Tudo que você pedisse

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  Estava conversando com Ivy quando Catarina entrou pela porta. Sofia ainda não havia chegado.

- Boa noite!
- Boa noite. - Disseram apenas alguns alunos do outro lado da sala.

  Notei Catarina olhando para mim e para Ivy, mas assim que ela me viu, disfarçou e sentou em sua mesa. Continuamos conversando até que ela começou a fazer a chamada, assim que terminou, me virei para frente e passei a observá-la, sua ação foi olhar para mim e sorrir.

- Clara, Sofia avisou se iria vir hoje? - Perguntou  Ivy, me cutucando pelas costas.
- Ela não falou nada, geralmente quando ela falta é porque tá doente.
- É, deve ser. Se ela não vir, descemos sozinhas hoje.

Olhei para Catarina a fim de verificar se ela havia escutado, o que se comprovou ao ver que seu olhar desviava para o meu lado e o de Ivy discretamente.

- João não vai descer com a gente?
- Não - disse ela mexendo no meu cabelo - vamos estar completamente sozinhas.

  Forcei um riso e me virei, evitando olhar para Catarina que com certeza havia escutado, afinal, minha mesa era praticamente na frente da dela. Ela fechou o caderno que estava aberto em sua frente, levantou rapidamente e dirigiu-se a mim.

- Clara, me ajuda a buscar os livros.

Me levantei abruptamente e a segui para fora da sala de aula. Assim que nos afastamos, ela começou a puxar assunto.

- Quer carona hoje?
- A Ivy teria que ir junto.
- Ah... - Ela me olhou, como se quisesse negar, como se aquilo fosse um ato extremamente difícil - Tudo bem.
- Certeza?
- Sim, por que não estaria? - Disse ela se aproximando de mim e colidindo seu corpo levemente com o meu, empurrando-me para o lado.

Sorri e fiz a mesma coisa, ela também riu e abriu o portão de acesso ao corredor da diretoria e da sala dos professores, no qual teríamos que passar para chegar à biblioteca.

- Boa noite, senhoritas! - Disse a vice-diretora ao nos ver.
- Boa noite! - Respondeu Catarina.
- Boa noite Lu, tá bonita hoje ein?! - Ela estava usando um vestido florido, um brinco de argola dourado que combinava com o seu cabelo castanho-avermelhado, amarrado em um coque bem feito em sua cabeça -  Vai namorar depois do trabalho, né?

Luciane riu, assim como Catarina.

- Por que as duas estão passeando? A aluna aprontou dentro de sala de aula, professora?
- Aprontou! Tava causando desordem, acredita? A punição dela agora é ser minha escrava, vamos pegar os livros de física lá na biblioteca.
- Isso mesmo, coloca ela pra trabalhar!

Saímos andando e rindo, deixando Luciane entrar em sua sala. Um pouco a frente, de modo que ninguém pudesse ouvir, sussurrei para Catarina.

- Eu não me importaria de realmente ser sua escrava, dependendo da ocasião.

Catarina me olhou e sorriu mordendo a parte de baixo dos lábios, o que particularmente me seduziu bastante.

- Dependendo de que ocasião? - Ela sussurou de volta.
- Ah, sei lá, se estivéssemos a sós na sua casa, ou na minha... Eu poderia fazer tudo que você me pedisse...
- Tudo que eu pedisse?
- Tudinho.

A porta da biblioteca estava aberta, mas assim que entramos, Catarina fechou-a e se aproximou de mim, colocando a mão em minha nuca e beijando-me.

- Eu aceito sua proposta. - Disse ela com o rosto colado ao meu.

Ri em meio a um beijo, que foi separado por um pequeno barulho do lado de fora. Nos separamos e fomos em direção aos livros enquanto a porta atrás de nós se abria.

- Boa noite.

Virei para trás a fim de verificar quem era, e Catarina fez o mesmo, de modo que vi que era um aluno no qual eu não conhecia. Ele era um pouco mais alto que Catarina, usava uma blusa azul marinho e uma bermuda, seu cabelo liso se encontrava desarrumado e um pouco molhado de suor.

- Catarina, a Lu me falou que você estaria aqui, a gente pode conversar?
- Claro Gui, pode falar.

"Gui" de Guilherme? Provavelmente. Pelo jeito ela dava aula pra ele em alguma outra turma.

- É que... Pode ser aqui fora?
- Ah - Catarina olhou para mim, como se tivesse falando que teria de fazer isso, e eu acenei com a cabeça que estava tudo bem - Pode sim.

Os dois saíram e fecharam a porta. Enquanto Catarina não voltava, fiquei folheando alguns livros que estavam ali ma biblioteca. A biblioteca daquela escola era conhecida por ser muito boa e ter livros dos tipos mais diversificados, e realmente, para um amante de leitura, seria comum se perder no meio daquelas pilhas, eram fantásticas. Encontrei Dom Casmurro, clássico, Capitu traiu ou não traiu Bentinho? Notei a porta se abrindo, e as vozes ecoando de fora.

- Obrigado, Catarina. A gente se vê!
- De nada Gui.

Fechei o livro de Machado de Assis e fiquei olhando-a entrar.

- Voltei, senhorita.

Peguei metade dos livros de física que iríamos levar para a sala. Ela passou a mão em minhas costas e beijou minha bochecha, pegando a outra metade dos livros.

- O que ele queria? - Perguntei enquanto saíamos da biblioteca.
- Negócio de nota que ele tá precisando.
- E ele tava tentando te conquistar pra ganhar nota? - Brinquei.
- Mais ou menos isso... - Ela riu - Mas como eu tenho uma cota pra isso, e você já ocupa ela toda, ele vai ter que fazer uma provinha.

Percebi o seu olhar esperando minha resposta de indignação ao que ela havia acabado de dizer.

- Eu ocupo sua cota? Eu nem preciso de nota, Catarina.
- Não?!
- Não!

Seu riso ecoou pela sala na qual havíamos acabado de entrar, enquanto eu olhava para ela cerrando os olhos e fingindo estar brava. Entregamos os livros e eu me sentei em meu lugar.

- É pra abrir em qual página? - Ivy perguntou.
- Se você souber esperar, vai saber. - Respondeu Catarina.

Ivone torceu a cara, mostrando estar confusa com a situação. Catarina tinha sido grossa com ela sem motivo, ou pelo ou menos pareceria sem motivo para as outras pessoas, já que eu sabia muito bem o porquê de aquilo estar acontecendo. Catarina não havia ficado brava comigo, e sim com Ivy.

- Não precisa ser grossa, também.
- Ivone, eu não vou tolerar esse tipo de coisa hoje.
- Que tipo de coisa, Catarina?
- Vai pra fora.
- Quê?
- Quero você fora da sala. Vai andar, comer, dormir, ir no banheiro... Tanto faz, mas eu quero você fora.

Fiquei estagnada observando o jeito de Catarina colocar Ivy para fora. Queria impedir, mas algo me dizia que não era uma boa ideia, ela tinha razão para estar brava, mas em meus pensamentos o profissionalismo dela passaria por cima disso. Estava errada. Ivy levantou e saiu da sala, claramente enfurecida. Olhei para Catarina procurando respostas, mas ela desviou o olhar e começou a falar com a sala.

- Página 204, campo elétrico.

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Ok, podem me massacrar por estar muito tempo sem postar kkkkk É culpa do ENEM que tá me deixando esgotada e sem saber o que fazer, to há semanas nesse capítulo, mas cá estamos nós. Espero (assim como eu acho que vocês também esperam) que depois dessa pressão toda eu consiga postar certinho os capítulos. ❤️


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