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13:30

Angeline

Minhas mãos soavam a horas, na verdade desde que cheguei na empresa.

Tentei me distrair, mandando mensagens ou jogando jogos que baixei justamente para diminuir minha ansiedade, mas nada funcionava. A idéia de finalmente conseguir falar com ele de tudo, contar sobre tudo como desde que cheguei aqui me faz querer roer todas as unhas.

Quando o relógio passou batendo uma e quarenta eu desci pelo elevador, saindo e indo direto para fora, sem cumprimentar ninguém e tentando manter minha respiração normalizada. Cinco minutos, era o tempo que eu chegava andando normalmente, mas como tudo que eu fazia era correr, cheguei em apenas três.

Abri a porta e passei o olhar por todos ali, ele não estava e o medo se espalhou. Se ele não viesse? Se não tivesse esperança?

Mas se não tivermos esperança, do que vale tudo isso?

Me sentei em uma mesa não tão distante e onde dava bastante vista para a porta de vidro, passaram mais dez lentos minutos, com meus dedos batendo sobre a mesa e finalmente pude ver ele passando na janela

Por Deus, sua beleza poderia ser considerada pecado. Pude observar seu maxilar travado com câmera lenta, enquanto ele esfregava uma mão na outra e segurava gentilmente a porta para uma senhora com aquele sorriso no rosto, rezei para que não sumisse quando ele me ver.

E não sumiu, uma respiração pesada tomou conta dos meus pulmões e devolvi com a mesma intensidade, seu passos eram lentos ou apenas minha cabeça tinha ficado parada em um dos momentos mais prazerosos que já presenciei

Ele se sentou na minha frente e as palavras prenderam em minha garganta, mas não é hora de travar agora Angel! Olha onde você tá!

- Oi - Não foi grande coisa, mas foi algo.

- Oi... - Que voz gostosa, como eu sentia falta dessa voz - Eu não sei nem como começar isso

- Nem eu, passei a noite pensando no que te falar e agora suspirar e olhar pra você é uma boa sugestão - Disse sem pensar, era isso que acontecia, eu não conseguia pensar perto dele, falava a primeira coisa que aparecia

- Não precisa ser assim Angel, vamos conversar como se fossemos amigos, e uma hora ou outra vamos acabar tocando no assunto. Vai, eu começo! - Disse entusiasmado, parecia uma criança, eu apenas confirmei com a cabeça e me indireitei no banco - Eu te faço uma pergunta, e depois você me faz outra. Tudo bem... Ah! Como foi o terceiro ano?

- Foi bom... Foi normal - Me esforcei pra lembrar alguma coisa de interessante - Não teve nada de diferente, eu acho

- Você não pegou a intensidade da brincadeira Angel! Me conta algo que aconteceu de interessante algo que nos ligue a anos atrás - Eu tinha tanta coisa pra contar que precisaria ficar pra sempre

- Tá, mas olha, o que eu vou te contar você não pode contar pra ninguém

- Já quebrei sua confiança alguma vez?

- Não. Nunca. - Pude sentir a intensidade de seu olhar em mim mudar

Peguei minha mochila do meu lado e peguei minha carteira, tirando de lá uma foto e entreguei a ele

- Quem são? - Me olhou e depois olhou para a foto novamente, abrindo mais um lindo sorriso - É sua mãe?

- Sim! - Disse totalmente feliz por finalmente encontrar alguém que me entenda - Gilinsky eu encontrei tanta gente diferente! Eu descobri tanta coisa dela, de como ela era, da suas roupas favoritas, dos seus gostos e de como ela vivia

- Vocês são iguais - Trocou o olhar entre mim e a foto algumas vezes

- Não só na aparência - Apontei - Tia Joy disse que mamãe era extramamente certinha e tinha dificuldade em química, mas dai conheceu meu pai e virou uma garota completamente diferente - Sorri ao lembrar e meus olhos marejaram - Ela fez artes, e se mudou pra Los Angeles, viveu lá porque tinha achado seu rumo

Olhei para Gilinsky sentindo que o momento tinha chegado, e ele entendeu o recado, afirmando com a cabeça

- Eu achei que por ordem do destino, eu iria encontrar o meu também. Mudei para Nova York e tudo virou de cabeça pra baixo, conheci gente nova e fiz coisas que eu era totalmente contra - Fixei meus olhos nos seus - Eu não sabia se voltaria para cá, não sabia o que eu iria escolher, eu poderia me sentir feliz ficando lá mas me mataria se soubesse que te deixei me esperando aqui

- Então terminou comigo porque não voltaria para Los Angeles? Sabe que isso não tem o menor sentido? Teríamos passado por cima, eu iria para Nova York

- Não! Era exatamente isso que eu não queria! - Passei a mão no cabelo - Não queria que mudasse sua vida por mim, tirasse seus planos de faculdade, de uma vida porque eu fui egoísta de só pensar na minha felicidade

Um silêncio se estendeu, ele não olhou pra mim, o que me deixou mais abalada ainda

- Porque voltou? - Suspirei

- Eu... não sei. Precisava voltar, meu professor disse que eu conseguiria uma transferência e eu escolhi.

- Você... - Me olhou antes de continuar - Voltou com esperança em nós?

Abri um sorriso em meio suspiro

- E como não? Você foi a única pessoa que fui capaz de amar.

Fell It - 2 - JGOnde histórias criam vida. Descubra agora