Capítulo 9-

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Rupert e eu estávamos ainda sentados no banco do metrô. Olhávamos freneticamente de um lado para o outro tentando detectar
qualquer tipo de movimentação suspeita. Relaxei no assento quando percebi que só tinham pessoas comuns nos olhando apavoradas, nada com o que eu não pudesse lidar depois de tudo que já tinha acontecido. Tentei de me desvencilhar daquela sensação terrível de perseguição. Fixei meu olhar no chão repassando na minha mente cada passo que poderíamos ter dado em falso e nas consequências que lhe caberiam, estremeci pensando no que aconteceria se algum dia, viessem a imaginar ou descobrir as minhas intenções e as de Rupert. Me apavorei imaginando que meu fiel amigo e ex namorado poderia acabar sendo punido por algo que fora minha ideia. Não importava se ele havia se escalado para essa missão impossível por pura vontade, eu sempre me culparia.

Deitei minha cabeça no ombro de Ruppie que ficou surpreso com a minha ação por um segundo mas logo se acostumou. Ficamos naquela posição intactos, consequência da tamanha canseira que havia sido correr de todos os guardas que nos perseguiam há alguns minutos. Sentia o peito de Rupert subindo e abaixando rápido ainda com sua respiração pesada e cansada.

-Nós temos que encontrar um lugar seguro para abrir esse pen drive. -sussurrei em seu ouvido.

-Tem alguma ideia de para onde podemos ir? -Ele perguntou no mesmo tom baixo de voz que a minha.

Me silenciei pensando onde é que seria seguro o suficiente para que nenhum computador da MegarWorld Halfsbroads pudesse nos detectar. Bufei sem resposta. Voltei a analisar o vagão do metrô com tamanha precisão a procura de alguma dica ou solução. Passei os olhos por um senhor que aparentavam uns 70 anos, ele usava uma espécie de boina xadrez nos tons de marrom e bege, e um paletó cor pastel, ele estava lendo o jornal The New York Times. Me movimentei para tentar ler a notícia que vinha na parte de trás da página que lia. " As maiores peças da Brodway serão reencenadas no ano que vem". Lembrei de Tiffany imediatamente, seu sonho sempre foi fazer parte da Brodway, mas esse sonho havia adormecido depois de uma audição nada bem sucedida (mesmo com seus pais tendo fornecido generosamente grande parte dos fundos para a nova produção que se iniciava. Daí pode-se imaginar que quando digo que sua audição fora terrível, eu estaria até sendo muito simpática.).

-Podemos ir para a casa da Tiffany. -Disse enquanto era levada pelos meus pensamentos. -Rupert fez uma cara feia.

-Aquela garota? Eu não gosto nada dela, pensei que depois que ela te abandonou quando você mais precisava dela, você tinha finalmente percebido o tipo de pessoa 'gentil' que ela é na realidade.

-Rupert, eu não gosto mais dela, mas isso não significa que eu não possa usá-la.

-Puxa, essa é a frase mais inspiradora que eu já te ouvi dizer. -Rupert franziu o cenho e eu bufei.

-Vamos anda logo, temos que descer aqui. -Pulei de meu assento puxando Rupert pelo braço que fez tamanha pirraça para se levantar quando levamos em conta de ser uma homem de 20 anos. Descemos do metrô sem demora. Andamos  alguns centímetros quando pude perceber alguns guardas do metrô olhavam dentro do vagão.

-Você não acha que eles estão procurando pela gente não é? -Rupert perguntou com a voz tremula, discretamente. -Não é possível que façam isso só porque pulamos a catraca.

-Esqueceu que antes disso já estávamos sendo perseguidos por termos invadido uma empresa privada Rupert? -perguntei com a minha ironia matinal.

-É tem razão.

Coloquei meu capuz e os óculos escuros que estavam no bolso de minha jaqueta, Rupert fez o mesmo que eu em fração de segundos.

-Vamos. -Eu disse discreta e começamos a andar para a saída do metrô com passos largos e rápidos. Não uma corrida em si, mas quase isso, já que correr seria nos desmascarar, e sem levar em conta o fato de que ainda sentia minhas batatas da perna pesando.

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