Fugitivas

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"Como assim? Kkkk"
Quarta-Feira, 21:27

"Sai, eu também saio e a gente vai pra minha casa"
Quarta-Feira, 21:27

"Mas e as aulas, amor?"
Quarta-Feira, 21:28

"A gente dá um jeito, te espero lá fora no carro"
Quarta-Feira, 21:28

  O que tinha dado nela? Ela simplesmente queria fugir da escola. Uma professora e uma aluna fugindo juntas, imagina se alguém descobrisse? Sinceramente, aquilo não me importava, até porque para mim seria uma puta adrenalina.

"Eu não acredito kkkkk To indo"
Quinta-Feira, 21:29

  Guardei meu material na mochila sem nem terminar o que estava fazendo. Assim que estava tudo em ordem, levantei-me e virei para Ivy.

- Tô indo embora tá? Não to legal.
- O que você tem?
- Ah, sei lá, só preciso ir.
- Tá bom, fica bem. Quer que eu desça com você?
- Não, não precisa.

  E nem poderia, estragaria meus planos de fuga. Juliana já estava me observando nesse momento, e já era a hora de eu explicar para ela o porquê de eu ir embora.

- Professora, eu vou pra casa, tá? Não to legal.
- Vai falar com a Lu, né?
- Vou sim, pode ficar tranquila.

  Na verdade eu faria de tudo para evitar falar com ela, mas ninguém precisava saber.

- Então vai lá, boa noite!
- Boa noite, Ju.

  Saí pela porta e fui em direção ao portão secundário que, no meu caso, eu já estava considerando como o principal. Passei pelo corredor da sala dos professores e da sala da direção torcendo para que Lu não estivesse lá, mas ela estava. Entretanto, haviam dois alunos com ela, e ela parecia estar um pouco brava. Me escondi ao lado da porta para que ela não enxergasse-me, já que sua mesa era em frente à porta. Um dos meninos me viu e riu, o que chamou a atenção dela.

- E do que o senhor está rindo?!

   Ele olhou para mim, que fiz sinal de negativo, pedindo para ele não falar.

- Nada não - Disse ele desviando o olhar e disfarçando - Me desculpa.

   Agradeci aos deuses pelo menino não ter dito nada, e talvez eu agradecesse a ele um outro momento, em um outro dia. Escutei a porta do armário abrindo, o que significava que ela estava virada de costas. Foi a minha brecha, e eu aproveitei-a 100%. Andei rapidamente, porém sem fazer barulho, para o outro lado da porta sem deixar que ela me visse. Atravessei a entrada e desci correndo os degraus que davam para o portão da rua, que sortemente estava aberto. Eu estava fora. Olhei em frente e vi os faróis de um carro branco acendendo-se, era minha piloto de fuga. Andei o mais rápido que pude em sua direção e entrei no carro.

- Demorou, ein?!
- É que eu sou aluna, né? Costuma ser meio difícil fugir.
- Não é fácil pros professores também, acabei descobrindo hoje. - Disse ela ligando o carro.
- Qual foi sua desculpa?
- "Eu tô morrendo de dor de cabeça, a claridade está me matando, não to aguentando nem ficar de olho aberto".
- Enxaqueca, ótima desculpa pra um professor.
- É, eu sei, mas se não tivesse ninguém para ficar com os alunos, seria meio difícil.
- Como a gente vai pra sua casa? Onde a Gi tá?
- Na vó dela, vai dormir lá hoje, me mandou mensagem dizendo se podia e eu deixei.
- E o Júlio?
- "Não vou pra casa hoje, vou ficar na minha mãe essa noite". Desculpa esfarrapada de estar na mãe, sei bem onde é que ele tá.


  Sinceramente, mesmo que ela já estivesse em outra, e com outra eu quero dizer eu, era meio estranho aceitar o marido estar com uma amante desse jeito. Se fosse eu no lugar dela já teria mandado ele tomar naquele lugar, e ele nunca mais veria meu rosto.
   Catarina colocou uma das mãos em minha perna, movendo-a apenas para trocar de marcha, voltando ao mesmo lugar logo depois e dirigindo só com uma mão. Era bom estar ali na presença dela, mesmo que em silêncio.

   Depois de alguns minutos dirigindo, chegamos em sua casa. Saímos do carro e entramos pelo portão. Assim que Catarina abriu a porta, Lily, sua cachorra, veio em nossa direção.

- Oi meu amor - Falei fazendo voz de quem fala com um bebê - Lembra de mim? Que saudade!

   Ela pulou em meu colo e começou a lamber meu rosto, o que fez Catarina rir.

- Lily, para de roubar minha namorada.
- Iih, sua mamãe tá com ciúmes...
- Tô nada. - Disse ela com uma entonação de ironia.

   Coloquei Lily no chão, que foi para algum outro lugar agora que já havia ganhado carinho, e levantei-me para abraçar Catarina pela cintura.

- Relaxa amor, ninguém vai me roubar de você.

  Beijei-a suavemente, logo me afastando e olhando diretamente em seus olhos.

- Você tá com baba de cachorro na cara.
- Eu sei - Dei risada - Tá com nojo?
- Não, mas eu preferiria você sem baba de cachorro - Ela riu também - Que tal se a gente tomasse um banho?
- Eu acho uma ótima ideia. - Mordi meu lábio inferior, sorrindo discretamente.

   Ela me olhou de forma provocante e seduzente, rindo e segurando em meu pescoço me puxando para um beijo.

- Então vamos.

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