21 Uma Promessa

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- Oi, Amber - ele disse.

Guardei o livro na bancada desajeitadamente, sem parar de olhá-lo.

Era a primeira vez que o via durante o dia, e sob a luz do sol seus olhos verdes pareciam ainda mais impressionantes.

- Oi... você por aqui? - falei, sem esconder a surpresa.

- Estava passando - disse, dando de ombros.

- Eu gostei da frase. Vamos, vó?

Tinha me esquecido completamente por um minuto da menina e sua avó.

- Vamos, sim. Mas que bom que pelo menos você gostou. Obrigada, meninas. - A velha senhora disse, puxando a neta pela mão.

- Nós que agradecemos. - Foi Karina quem disse, porque eu só consegui acenar com a cabeça.

Ainda estava atarantada com a aparição de Steve.

- Aqui está a água que as madames pediram - Jeff chegou, com dois copos de água mineral nas mãos.

Ele parou, quando viu Steve. Seu rosto imediatamente ficou um pouco pálido e ele desviou o olhar. O que significava aquilo?

Mesmo assim, resolvi apresentá-los.

- Jeff, este é o Steve. E, Steve, este é meu amigo, Jeff.

- Ah, e aí - Jeff disse, abaixando a cabeça.

Steve retribuiu o cumprimento com um gesto.

Ele parecia tranquilo demais, até levemente divertido, enquanto Jeff ainda parecia desconcertado.

Steve começou a olhar em volta, para as outras barracas, e eu me virei para Karina, dizendo:

- Pode tomar conta da barraca com o Jeff por um minuto? Eu não demoro.

- Claro, Amber.

Passei por eles, pegando a minha água que estava nas mãos de Jeff e o fitei brevemente. Ele tornou a desviar o olhar e eu saí.

***

Eu e Steve seguíamos na direção oposta à das barracas, de modo que não havia muito movimento ao nosso redor enquanto caminhávamos.

- E aquela história de " é melhor não nos vermos mais " ? - falei divertida, encarando Steve.

- Eu não resisti quando vi o movimento da Feira Literária. Não sabia que ia ver você - ele respondeu.

- Está decepcionado por ter me visto?

- Não, claro que não. Por que estaria?

- Sei lá. Aquele dia você me pareceu tão convicto ao dizer que era melhor não nos vermos outra vez.

- Esquece isso.

Bebi um pequeno gole da água do copo de plástico.

- Está bem. Quer dizer então que você não resistiu ao ver a Feira Literária? Você gosta de ler?

- Muito - ele respondeu.

Aquilo era, de certa forma, novidade para mim.

Não que eu fosse preconceituosa, mas na minha cabeça, pessoas que usavam ou vendiam drogas, automaticamente eram pessoas não cultas, pouco dadas aos estudos ou à leitura.

Mas, ao que parecia, Steve não se encaixava nisso. Ele era um mistério para mim.

- É bom saber disso. Você até terminou a frase do Machado de Assis por mim - falei sorrindo.

Envolvidos- Primeira Temporada [ CONCLUÍDA ]Onde histórias criam vida. Descubra agora