o seu sorriso, seu carinho, seu amor, mas você me conquistou de tal forma que eu não consigo explicar e eu me odeio por ser tão fraca a ponto de me entregar por inteira, sem estabelecer limites entre nós e por isso que h...