Capítulo 02 - O outro Lado

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A cada passo que era dado, a noite se achegava tão rápido quanto lebres correndo no campo. Lenxys estava tão entediado que resolveu pegar um galho que estava afundado sob a neve e começou a quebra-lo aos poucos, jogando cada pedaço no cabelo de Ibby, alguns caindo no chão, e outros ficando suspenso sobre alguns fios.

"Você não consegue ficar quieto?" Irrita-se Ibby. Lenxys começa a dar gargalhadas, enquanto Senvin ajuda a remover os pedaços do cabelo.

Após alguns minutos de caminhada, eles finalmente chegam na baía do oceano, onde estranhamente a neve não encobriu a areia, entretanto a mesma estava tão fria quanto um floco. Ibby amava o mar, mesmo que estivesse congelado dessa forma. Ela se aproxima e vê seu reflexo no gelo. Uma bela moça de cabelos longos e lisos, espalhados entre o pescoço e o ombro, olhos verde-claros, que quando refletidos a uma forte luz, dava a impressão de serem azulados. Suas roupas possuía um tom de proteção, devido ao severo frio. Na parte superior havia um emaranhado de panos que fluíam de acordo com o vento como também era notável uma touca em suas costas, disponível para sua cabeça a qualquer momento. Já na área inferior, uma calça de mistura de couro com algodão, protegia ela do frio, como também dava liberdade para ela praticar seu esporte favorito, escalar, seja arvores ou até mesmo muros de montanhas.

Repentinamente, um vento soprou-se do Norte em direção ao sul. Todavia, aquele vento não parou naquela praia, seguiu em direção a uma outra, em uma outra região, em um lugar do qual não havia mais águas congeladas, onde uma figura alta, de barba grande, com cabelo raso e um olhar sereno, abraçava essa brisa. Suas roupas seguiam um certo padrão, e ao fundo era audível um som que se assemelhava com tremores, ainda assim tinha um ritmo padronizado. Em sua direita, havia uma grande luz vermelha, que iluminava boa parte dos mares naquela região. Contudo, aquele seu momento de paz interior é finalmente interrompido.

"Capitão Sniveyl, o General requere sua presença na Fortaleza neste exato momento!" Exclama o soldado.

"Sem problemas, já estou indo" Afirma Sniveyl.

Em seu caminho, aqueles ruídos se apresentam como um grupo de recrutas em uma caminhada noturna, enquanto de outra direção muitos outros soldados acenavam para ele, mostrando que ele era um dos mais respeitados naquele local.

Logo a sua frente estava uma dais maiores estruturas que ele já vira. Apesar de ele morar ali há anos, ele sempre ficava assustado com o tamanho daquela fortaleza. Uma construção rodeada com seis muros de proteção, que media provavelmente mais de cem metros. Vinte e quatro torres de vigias garantiam uma visão periférica das proximidades. Enquanto internamente, era provavelmente o local mais seguro de todo aquela nação. Cerca de cento e cinquenta mil soldados habitavam aquele local, enquanto havia mais cinquenta mil pessoas que viviam ali, para sustentar os serviços do local enquanto os soldados se preocupariam apenas em suas obrigações.

Passando pelo centro da cidade, um mercador para na frente do Sniveyl.

"Como vai as coisas Cap?" Diz o mercador, que aparentava já ter uma idade avançada.

"Tudo está fluindo, como o vento que traz as ondas". Responde Sniveyl.

"Que ótimo saber disso... olha, leve isso. Guardei um pouco do pão de hoje para o senhor." Diz o mercador, estendendo sua mão direita com uma sacola.

"Aceito de bom grado! Muito gentil de sua parte" expressava Sniveyl sorridente. "Bom, agora preciso ir, ou o general arranca minha cabeça".

Com isso Sniveyl chega em uma taverna, aparentemente vazia, entretanto no canto distante a esquerda havia uma enorme figura. Com uma idade já avançada e um físico que indicava excesso de peso, o General abriu um sorriso com a chegada de Sniveyl, algo que claramente incitava que não podia sair coisa boa dessa alegria.

"Ó meu bom Sniv! Venha sente-se" Disse o General com muita alegria, indicando uma cadeira a frente.

"O que devo a honra dessa convocação repentina?" Diz Sniveyl, querendo acabar logo com isso.

"Curto e grosso como sempre. Achava que com essa notícia poderia te pagar uma rodada, mas tudo bem..." Se chateia o General, "Vamos direto ao ponto então. Estamos próximos de atacar Zirtae!"

"Que?!"

"E digo mais, invadiremos por aquelas malditas chamas. É claro que para isso precisamos remove-la." Explica o general.

"Sim, mas até então ninguém sabe como fazer isso" Sniveyl diz, ainda incrédulo.

"Não sabiam como, isso é passado agora." Sorri o general. "Já ouviu a profecia dos artefatos perdidos?"

"Com certeza. A profecia diz que repentinamente, três tribos inimigas se reuniram para derrotar o 'fogo que voa', então cada uma faria os melhores rituais e sacrifícios para forjar armas contra esse mal mútuo..., só que isso é um conto de criança."

"Não, não é, e eu posso provar. Ei garçom, traz aquilo que combinamos." Argumentava o general, com tom de autoridade.

Poucos minutos depois, aparece um homem, com as roupas rasgadas, o corpo pintado formando figuras e formas, mostrando claramente que ele era um forasteiro.

"Por favor não me matem! Eu só vim pedir apoio! Por favor!" Implora o homem, com um olhar entristecido.

O General se levanta, e começa a rodeá-lo. "Você sabia que existe ilhas logo acima daqui?" O General dá uma leva pausa para respirar, e continua. "Bom, existem pelo menos três! E esse rapaz aqui veio de uma delas, por que não repete para ele a tal 'profecia'?"

O homem, apesar de aparentar cansaço e muito medo, começou a falar:

"O fogo se extinguirá, e nada obstante, voltará. Com isso a guerra declarar, e um tempo de paz acabará, para dar ao Caos o lugar."

Sniveyl arregala os olhos de surpresa, e ele começa a ligar os pontos. Tudo o que ele desejava agora era nunca ter subido nessa taverna, nessa fortaleza, nessa região. Agora a guerra iria começar. Não há mais volta.

"Você não veio de longe só pra isso, veio? Há uma forma de impedir tudo isso?" Sniveyl começa a dizer coisas para soltar as palavras daquele tribal.

"Precisamos de proteção, nossa Visora, aquela que vê os próximos passos, prevê que um exército está atrás dos protegidos."

"Ótimo, iremos agora mesmo" Assegura-o. "Levarei todos os meus homens, e muito mais, se o General permitir é claro"

"Obrigado, obrigado, muito obrigado!"

O General sorri orgulhosamente para seu Capitão, quecom poucas palavras entendera que os 'protegidos' significava 'artefatos', eque claramente aquele homem se perdeu em seu caminho, fazendo com que seudestino final acabasse sendo no local dos futuros invasores...

As Chamas Imparáveis (Um Conto de Zirtae)Onde histórias criam vida. Descubra agora