Tempo no passado de um alguém do futuro

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— Vagalume? — Café se surpreendeu ao ver Timeslip usando seu exoesqueleto. Estava sozinho naquele fim de tarde, na praia da ponta do mangue, em Cacha Pregos.

— Oi Coffebud. Você está quase em forma.

— Veio aqui me gozar?

— Claro, né Barry?

— Barry?

— Barry-gudo! Cê tem que cuidar para essa pança não crescer ainda mais, carinha.

— Para! Como você me achou aqui nesse fim de mundo?

— Você me disse onde procurar.

— Tá maluco? Eu não te disse nada. Não disse nada para ninguém. — Café estava de sunga vermelha, com os pés envolvidos na energia escura todo sujo de pequenos grãos de areia brancos.

— Disse sim, mas foi o seu eu do futuro, Coffeebud.

— É? E o que ele tem para me dizer?

— Acho que é algo importante. Eu não sei. — e entregou um envelope grosso para Café.

Café pegou o envelope e fez menção de abrir. Timeslip segurou sua mão. — Melhor não abrir agora. Você me fez prometer que faria uma coisa por aqui, antes que você lesse o que está aí.

— O que?

— Disse para eu tomar um banho de mar, mas não vou conseguir sozinho. Você vai ter que me ajudar. — Então Timeslip sentou-se e apertou um botão que fez o exoesqueleto se desacoplar de seu corpo.

— Vamos, me ajuda aqui, pois eu não consigo ficar no passado por muito tempo.

O Homem-Café pegou o amigo, tetraplégico, no colo e levou-o para banhar-se naquele mar tranquilo, quase parado como uma lagoa dentro da enorme enseada.

— O futuro tá todo ferrado, né amigo?

— Acertou.

— Deve ter sido uma coisa série, né?

— Você nem imagina.

— Olha só que legal — Café indicou um cardume enorme de peixinhos minúsculos. Parecia uma nuvem escura se deslocando nas águas transparentes.

— Põe legal nisso. Nunca vi um mar quente como esse, Coffeebud.

— É só a melhor praia do mundo.

— É... Suponho que sim. — Timeslip se desmanchou, retornando a seu próprio tempo.

Homem-Café: Nação em ChamasOnde histórias criam vida. Descubra agora