Capítulo1
Não confundas sexo com amor
É uma lembrança meio antiga.
Lembro de estar deitado na cama da minha mãe e do meu pai, eu tinha acabado de chegar do hospital com o braço engessado e estava meio sonolento,eu tinha seis anos.
Tinha uma caixinha de música no criado mudo ao lado da cama tocando Pour Elise de Beethoven e numa parte vidrificada da caixinha, havia uma pequena bailarina girando ao som da melodia.
Meu solhos sonolentos ficaram fixos naquela bailarina, uma bonequinha tão miúda e delicada.
Naverdade, meu irmão quatro anos mais velho tinha fraturado meu braço por acidente enquanto brincávamos de luta, na ocasião nós dois fazíamos karatê... Eu era faixa amarela e Hans, esse idiota do meu irmão, era faixa laranja.
E antes que eu me esqueça, eu sou Lang... Hiroyuki Lang.
Nesse dia, eu resolvi que não queria mais lutar. Tomei nojo por lutas e combates.
Não me pergunte se foi por causa de Pour Elise, ou se foi por causa da pequena bailarina girando na caixinha de música. Depois de ficar três meses com aquele gesso porcaria pesando no meu braço, eu me decidi pela dança.
E vou te falar... Nem queira imaginar a cara do meu pai quando disseque queria fazer ballet.
O que ouvi até cansar, é que ia virar "uma bichinha" se fizesse dança.
Gente,pára... né? Eu tinha seis anos! Eu nem sabia o que era bichinha.
Claro que depois entendi melhor o que meu pai queria dizer... Eu prometi a ele que não ia virar bichinha, eu só queria dançar.
Evidente que se não fosse a intervenção da minha mãe, eu nunca teria entrado para o ballet.
Então,logo depois que tirei o gesso... Eu entrei para uma Academia de Dança e quanto ao meu irmão, dá para imaginar... Fez mais uns anos de Karatê e depois enveredou para o Kendo.
Tendo exposto a situação, vamos a parte complicada da coisa.
Eu desenvolvi um amor surreal pela dança. Certo... Isso era bom, mas o difícil era convencer meu pai de que eu não era gay, que eu continuava mantendo a promessa de que não me tornaria uma bichinha.
Pior do que isso, era convencer o meu melhor amigo! Quando eu não estava na Academia de Dança e Artes Cênicas, eu estava na casa do Takehisa Keiki. O pessoal da dança adorava se encontrar lá, porque tinha uma sala fenomenal para treinar coreografias, até a acústica era divina.
Então,um dia desses... Quando o pessoal já tinha ido embora e estávamos Take e eu deitados, suados e exaustos no chão, ele veio com esse papo sinistro.
__Lang ,sabe que você é gay... Né?
Qual é?... O Take que era gay, eu não... Não que eu soubesse.
E eu ri daquilo, fazendo um "tsh" desdenhoso com os lábios.
__ Sou não... Você já me viu por acaso saindo com algum cara?
__Mas, também nunca te vi com nenhuma garota.
__ Eu danço abeça com as garotas... Principalmente quando a gente faz "O Quebra Nozes".
__Não,não... Nem vem, seu interesse nelas é estritamente profissional...Seu perfeccionista fresco.
Eu me virei de lado e olhei para o Take, que estava obviamente rindo de mim.
__Take, pra mim já basta meu pai vindo com esse papo... Isso é preconceito da sua parte, achar que todo bailarino é gay.
E Take também virou de lado no piso encerado, preguiçosamente, aolhar para mim.
__ Eu nem acho que todo bailarino é gay... Mas, eu sei que você é.
__Sério? Cadê as provas?__ Desafiei, um pedaço da minha franja loira caía na minha cara.
Aí o Take sentou com as pernas cruzadas e uma safadeza a parte no olhar.
__Então... Me beija.
__Quê?__ Franzi o cenho, sentando no impulso.
__ Que foi? 'Tá com medinho de gostar?
__ É que eu não te vejo dessa forma, Take.
__ Ai, Lang... Que desculpa esfarrapada!__ Take me deu um empurrão no ombro, seguido de uma careta.__ Improvise um beijo cênico, se achaque é tão terrível me beijar.
Eu tinha um melhor amigo muito afetado mesmo... Revirei o olhar.
__ Que saco... Beijo cênico uma ova.__ Retruquei.__ Se é para fazer,melhor que seja direito. Coloque a língua nesse beijo.
__U-hu... Assim que se fala, mandão.
Suspirei recuando por um momento meu olhar, passando a língua nos lábios e um silêncio se colocou entre nós dois, quando voltei a olhar para Take vi que ele prendeu o riso colocando no olhar aquela malícia sensual.
Acho que a gente precisa disso, transformar aquilo num clima, ia ser muito estranho beijar o Take do nada... Soaria ainda mais sem sentido.
A nossa aproximação, a inclinação de nossos corpos parecia realmente uma encenação, era como uma coreografia exalando uma aura provocante.
Até que, fechando meus olhos, nossos lábios se tocaram.
Não era mal... Brincamos um pouco um na boca do outro, sugando os lábios e Take fez o que pedi, sua língua morna estava em sintonia com a minha. Até que dava uma sensação boa a nível de pele, uma fagulhinha de tesão macio na malha de ballet.
Mas...Nada além disso.
Afastei Take com jeito, pressionando de leve seu ombro, porque não valia a pena levar aquilo adiante por causa de um desejo oco e insensato do corpo.
__ E então?
__Nada, Take... Nadinha.
__ Ah,me engana...__ Ele desdenhou, passando seu olhar obtuso em mim.
__ Por causa de um início de ereção? Sossega! Não me apaixono com a cabeça do pau.
__Entendi...__Take zombou.__ Vai ver você é bi. Não, espera... Você é muito gay mesmo!
Eu dei de ombros em resposta, o mais sensato era não me apaixonar por ninguém.
Tendo somente vinte e dois anos, eu não me sentia pronto para esse tipo de coisa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Hoshi wa shitte iru
RomanceUm encontro acidental vai mudar a vida de dois rapazes . Entre as diferenças do Kendo e da dança, Katsuo e Lang vão se apaixonar E ainda que a vida de um casal homossexual seja vivida com alguns problemas para os dois basta ter um céu estrelado par...