30 Por Favor, Sorria!

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" Ô menina, veja bem...
Ouça uma boa música
Leia um bom livro
E bola pra frente.
Pode parecer clichê, mas funciona.
Vá por mim. "

( Caio Fernando Abreu )

   Olhei a foto que Jeff havia tirado de mim no dia do meu aniversário, e que ele me dera, e a coloquei dentro do livro que levaria comigo para ler no avião.

Era uma das pouquíssimas coisas que eu iria levar que lembravam tudo o que eu tinha vivido aquele ano.

Minha mala grande de roupas já estava arrumada e fechada, e agora eu terminava de organizar uma malinha média com objetos de higiene pessoal e outras miudezas.

Estava sozinha no quarto e ouvia música no fone de ouvido.

Nina estava trancada em seu quarto, se recusando a me ajudar e a falar comigo, acho que num surto de saudade antecipada, só pode. Ou estava, provavelmente, remoendo as mágoas por eu não ter lhe contado antes sobre a viagem.

Minha mãe fazia o almoço na companhia de Cida, a doméstica.

Eu estava olhando pela milésima vez os papéis com a assinatura da minha mãe, que me autorizavam a viajar sozinha, quando a campainha tocou. Eu ouvi ela tocando porque foi justamente entre o término de uma música e o começo de outra.

Um minuto depois, a voz da minha mãe:

- Ambeeer!!! Desce! É pra você!

Deixei as coisas como estavam, em cima da cama, e desci.

***

- Eu vim ver como andam os preparativos para a viagem.

Era Jhony. Depois de nos cumprimentarmos, eu o levei para a varanda, para que pudéssemos conversar.

- Normal. Já está quase tudo pronto.

- Passaporte?

- Sim.

- Autorização de um adulto?

- Unhum.

- Deixa eu ver o quê mais... - Ele pôs a mão no queixo.

Eu acabei rindo.

- Quê isso, Jhony. Tá parecendo os meus pais!

Ele riu também.

- Eu me preocupo com você.

- Obrigada, mas está tudo certo.

- Tudo certo pra você né, Amber? Mas pra mim, pra nós... que vamos ficar aqui, nem tanto.

- Por quê?

- Porque é maravilhoso conviver com você. Vai ser ruim nos separarmos.

Eu o olhei.

- Você fala como se eu nunca fosse voltar.

- Você vai voltar?

Nem eu tinha certeza de nada. Então dei de ombros, dizendo:

- Eu não sei, Jhony...

Ele ficou calado, um pouco.

A brisa que chegava através dos lados abertos da varanda proporcionava um ar tranquilo para nós e eu aproveitei para fechar os olhos.

- Sabe, eu queria saber se você...

Ele parou de falar e eu abri os olhos.

- Se eu o quê? - Perguntei.

Envolvidos- Primeira Temporada [ CONCLUÍDA ]Onde histórias criam vida. Descubra agora