Carta aberta para meu pai

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pai me perdoa mas
eu não vou por esse caminho
de segurança
casamento e de filho

tua contundência me perde
e para não sentir mais o teu veneno
eu já resolvi me envenenar

overdose de poesia

é que eu estou para poesia assim como o Maradona para cocaína
tipo o Emicida
com o sorriso dessas minas

é que você não me ensinou amor
por isso vou buscar o amor nos outros
e de pedacinho em pedacinho
vou me recompondo de novo

minha poesia não é band-aid
é espinho
não é enfeite
é caminho

pai
é que eu não sei
só falar de amor

eu não quero acabar com o 1% dos privilegiados
assim como um ateu fervoroso quer acabar com Deus
eu só quero viver que nem Mandela
quero com amor ensinar a amar quem não me ama

pai
é que eu quero me tornar Homero
e estar vivo mesmo depois de morto
mesmo sem existir.

A melancolia do ócioOnde histórias criam vida. Descubra agora