Capítulo 03 - Os Três Escudos

14 3 0
                                    

Próximos do castelo, os irmãos caminhavam vagarosamente até os portões, onde era notável que as pontes ligadas as entradas continuavam abaixadas, mesmo com o despertar da noite. Isso indicava que o castelo estava em paz. Na verdade, não era só o castelo que estava em paz, mas sim todo o reino de Zirtae.

Devido as boas obras do rei Versevius X, o reino não sofria de crimes ou fome. O que era um grande ato, afinal de contas uma grande parte dessas terras eram compostas por neve, e uma outra parte se tornara inviável devido ao calor das chamas que queimava toda a proximidade, tornando-a infértil.

Entretanto, havia um grande temor no coração desse rei. Algo que há anos vinha se alimentando dia após dia. Principalmente após A Guerra Adiada. Uma guerra que devastaria suas terras, todo o seu povo e suas culturas. Um inimigo maior que os gigantes: O Império Hormenides.

Um inimigo que possui localizações em norte, leste e sul. Um oponente forte o suficiente para atacar de todos os lados, cercar, torturar e escravizar um povo até o ultimo suspiro. Um exército de milhares de milhões preparados para uma devastação em massa.

Contudo, o rei podia viver, beber, cantar e se divertir, assim como todo seu reino, graça aos Três Escudos. Um deles se encontrava a sudoeste do reino, onde Ibby ficava cada passo mais próximo de se encontrar frente a frente com ele.

As pessoas o conhecem e o respeitam como O Último Gigante.

"Finalmente chegamos" Exala ar profundamente Lenxys. Passando por uma rua grande com variadas lojas e tendas. Com um fluxo de pessoas indo e vindo através deles de forma incessante. "Bom, acho que vou dar uma passada no Jim, esses braceletes são muito pesados, não é um bom acompanhamento para a Judy."

"Quem é Judy?" Questiona Senvin.

"É minha lança. Eu ainda não posso andar com ela em todo canto, meu pai acha perigoso demais."

"Qualquer coisa que você põe esses dedos sujos se torna perigoso" Provoca Ibby.

"Olha, se eu fosse você iria direto para o meu pai, afinal de contas ele não gosta que o deixem esperando."

Os dois levantam os punhos, prontos para uma briga. Todavia Senvin intervém. "Ei Lenxys, deixa disso. Vamos logo no ferreiro... até mais irmã!"

Ibby permaneceu lá alguns instantes, olhando para eles até ambos virarem a esquina, em direção a seus destinos. E então ela começou a caminhar em direção ao castelo onde a pessoa que ela mais odiava havia convocado ela.

Em seu caminho, várias pessoas olhavam para ela com um olhar de pena, afinal, uma garota bela e jovem queria seguir o caminho de sangue que os homens por tantos séculos percorriam. Eles a enxergavam como alguém diferente, algo que fosse contagioso ao toque.

Ibby não ligava para tais pensamentos, afinal desde que ela se entende por gente, eles já possuíam essa visão para com ela. E Ibby não é alguém que costuma escutar muito a opinião dos outros. Esse seria talvez um dos grandes motivos de sua péssima relação com seu pai.

"Senhorita Ignitctu, deseja que a sua água do banho seja esquentada?" Diz um dos servos do castelo próximo à entrada.

"Não se preocupe com isso. Eu posso esquentar a água sozinha!" Responde Ibby gentilmente. "E aqui vamos nós... vamos ver o que ele quer comigo."

Ela caminha entre corredores, escadas, escadas caracol, e finalmente, chega em um corredor que só há uma porta dupla, com ornamentos de bronze e uma maçaneta dourada. Ela bate na porta três vezes, e escuta um rosnado.

"Entre e feche a porta em seguida."

Ao abrir a porta, o quarto esbanjava sua quantidade exacerbada de livros, desde contos até enciclopédias. Um local que Ibby conhecia bem, afinal metade desses livros já foram devorados por ela, em uma de suas expedições ao quarto. No canto esquerdo tinha uma cama feita com algodões e coberta por lenços de seda. Do outro lado, uma lareira com duas cadeiras, uma já ocupada, convidativas para se aquecer. Nesta cadeira, estava um forte homem com seus quarentas, olhos castanhos dos quais apresentavam cansaço. Entretanto, o que chamava atenção era uma enorme cicatriz profunda que começava no pescoço e subia até a proximidade de seu olho esquerdo, tornando-o muito mais imponente do que seria sem ela.

As Chamas Imparáveis (Um Conto de Zirtae)Onde histórias criam vida. Descubra agora