Capítulo 6-
Mais uma semana se passou. Três semanas de hospital. Não tem forma feliz de se aturar isso. Pelo menos eu podia contar com as visitas agora diárias de Rupert. Nessa última semana que se passava, eu aprendi muita coisa.
Parei para pensar em como a vida é preciosa e valiosa. Naquele dia. Naquele domingo comum eu fiz tudo o que costumava fazer, fui nos lugares onde costumava ir, encontrei as pessoas que costumava encontrar. Mesmo assim, aquele dia definiu o resto da minha vida. E por pouco não lhe deu um fim.
Eu sempre imaginei que nós podíamos sentir minutos antes que estávamos próximos de nossa morte mas, não isso não acontece. Eu não esperava e ninguém mais esperava que aquele momento seria daquela forma.
Isso nos faz perceber que temos que viver ao máximo todos os momentos de nossas vidas. Não vale a pena viver uma mentira, porque talvez, eu nunca mais tenha a chance de viver a verdade. Minha proximidade de Rupert me veio em mente. No verão, aos meus 17 anos, exatamente um ano atrás, meus pais começaram com as reclamações quanto aos garotos que conhecia. Rupert sempre fora o exemplo de namorado perfeito para eles. Por que justo quando minha preparação para tomar a empresa eu me senti tão apaixonada de um dia para o outro? Nada daquilo fazia sentido. Se eu realmente estivesse apaixonada por Rupert eu não deveria me sentir em êxtase quando seu pai mencionava filhos? Ou um casamento? Por que eu me sentia sufocada com tudo isso?
Eu sempre soube que no fundo havia a possibilidade de eu apenas amar o que era mais fácil para mim. Amar Rupert era mais fácil do que fazer meus pais aceitarem meus verdadeiros sentimentos. O que me deixava intrigada era, será que Rupert sentia o mesmo? Afinal assim eu como ele tínhamos o direito de vivermos verdades.
Mas como eu poderia dizer tudo isso em sua cara, sendo que há semanas ele me escutava e compartilhava da ideia de me ajudar a descobrir quem fora meu atirador? Eu poderia perder meu melhor amigo? Não era como se eu não o amasse, eu amava. Amava o suficiente para me preocupar que ele iria embora para sempre. Mas naquele momento eu tinha que saber, o que eu poderia carregar comigo, e os pesos que eu teria que deixar pelo caminho.
Naquele domingo, o dia que completava exatamente as três semanas de hospital, tive alta. Me senti muito leve. Eu já me sentia melhor em 99%, claro que as vezes sentia dores na cabeça mas não era nada comparado ao que eu já havia sentido. Meu rosto estava normal, não estava mais inchado. A “sorte” se é que podemos dizer que existe sorte nessa situação, foi que a bala não chegou a atingir parte de meu rosto. O tiro foi na parte de trás de minha cabeça. O que formava um, digamos que “galo gigante”.
Minha mãe já havia feito as minhas malas para voltarmos para casa e Rupert queria fazer parte desse momento, o que fazia o que eu estava prestes a dizer milhões de vezes mais difícil.
Eu estava ajeitando meu blaser azul escuro para debaixo de meus cabelos enquanto olhava pela janela do quarto. Em três semanas não havia admirado a bela vista de Nova York que ali tinha, Rupert parou silencioso ao meu lado, era a hora.
-Ruppie. –Chamei, e Rupert revirou os olhos, eu sorri. Ruppie era o apelido de Rupert na infância, contudo aos 11 anos ele chamou todos os convidados do Natal na casa de seus pais, para avisar que ele não responderia por Ruppie nunca mais. Mesmo tendo 9 anos e achando os meninos nojentos eu entendi que de fato deveria ser muito constrangedor ser chamado de “Ruppie” na frente dos amigos.
-O que? -ele bufou.
-Como você me ama?
-O que? Como assim como eu te amo? -Rupert coçou a cabeça perguntando do se mentalmente o mesmo que havia falado em voz alta.
-Como é que você me ama? De verdade. Fala a verdade.
-Ah, você é minha namorada. –Ele afirmou.
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Reliving
AdventureSophia é uma jovem rica que vive em um condomínio fechado de luxo de Nova York, cercada de mordomias e pessoas que fazem tudo por ela por todos os lados. Herdeira de uma das companhias de software mais importantes do país, a última coisa que lhe pas...