Não posso me apaixonar por Lee Taeyong

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                     ᴄʜᴀᴘᴛᴇʀ ғɪᴠᴇ

           ᴀᴍᴇʟɪᴇ's ᴘᴏɪɴᴛ ᴏғ ᴛʜᴇ ᴠɪᴇᴡ

A brisa fria da noite embateu contra nós dois que estávamos sentados numa mureta em frente a casa em que tocava música alta. Foi um pouco difícil sair do local já que havia muita gente e a maioria bêbada. Taeyong estava em silêncio ainda e eu não me atrevi falar uma palavra sequer.

— Você pode me contar um pouco sobre você. — A voz dele era calma, se havia algo nele em que eu amava, era sua voz, eu senti muita falta de ouvi-lo falar tanto que todos os áudios que ele me enviava quando ainda morávamos em São Francisco estão salvos em meu celular, no meio de varias e varias conversas.

— Eu sou de São Francisco. — Não sabia mais o que lhe dizer sobre mim, o quê eu diria sobre mim que ele não saberia? Taeyong sabia tudo sobre mim, pelo menos o que eu deixei em São Francisco anos atrás sabia, mas esse ao meu lado, aqui, nesse momento, esse não é o meu Taeyong. Esse não é o Taeyong da Amelie, eu não conheço esse Taeyong. — Me mudei na metade do primeiro ano do colegial. Foi tudo muito rápido, na verdade, eu nem queria me mudar mas precisava. — Completo sentindo um aperto no peito ainda mais sob o seu olhar.

— Também morava em São Francisco, tenho boas recordações de lá. — Ele comenta com um sorriso e eu tenho um pouco de esperança de que ele talvez só esteja me pregando uma peça.

— Sério? Você por acaso, não tinha uma melhor amiga? Tipo, de infância. — Pergunto sentindo meu coração sair pela boca e Taeyong me olha incrédulo.

— Wow! Como você sabe disso? — Ele pergunta claramente confuso. — Já sei! Você deve ter estudado na mesma escola que eu, querida disse que tínhamos muitos amigos. — E eu paro de ouvi-lo no momento em que ele diz a palavra "querida".

— Querida?

— Ah, é como chamo a minha namorada, se você estudou conosco deve conhecê—la. — Taeyong sorri e eu apenas sinto tudo a minha volta girar.

— Existe outra? — Murmuro para mim mesma e Taeyong me olha confuso.

— Outra? Como..— Eu tenho de interrompê-lo pois minha cabeça entra em total confusão. Como assim existe outra garota?

— Essa, essa garota, ela por acaso era sua amiga de infância? — Pergunto tomando total atenção do mesmo que afirma mesmo que confuso e parece que o chão sobre os meus pés é feito de areia movediça e que em breve serei engolida por ele. — Isso não pode ser verdade. — Eu já estava com meus olhos marejados então apenas viro meu rosto na direção oposta.

— Eu não entendo..— Taeyong murmura e eu riu levemente deixando as lágrimas inundarem meu rosto. — O que ouve? — Sua voz tem um leve tom de preocupação ao ouvir meu primeiro soluço.

— Nada..eu apenas me lembrei de algo. — Respiro fundo passando as mãos pelo meu rosto limpando minhas lágrimas. — Eu tinha um amigo em São Francisco também, eu o deixei, ele prometeu que ainda manteríamos contato, mas não atendeu minhas ligações ou minhas mensagens, ele era o meu único amigo, mas é doloroso saber que eu talvez não tenha sido tão importante assim pra ele, dói saber que eu não fiquei marcada em sua memória e nem em seu coração, como ele ficou no meu. — Sinto um nó na garganta ao proferir todas essas palavras e não tenho coragem de olhar pro Taeyong, esse não aquele alguém ao qual eu tanto gostei, ele não se parece nada com o Lee Taeyong que conheço.

— Você já tentou procurar esse amigo? — E sua pergunta me fez ter mais vontade de chorar ainda, então percebo que foi uma péssima idéia eu ter vindo a essa festa, a essa Universidade.

— Se estivesse no meu lugar o quê faria? — Pergunto o olhando e o mesmo me olha com atenção e curiosidade mas vejo um resquício de pena ali. Ele estava com pena de mim.

— Tentaria trazê-lo de volta?! Eu não sei, procuraria por ele, tentaria conversar com ele. — Taeyong fala como se fosse ele, como se eu fosse uma garota estranha que ele acabou de conhecer.

— É, talvez eu deveria fazer isso. Obrigada. — Agradeço com um sorriso fechado, embora eu não tivesse vontade alguma de sorrir.

Ouvimos um som de celular e Taeyong tira o seu celular do bolso e suspira em seguida. Ele se levanta e se vira pra mim.

— Preciso ir, nos vemos por aí, tente falar com o seu amigo. Boa sorte. — Ele fala antes de se afastar e entrar na casa.

                                ᪥

                          ʏᴇᴀʀs ᴀɢᴏ

Me lembro claramente de um dia quando tínhamos quinze anos. É o dia que marcou minha adolescência, foi o dia que percebi que eu tinha uma queda pelo meu melhor amigo. Taeyong estava na fase de puberdade extrema, ele fazia muitas perguntas a mim, algumas muito constrangedoras inclusive. Mas eu daria tudo para respondê-las novamente quantas vezes fosse possível. Sua mãe havia ido a um leilão de móveis usados junto com seu pai, meus pais estavam trabalhando e nós estávamos sentados no chão de seu quarto, estava ajudando Taeyong em Física, ele era muito desatento e eu era muito impaciente e de vez em quando acabava perdendo a paciência com ele.

— Ah, eu desisto! Não sou um gênio. — Ele lamenta olhando pra folha do caderno.

— Presta mais atenção, isso nem é difícil. — Ralho e ele me olha fazendo um bico muito fofo e eu faço uma careta de nojo. — Ew!

— Vou no mercado e volto logo. — A irmã de Taeyong aparece na porta do quarto do mesmo e nós assentimos. — Não aprontem. — Ela avisa antes de sair e Taeyong revira os olhos.

Continuo explicando o assunto a ele que ouve mas eu sabia que tudo entrava por um ouvido e saía pelo outro. Em algum momento apenas fico em silêncio o vendo olhar para o livro de física fixamente.

— Querida, o que você pensa sobre amigos que se casam? — Eu apenas o olho com o cenho franzido. — Quero dizer, sabe se um dia não encontrarmos ninguém interessante, acha que podemos nos casar? — Ele me olhava com uma expressão neutra e já eu deveria estar olhando pra ele aterrorizada.

— Ah, eu não sei..— Apenas comentei ainda surpresa com sua pergunta.

Do nada ele fecha o livro de física e se vira em minha direção me assustando um pouco, pois seu rosto estava muito próximo do meu me deixando ainda mais nervosa e eu sabia o que ele iria fazer. Ele se aproximou de mim e logo senti o toque dos seus lábios macios sobre os meus em um selinho pouco demorado e quando ele se afastou eu estava perplexa.

— Taeyong. — Minhas bochechas queimam como brasas em fogo e eu era uma chama viva. E ele foi ainda mais longe, ele me olhou com atenção antes de segurar meu rosto entre suas mãos e levando meus lábios novamente de encontro aos seus, era meu primeiro beijo, eu não sabia bem o que deveria fazer, mas ele parecia saber, eu nunca me esqueci daquele beijo, foi nosso primeiro e último já que depois daquilo eu disse que não queria falar mais nada sobre. Talvez esse tenha sido meu erro, talvez eu tenha perdido a única chance que tive de ser algo a mais que sua amiga. Mas como eu iria prever isso.

Ele ainda disse que com toda certeza nós poderíamos nos casar um dia, e lembrar disso dói, pois agora ele tem uma namorada ao qual ele chama de querida, enquanto que eu não tenho mais espaço nem em sua memória e eu não sou do tipo de pessoa que fica correndo atrás de prejuízo, e eu não posso ficar perto desse Taeyong, não quero ter que sofrer por alguém que nem se lembra da minha existência como eu me lembro da dele.

                                                                […]

💚 Aí como sofro! :')

Autumn - Lee TaeyongOnde histórias criam vida. Descubra agora