love is a losing game

06

Ficariam em New York por duas semanas, teriam algumas gravações pela cidade e eles estavam na mega produção de construir o sete de filmagens do filme, já que não eram todas as cenas que poderiam ser gravadas ao ar livre, como ela imaginou que seria. Para Jessica, achava que as cenas naqueles sets verdes eram só para lutas espaciais ou coisa assim, patética, realmente se dando conta de que não conhecia nada mesmo sobre o mundo cinematográfico. 
Gravaram todas as cenas que precisavam fazer durante o dia, por alguns pontos por toda a cidade, era mais exaustivo do que ela imaginava que realmente fosse. Grava cenas, repete, entra na van, vai pra outro lugar, troca de roupa, grava cenas, repete várias e várias vezes, entra na van, agora vamos pra outro lugar. Foi assim durante todo o dia, como precisava acompanhar o Thomas e toda a equipe para recolher todas as informações necessárias para quando fosse definitivamente fazer aquilo em que era espetacular, conversava com produtores, com os figurantes, com todo mundo que poderia lhe oferecer uma informação que poderia servir num futuro. Ele vez ou outra reparava nela, que estava linda por sinal, usava um terno preto, com um salto, e dessa vez os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo, parecia muito séria, como sempre, não conseguia deixar de sorrir quando percebia ela passar de alguém muito educada e simpática quando conversava empolgada com alguém, para alguém muito séria quando pensava na frente do seu computador, ou em uma ligação estressante com alguém que estava na empresa trabalhando com ela. Jessica também não deixou de reparar na personalidade de Tom, nem parece o cara que estava no seu trailer na noite anterior com a boca perto da sua calcinha, provocando ela à todo custo, ele estava mais alegre, era engraçado e todo mundo parecia gostar muito da presença ali, além de que ela achava ele um fofo nas roupas de adolescente, com moletons, fone-de-ouvido, que usava para filmar o Peter Parker. Isso também foi novidade, homem-aranha tinha um nome, e ela nem sabia disso antes de começar a trabalhar ali. 
Houve uma pausa em uma das gravações, ela estava sentada próximo a van que usavam para se locomover pela cidade, usando seu computador, tão concentrada no e-mail que escrevia que nem notou a presença de Tom, que tinha se sentado do seu lado. 

— Volto outra hora? — Tom perguntou, interrompendo os movimentos rápidos que os dedos dela faziam tocando no teclado do notebook enquanto escrevia. Como ela não tinha notado sua chegada ali, levou um leve susto quando ouviu sua voz.
— Não, tudo bem, já terminei. — respondeu, apertando o botão de enviar e fechando a tela do notebook que estava em seu colo. 
— Muito estressada para um café, Jessica Roberts? 
— Não, mas com certeza não iremos tomar um café juntos, Thomas, não podemos fazer isso. — era engraçado ele ouvir ela chamando ele de Thomas, já que era uma das poucas pessoas que fazia isso, mas ele gostava, então nunca reclamou. 
— Não poderíamos se eu quisesse te beijar depois. Mas como somos colegas de trabalho, não tem problema. 
— Não quer me beijar? — ela sorriu, debochando das palavras que ele tinha acabado de dizer. — Bom... não foi o que pareceu de madrugada.
— Aquilo foi um momento de extremo tesão e ausência de responsabilidade. — Jessica fitou os olhos de Tom, com ódio, que fez ele dar um sorrisinho sacana. 
— Você esta tendo a sorte de eu estar sendo legal com você, Holland. Não teste a minha paciência. 
— Você gosta de mim, essa é a diferença.
— Pobre Thomas... você é uma criança muito iludida. 
— Foi essa criança que te deixou com as pernas tremendo ontem, e olha que não fiz nada demais. — disse, um ar de desdém e provocação.
— Vai se foder, Thomas. Dispenso seu café. — disse se levantando e saindo de perto, ele foi logo atrás dela, segurando seu braço e fazendo ela parar de frente para ele novamente. 
— É brincadeira, princesa. Qual é, aceita um café a trabalho, podemos conversar sobre o que você seja lá o que precise saber sobre mim. — ela revirou os olhos.
— Te espero no carro. — respondeu após dar uma piscadinha e se afastar, sumindo do seu campo de visão. 

Jessica resolveu procurar Travis, para contornar a situação e deixar ela mais normal possível em relação ao convite que tinha recebido de Thomas. Explicou que tinha algumas questões mais pessoas que ela gostaria de saber para conseguir umas comitivas, conferências mais reservadas que as pessoas pagariam para saber sobre a vida dele, é o que querem, e disse que ele não estava confortável em responder no meio de todo mundo, por isso decidiram ir para um café próximo ali, mas que estariam de volta antes mesmo do intervalo acabar. Ele pareceu aproveitar cada mentira que tinha saído da boca dela, ela também sabia que não era um encontro a trabalho coisa nenhuma. Jessica levou seu notebook e um caderno que usava para anotações mais importantes, deixando bem visível para Travis enquanto conversavam para realmente acharem que era sobre trabalho.