03 Questionamentos

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O dia seguinte já era segunda feira, para o meu total desânimo.

Acordei com aquela costumeira vontade de voltar a dormir, uma vez que havia tido uma péssima noite de sono. Me sentia cansada. E não era para menos. Minha festa de aniversário exigira muito de mim. Ficar cerca de sete horas andando de um lado para o outro, com um salto de 13 centímetros, me deixou com os pés moídos.

" Nossa, Amber, então você jamais serviria para ser modelo, pois elas vivem quase que o tempo todo de salto alto ", era o que diria Nina.

Amém! Eu não queria mesmo ser modelo. Longe de mim. Estava muito bem com a minha decisão de ser médica, obrigada.

Mas, voltando ao assunto, eu estava mesmo arrasada. Pelo menos fisicamente, e talvez... mentalmente. Afinal, aquele desfecho horrível da minha festa não me saía da cabeça.

Meu Deus, só podia ser comigo mesmo, acontecer uma coisa dessas! Ter a casa invadida por assaltantes na própria festa de aniversário.

Eu ainda estava sem entender, francamente.

Olhei ao redor, sonolenta, os vários pacotes de presentes que havia ganhado, sem muita vontade ainda de abri-los.

Vários questionamentos passavam pela minha cabeça.

E enquanto eu me levantava ( preguiçosamente ), tomava banho e me arrumava para o colégio, esses questionamentos continuaram me rondando.

* Como aqueles caras entraram na minha casa?

Ok, pelo portão, que estava escancarado para que o pessoal entrasse. Ninguém ia adivinhar que seríamos assaltados. E também não tínhamos seguranças, nem nada do tipo.

* Será que eles escolheram aleatoriamente minha casa para assaltar ou tudo foi planejado?

* Por que só dois deles usavam máscara?

* Por que roubaram os celulares de todo mundo, menos o meu?

Como visto, para a maioria dessas questões, eu não tinha resposta.

Saí do quarto com a mochila nas costas, e pude ouvir perfeitamente os roncos da minha prima. Eu não ia nem tentar acordá-la. Seria perda de tempo. Aquela ali a gente veria de pé só à tarde.

Desci as escadas, ainda prendendo o cabelo num rabo de cavalo e bocejando.

Olhei ao redor, reparando, e até que a casa não estava numa bagunça total, como eu achei que estaria.

De qualquer forma, Cida, a doméstica, viria mais tarde e arrumaria o que fosse preciso.

Minha mãe, assim como eu, já estava de pé na cozinha, mexendo uma xícara contendo algum líquido fumegante.

Coloquei a mochila sobre uma cadeira.

- Bom dia, mãe - falei, abrindo a geladeira, em busca de suco.

- Bom dia, filha - ela disse, me olhando rapidamente, parecendo meio aérea.

Peguei alguns biscoitos em um pote e comecei a comer.

- Tá tudo ok? - perguntei.

- Tá... só estou pensando aqui.

- Em quê? - falei, enfiando mais um biscoito na boca.

- Não posso esperar pela investigação da polícia e pelo possível resgate dos telefones, vou ter que comprar outro pra mim.

Nossa, realmente. Minha mãe era decoradora de interiores ( e era ótima profissional, posso dizer ) e uma muito requisitada na cidade. O telefone dela tocava constantemente, devido aos vários clientes que tinha. E convenhamos... em pleno século 21, a maioria dos trabalhos exigem que você tenha um telefone.

Envolvidos- Primeira Temporada [ CONCLUÍDA ]Onde histórias criam vida. Descubra agora