Um encontro acidental vai mudar a vida de dois rapazes .
Entre as diferenças do Kendo e da dança, Katsuo e Lang vão se apaixonar
E ainda que a vida de um casal homossexual seja vivida com alguns problemas para os dois basta ter um céu estrelado par...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Capítulo 3 Ligados pela divindade de seus nomes e o brilho das estrelas
Eu não tinha uma rotina de passeio noturno com o meu cão, mas após o esbarrão com o rapaz moreno, decidi tentar criar uma ou sair com um pouco mais de frequência. Saí de novo com Vogel no dia seguinte, mas não obtive sucesso. Não topamos com nenhum gato vadio ou moreno ao luar, mas ao seu jeito Vogel se divertiu mais do que eu. Na noite que veio a seguir choveu pra caramba, aí nem dava. Além do céu ter ficado encoberto pelas nuvens. Fiquei olhando o céu pela janela do meu quarto... Sério, comecei a me perguntar o que eu estava querendo ao reencontrar aquele moreno.
É meio estúpido e sem mencionar apavorante desejar rever alguém que você nem sabe o nome, mas eu acho que é como o fascínio incompreensível de um filme de terror. Você não quer olhar, mas quer olhar... Aí, você coloca a mão na frente do rosto, mas espia entre os dedos aquela cena que parece te cativar de um modo impossível de compreender. Aquilo te enche de medo e pavor, mas você precisa sentir aquele frio na barriga. A terceira noite caiu fresca e agradável sobre a cidade e como se Vogel lesse meus pensamentos, entrou no meu quarto abanando o rabo felpudo trazendo a guia de passeio na boca. Os olhos azuis pálidos de husky-vira-latas mais pidões de toda cidade. Eu não sabia no que isso ia dar, mas bolei um plano para fazer o reencontro durar caso voltasse a acontecer. Não era lá um grande plano, era até meio infantil... Mas, o que eu poderia esperar de mim? Achei que fosse infalível fazer o mesmo caminho do primeiro encontro casual, o gato não estava lá como da outra vez, mas Vogel estava me puxando a valer, fazendo a guia de couro queimar a palma da minha mão. Eu estava tão compenetrado em não ser arrastado por Vogel, que de fato levei uma espécie de susto quando viramos a esquina e me deparei com aquele mesmo rapaz de cabelos escuros e ar tranquilo, ali parado com as mãos no bolso. Seu sorriso me atingiu junto com suas palavras. __ As estrelas estavam dizendo que te iria encontrar. Fiquei desarmado porque soou poético, quase romântico. Custei um pouco a reagir e mesmo assim, quando enfim eu disse alguma coisa, parecia um perfeito pateta. __ Você estava mesmo esperando por mim?... __ Eu... só estava pensando que podias aparecer...__ Ele deu de ombros, puxando seu cabelo para trás da orelha como se fosse um tique nervoso... E foi aí que me perguntei se por trás de sua calma, ele também poderia estar ansioso como eu. Trocamos olhares e Vogel também o reconheceu pelo visto, chegou-se perto dele fazendo festa com a cauda, roubando toda atenção para si. __ Ele é mesmo um bom garoto!__ Riu e Vogel atirou-se para cima dele pedindo mais festa.__ E bem energético! Observei a cena com um sorriso pensativo no rosto e disse, meio que do nada... __ Hoje não quer caminhar com Vogel e eu? Trouxe chocolate para gente comer, se você quiser parar para apreciar as estrelas. __ Eu adoraria! Se a companhia de um estranho não incomodar...__ Deixou Vogel que também parecia farto das caricias em seu pêlo, se havia coisa que não podia deixar de ter era uma curvinha nos lábios em forma de sorriso. __ Não acho que sejamos estranhos, já que um estava esperando encontrar o outro... Eu sou Lang... Hiroyuki Lang.__ Eu disse, estendendo minha mão. Por dentro eu gritei "Isso! Finalmente, vou descobrir o nome dele!", ainda bem que ele não podia ouvir a euforia do meu pensamento. __ Bem... eu me chamo Kinoshita Katsuo.__ Aceitou o aperto de mãos, era como uma profecia em que dois estranhos se tornariam algo mais naquele esquina. E eu bem que pensei enquanto nós três saímos juntos naquela caminhada noturna que o nome soava tão sério quanto seu dono. Até depois de um tempinho andando, nós paramos na parte gramada de uma praça e até Vogel sossegou, como se estivesse imerso numa súbita onda de preguiça. Aproveitei para lhe dar um biscoito canino e tirei da minha bolsa transversal um chocolate para cada um. __ Faz tempo que não tenho companhia para fazer uma caminhada ou para ver as estrelas.__ Trincou o chocolate e deitou-se na relva olhando as estrelas cintilar no céu.__ Delicioso! Por minha vez, ainda estava sentado na grama levemente úmida. Não tinha mordido meu chocolate, estava olhando para Katsuo que tinha ares de sonhador enquanto fitava a noite. __ Mas... Por quê? Você não tem um bichinho de estimação hiperativo como o meu?__ Claro que eu ri da minha própria pergunta segundos depois. __ Nem hiperativo nem calmo...__ Fez bico com os lábios e seus olhos se desviaram para Lang._ Simplesmente não tenho nenhum.__ Suspirou como se lamentasse esse facto. __Poxa, mas que pena...__ Lamentei junto dele, porque uma vida sem o Vogel iria ser muito chata.__Quando eu tinha doze anos, minha mãe achou que meu irmão e eu precisávamos de algo em comum... Nós dois temos ideias muito diferentes. Por isso, fomos até o abrigo de animais escolher um mascote que pertencesse a nós dois. __ Acho que meus pais nunca se dariam ao trabalho de arranjar um cão para mim e meu irmão.__ Cruzou as pernas no ar.__ Eles preferem ver seus filhos se afastando.__ Era um lamento, sua mão pousou sobre o peito agarrando o tecido. Para que eu fui falar disso? Me senti um bocado estúpido por fazer o sorriso de Katsuo sumir. Não me contive e me debrucei sobre ele e com nosso rostos próximos, olhei em seus olhos. __ É claro que seus pais não querem isso, nenhum pai quer... Você pensa que deu certo adotar um cãozinho? Só por um tempo... Irmãos às vezes são um bocado como gatos e cachorros. __Tens razão.... mas ainda assim era uma boa desculpa para ter um cachorro.__ Riu não tirando os olhos das estrelinhas, acho que mal percebeu meus olhos buscando os dele.__Se há coisa que eu não entendo são as constelações.__ Moveu o dedo no ar como se fizesse um desenho e logo desistiu. O comentário de Katsuo me fez olhar para o céu e sei lá... Meio que atirei minhas costas contra a relva e mordi o chocolate fazendo uma careta para o firmamento. __ Para que você quer entender as constelações? Eu queria era entender a mim mesmo... __ Porque entender a nós mesmo pode ser ainda mais difícil.__ Katsuo virou seu rosto de lado a fitar-me.__ Mas eu não sei dizer qual é o mais dificil de entender, porque não entendo nenhuma das duas coisas. __ De uma coisa eu sei... Pra mim faz muito mais sentido olhar dentro dos seus olhos, do que tentar desvendar as estrelas. Senti Vogel deitar sua cabeça preguiçosa na minha barriga e o ouvi bocejar. __ Meus olhos dizem assim tanta coisa?_ Seus olhos tornaram-se baixos, fugidos dos meus. __ Dizem o suficiente para mim, Katsuo... Vamos marcar outra noite como esta? __ É... Bem por mim já estava marcado.__Ele ergueu-se ficando sentado na relva. Eu não tinha outra coisa para fazer se não sorrir para Katsuo em plena concordância, dei outra mordida no meu restinho de chocolate e Vogel fez um barulho preguiçoso quando os dedos de Katsuo afagaram sua orelha...
