A melancolia do ócio

Os jovens da minha geração

Estou cercado por jovens da minha geração que seguem as mesmas rotinas, pensamentos e falas. Frequentam os mesmos ambientes, trabalham para terem dinheiro no final do mês com a intenção de torrá-lo todo em festas e bebidas. Fazem de tudo para serem celebridades na pequena e pacata cidade na qual eu vivo. Curtidas e seguidores no Instagram virou torneio de popularidade, quanto mais você tiver, mais famoso fica. Observo as conversas e gestos ao meu redor como todo bom ouvinte e amante de psicologia. Garotas comentam sobre quais roupas de grifes irão comprar e usar na festa, o quanto um rapaz é de boa aparência e fazem grupos excluindo as outras que não compartilham os mesmos pensamentos. Já os garotos, comentam sobre o quanto são galanteadores e másculos, se gabam sobre seus flertes bem-sucedidos e mentem sobre os malsucedidos, competem entre si a menina mais bonita do local, como se ela fosse algum prêmio e quem conquistar primeiro é o vencedor.

Não sou juiz para os julgar e muito menos advogado para defendê-los, só não acho mais graça em nada disso, penso quão essas coisas são fúteis para mim. Sei que muitos se comportam assim por causa das poucas experiências de vida, é compreensível a imaturidade. não sairei falando que nunca fui assim, já fui, só que amadureci bastante. Às vezes penso que sou louco por não gostar mais desses prazeres momentâneos da juventude, só que paro e lembro o quanto a vida me deu porrada para me contentar com essas coisas. Prefiro ficar em casa e estimular a minha mente contra o inverno do futuro ou sentar em um boteco qualquer tomando uma cerveja gelada e fumando um cigarro, com um ou dois amigos conversando sobre a desigualdade social.