Eu ouvia vozes. Vozes familiares, mas que eu não conseguia definir ainda de quem eram.
Procurei abrir os olhos e, por um momento, tudo o que enxerguei foi uma névoa que, à medida que eu ia piscando, foi se desvanecendo.
- Ela está acordando. - Ouvi alguém dizer.
Me dei conta da dor de cabeça que sentia e, ao tentar me erguer, fiquei tonta.
- Filha??
A silhueta e logo depois a figura completa da minha mãe se fez visível diante de mim e eu procurei me situar.
- Onde eu estou? - falei, e acredito que minha voz saiu débil e rouca.
- Está no hospital.
Hospital?
Oh, céus! De repente me lembrei de tudo, e acho que isso fez minha cabeça doer ainda mais. Ou voltar a doer.
Minha mãe se sentou cuidadosamente ao meu lado na cama (provavelmente a cama de algum dos quartos de recuperação de um hospital qualquer em São Paulo) e me olhou. Seu olhar me revelou que ela estava assustada, preocupada e brava ao mesmo tempo.
Compreensível.
- Amber... - disse, com a voz consternada. - O que aconteceu?
Não respondi, pois alguma coisa me dizia que ela já sabia o que havia acontecido.
Me lembrei de algo.
- Steve... cadê o Steve?
- Estou aqui - ele apareceu, saindo de algum canto do quarto.
Eu o olhei, me lembrando ainda mais de tudo, absolutamente tudo o que havia acontecido naquela tarde e sorri, fracamente.
Steve me sorriu de volta, mas parecia extremamente preocupado.
- Filha... - repetiu minha mãe, balançando a cabeça.
Levei a mão à minha têmpora do lado direito e senti algo ali. Parecia que era um curativo, uma bandagem, algo do tipo.
- Você levou uma pedrada na cabeça.
- Eu sei, mãe.
Ela suspirou.
Eu podia imaginar que ela estava louca para me dar uma bronca daquelas.
A porta do quarto hospitalar se abriu e uma enfermeira baixinha e morena entrou por ela.
- Ah, ela já está consciente - falou, me avaliando apenas com o olhar. - Sente alguma coisa?
- Minha cabeça dói muito - murmurei, tocando o curativo na minha têmpora.
- Perfeitamente normal, considerando as circunstâncias - ela disse, soando meio irônica.
- Em todo o caso, vou lhe dar um analgésico. Depois você já pode ir pra casa, foi o que o doutor disse. Seu machucado já foi lavado e saturado, não se preocupe.
- E quanto aos pontos? - minha mãe quis saber.
- Eu levei pontos??
- Sim, três - disse a enfermeira.
Eu olhei para Steve e ele abaixou a cabeça, colocando as mãos nos bolsos.
- Você pode voltar daqui uns quatro dias para retirar os pontos. Não houve nada de grave. Mas seria muito bom manter um certo repouso.
Ela me deu o analgésico e eu desejei que o efeito viesse logo.
Minha mãe se distanciou um pouco para conversar com a enfermeira (provavelmente para fazer mais perguntas) e Steve se aproximou da cama.
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Envolvidos- Primeira Temporada [ CONCLUÍDA ]
RomanceAmber é uma garota de dezessete anos que vê sua vida virar de cabeça para baixo, quando em sua festa de aniversário se vê junto com sua família e convidados, vítima de um assalto. Após esse trágico episódio, ainda sem saber quem são os bandidos que...