Envolvidos- Primeira Temporada [ CONCLUÍDA ]

14 Vontade De Matar

- Amber? Que jaqueta é essa?? - Minha mãe perguntou, me olhando com um misto de surpresa e aborrecimento no olhar.

Minha avó também me olhava, franzindo a testa. Não consegui dizer nada. Estava assustada ainda com o que Diego havia falado.

- Amber?? Quer abrir a boca para responder?!?

Eu olhei para ela e saí da sala rapidamente. Não ia ficar ali sendo ainda mais constrangida na frente de todos.

Fui para a pequena área que havia depois da cozinha e minha mãe logo me alcançou.

- Amber, você me deve uma explicação.

Respirei fundo, tentando acalmar a mim mesma.

- Mãe...

Ela se encostou numa máquina de lavar e cruzou os braços.

- Vamos, desembucha. De quem é essa jaqueta? Porque eu não te dei ela, nunca vi você com ela... - O tom dela era de acusação.

Procurei falar pausadamente para não me perder e dizer algo que fosse me comprometer.

- Essa jaqueta... é de um amigo.

- Um amigo? Que eu saiba, seus amigos, o Jefferson e o Jhony, não usam maconha.

Se ela soubesse!

- Não, não usam. Mas é outro amigo.

- Você tem um amigo que usa maconha, Amber???

" Sim, mãe. O Jeff. "

- Não, mãe! Não que eu saiba. Mas qual é o problema se eu tiver?? -perguntei, um pouco indignada.

Afinal... que preconceito é esse??

- Vou fingir que não ouvi essa sua pergunta. Isso literalmente não está me cheirando nada bem. Seja lá quem for o dono dessa jaqueta, você vai devolvê-la para ele, entendeu? Você vai devolver!

Engraçado, era exatamente isso que eu pretendia fazer.

- Sim, mãe - falei, abaixando a cabeça e involuntariamente me encolhi, colocando as mãos nos bolsos da jaqueta.

Minha mãe observou isso e me lançou um olhar reprovador.

- Estamos conversadas. Espero não te ver vestida com isso de novo - ela disse e saiu, me deixando ali.

Claro que eu não iria voltar para a sala depois daquilo. Dei a volta pelo quintal, no intuito de não topar com ninguém, e voltei para o quarto, fechando a porta e me atirando na cama.

Ainda não acreditava na audácia daquele garoto insuportável em dizer tudo aquilo em voz alta. Como alguém podia ser tão inconveniente?

Me virei na cama, aproximando meu nariz da jaqueta. Eu não conhecia cheiro de maconha. Tudo o que eu conseguia sentir naquela jaqueta era o cheiro do couro misturado à essência de algum perfume masculino muito, muito bom...

Mas o Diego provavelmente conhecia muito bem, a ponto de saber discernir e identificar perfeitamente o cheiro da droga.

Era o segundo pior constrangimento que eu estava vivendo na minha vida. Suspirei, aconchegando minha cabeça no travesseiro, pensando.

Seria possível que Steve realmente usasse maconha? Agora, parecia mais que óbvio para mim. Primeiro, por causa da cena no dia do show, quando o vi entregar algo para aqueles adolescentes. E agora, por causa do que Diego havia dito.

Senti minhas pálpebras pesarem. O sono estava começando a dar as caras. Estava grata por ninguém ter vindo me procurar para perguntar ou falar nada, especialmente a minha avó.