Capítulo 4-
Semanas se passaram, duas para ser mais específica. Meu quadro estava melhorando milagrosamente. Eu recebi algumas visitas durante minha estadia no hospital. Meus pais me disseram que eu só acordei dois dias depois do acidente ocorrido. Eles me contaram que não quiseram me dizer na hora que eu acordei para não me assustar mais ainda. E eu meio que entendia isso.
Pelo o que soube eu recebi várias visitas durante o tempo em que fiquei inconsciente, familiares, amigos e Rupert com seus pais. Para sem sincera na primeira semana eu mal falava, no dia em que eu acordei eu fiquei tão agitada, mas por conta dos remédios e do trauma eu ficava quieta assistindo os mesmo episódios de Bob Esponja na televisão.
Com o tempo as pessoas foram parando de aparecer no hospital. Meu pai vinha todos os dias. Minha mãe ficava comigo o dia todo, ela estava dormindo naquele sofá duro durante duas semanas, dá para imaginar ? Rupert vinha sempre que podia, ele tentava falar comigo mas o máximo que eu falava era “Oi” e “Tchau”, não acredito que seja o tipo de conversa mais interessante do mundo.
Acho que as pessoas se cansam de visitar alguém que só fica quieta assistindo a maratona de Bob Esponja na TV, e não fala coisas do tipo “Sabia que eu sei exatamente quem que tentou me matar? Nossa tenho tantas fofocas! Senta aí que eu te conto.” E claro que eu não as culpo, se fosse eu a visitante também estaria mais interessada em algo assim.
Me lembro da última que os pais de Rupert vieram me ver, eles pareciam muito perturbados, principalmente Richard, ele não conseguia falar olhando para mim. Eu entendia afinal eles sempre me conheceram, ver algo assim não deve ser nada fácil. Durante a tarde Dr.Phillips, um alto e moreno homem de mais ou menos 35 anos adentrou meu quarto, interrompendo minha atenção voltada para Patrick que estava discutindo com Bob (nesse episódio eles adotavam uma ostra e viviam como marido e mulher, já havia perdido as contas de quantas vezes já havia visto aquele episódio). Dr.Phillips era o médico encarregado do meu caso. Gostei dele pessoalmente, desde o momento em que ficou surpreso por eu ter acordado. Claro que eu pensei que ele era burro por ter tido aquela reação, mas depois de saber que estava em coma, entendi sua surpresa.
Já Tiffany, bem acho que não tinha nem palavras para o que ela me havia feito. Ela me visitou alguns dias depois que acordei. Acho que durante foi sua visita foi o único momento que eu falei alguma coisa além de “Oi”, nunca a vi agindo tão estranhamente. Ela estava inquieta e gesticulava muito enquanto falava. No final de sua visita ela disse “Desculpe Sophia mas, eu não vou visita-la mais, é muito difícil te ver assim, não é fácil para mim.” Só podia ser brincadeira, quem leva o tiro sou eu e para quem não é fácil é ela? Pelo amor de deus.
Nessa semana, eu estava bem mais comunicativa, os remédios estavam diminuindo e eu passava grande parte do dia acordada. Estava feliz de estar finalmente melhorando de vez.
-Sabe senhorita Chesten, preciso dizer que você é mesmo uma guerreira, está melhorando seu quadro muito mais rápido do que esperávamos. –Ele sorriu enquanto rabiscava algumas anotações em sua prancheta de metal.
-é, aprendi a ser durona na prisão –brinquei, contudo a risada só veio com a reação da minha mãe, ela bufou e disse baixo “isso é hora”. Eu e o Dr.Phillips rimos e aquilo descontraiu a tensão. –Eu estive pensando...quando eu posso ir embora?
Dr.Phillips me olhou compenetrado, provavelmente iria receber uma resposta nada satisfatória, mas eu não aguentava ficar no hospital, o cheiro, as cores, e sinto muito dizer as mas as pessoas, tudo me sufocava. Eu queria voltar para o lugar onde um dia eu pensei que fosse minha escapatória para tudo. Apesar de estranho era onde eu queria estar.
-Sophia, eu acho mesmo que a senhorita está melhorando muito, e muito rápido. Como pessoa acho isso ótimo. Mas como médico, preciso ser racional, não posso te deixar ir antes de termos 100% de que não haverá uma recaída. Você ainda não se lembra de tudo o que fez no dia do acidente se lembra¿ -Ele respondeu calmamente, como alguém que quer explicar física quântica para uma criança de 8 anos.

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Reliving
PertualanganSophia é uma jovem rica que vive em um condomínio fechado de luxo de Nova York, cercada de mordomias e pessoas que fazem tudo por ela por todos os lados. Herdeira de uma das companhias de software mais importantes do país, a última coisa que lhe pas...