Capítulo 17 por GegeXianle

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Capítulo 17 O que facilmente se tornará amor             

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Capítulo 17 
O que facilmente se tornará amor
             

                  Podia até parecer que eu não me importava com o que os outros podiam pensar.
                  Em parte, eu não me importava realmente com a maioria.
                  Mas, eu não conseguia parar de pensar... Quanto mais eu me sentia apaixonar por Katsuo, mais eu me via sem argumentos diante da futura reação do meu pai.
              Eu tinha prometido a ele que não me tornaria homossexual, somente por isso meu pai  permitiu que eu fizesse ballet.

             E tudo correu bem por alguns anos, eu não me sentia muito atraído nem por moças ou rapazes. Eu saí com algumas garotas na época da escola, mas não consegui desenvolver grande interesse por elas. Às vezes, as meninas que faziam dança até flertavam comigo... Eu até o curtia a ideia do flerte em si, mais do que a possibildade de um encontro real.
                   Aquele esbarrão acidental na esquina, certa noite passeando com Vogel, tinha que mudar tudo... E nada mais seria como antes.

            Depois de ficarmos um tempo abraçados na cama, despidos de nossas blusas, fomos tomar um banho juntos.
      Quero dizer, não entramos juntos... Katsuo ficou tímido e eu sugeri que ele se despisse primeiro e entrasse sob a ducha e eu entraria uns minutinhos depois. Claro que eu tive que ficar de costas para não espiar.
       Então, me livrei do resto da minha roupa e ocupei o mesmo espaço sob a ducha, Katsuo estava de costas e antes de mais nada, olhei demoradamente toda a sua nudez que ele me oferecia dando suas belas costas para mim.
           Ele tinha o corpo firme e viril, próprio dos praticantes de Kendo. Os ombros largos e a musculatura bem torneada, tinha pernas longas e um traseiro incrivelmente lindo.
     Mesmo antes de toca-lo, eu sabia que ele estava ligeiramente tenso, por isso mesmo me aproximei devagarinho e toquei de leve seu ombro algo avermelhado pela água quente da ducha.
__ A água não está demasiado quente?
     Sua voz calma soou e abri por completo o registro da ducha, sentindo a temperatura da água amenizar um pouco.
__ Acho que melhorou um pouco agora... Posso ensaboar as suas costas, Katsuo?
__ Eu posso fazer isso sozinho...__ Respondeu a olhar-me de lado.__ Mas, se queres pode fazê-lo._ E completou a dar de ombros.
     Claro que eu sabia que ele podia fazê-lo sozinho, eu só queria mesmo um pretexto para poder tocar demoradamente sua pele. Contudo, dado o seu tom sério, acho que ele não percebeu de todo a minha intenção.
    Derramei um bocadinho de sabonete líquido na bucha vegetal e deslizei por seus ombros e costas, numa suave descida por sua lombar... Eu sentia com minha outra mão a espuma alva que se formava na superfície da tez, em movimentos circulares.
       O erotismo da situação não alimentava tanto a excitação quanto eu tinha imaginado, enquanto eu retirava o resto da minha roupa, mas em verdade me preenchia de uma irretocável ternura.
     Ternura que pareceu descer pela ralo junto com a água e o sabão, assim que vi uma mancha roxeada derramada na altura de sua costela, um hematoma bem feio... Como eu não tinha visto isso quando estávamos no quarto?
    Talvez, fosse por causa da baixa luminosidade, as sombras e a penumbra que envolviam o nosso instante de intimidade.
     Ao contrário do quarto, o banheiro estava bem iluminado.
__ Quem fez esse hematoma na sua pele, Katsuo?__ Minha voz saiu grave, não pude evitar.
__ Ninguém...__ Katsuo disse baixo de cabeça baixa, deixando a água escorrer pelo seu rosto... Como se eu não pudesse entrevê-lo pela trasparência da água.
     Isso me deixou zangado, não apenas o fato de alguém feri-lo, mas o pior era Katsuo mentir para mim. A esponja vegetal estava em minha mão e eu a apertava imóvel contra a pele de suas costas, em meados de sua coluna.
__ Tenho a palavra idiota escrita na testa... Por acaso? Isso é mentira.
__ Não fica bravo...__ Katsuo se voltou para mim e beijou-me o ombro._ Foi  só um acidente...
__ Então, conta como foi.
    Fiz questão de encarar seu olhar, eu me sentia irritado e culpado, não queria que mentisse para mim.
__ Isso...__ Katsuo perdeu-se nas palavras, nem sequer era bom a mentir.__ Foi no Kendo... Numa disputa com o meu irmão... Não fica olhando assim para mim Lang! Não foi nada sério... Mesmo...
__ Hans nunca voltou machucado desse jeito... Isso foi uma briga, não foi?
__ Não foi briga... Meu irmão que sempre foi um pouco mais agressivo, mas... Fui eu quem aceitou a disputa...
     Encostei-me junto a cerâmica fria e cobertas de gotículas, agora olhando para a água que escoava pelo ralo.
           Vagamente.
__ Meu irmão fraturou meu braço quando eu tinha seis anos... Numa brincadeira de luta, treinando karatê.__ Contei me sentindo um pouco distante, a esponja vegetal caiu no chão e toquei por impulso o braço que ficara engessado quando eu era criança.
__ Não sabia que também praticas-te karatê... Acidentes acontecem, Lang...__ Katsuo se aproximou e acariciou meu rosto.__ Não vamos estragar o nosso momento por causa de um hematoma que eu tenho.
__ Desculpa... É uma lembrança ruim.
__ Não precisas de te desculpar quando fui eu quem te preocupou...
    Fiz um esforço para deixar essas lembranças ruins de lado, desencostei da cerâmica fria na parede e pus-me sob a ducha abraçando Katsuo pelos ombros. Abri um sorriso que era destinado a ele e mais ninguém...
         Engraçado como existem diferentes sorrisos, para diferentes pessoas.
             Eu nunca tinha reparado nisso até sorrir especialmente para ele, em meio ao quarto de banho tomado pelo vapor.
__ Eu vou ficar bem se você não se meter mais em disputas desnecessárias.
__ Eu prometo, foi uma vez sem exemplo...__Para selar a pequena promessa Katsuo estalou um beijo em meu lábios.
      Eu fechei os olhos por um momento, com nossas nudeses a se tocarem sob a água que caía com pressão. Beijei sua orelha, eu tinha vontade de dançar com ele ainda que não houvesse música... Mas, resolvi não dizer nada. Deixei o desejo guardado em mim.
     Após o banho, nós dois saímos para comer num lugar próximo a pousada, conversamos um pouco mais e quando retornamos, perdi a contagem do tempo em que nós ficamos a nos beijar. Sei que acabamos por dormir de conchinha... Era bem tarde.
      Mais uma vez, eu experimentava algo novo.
      Eu nunca havia dormido a noite toda ao lado de alguém que eu gostasse...
      Também pudera.
      Por um bocado de tempo, Katsuo e eu estivemos perdidos um do outro, como dois estranhos que tinham tudo para se amar.
                   Sem saber.

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