Système Solaire.

007・COSMOS, PARTE DOIS

felix estaria mentindo se dissesse que não estava nervoso. havia recebido uma mensagem clara dos meninos dizendo que todos deveriam se encontrar na velha cafeteria de sempre — aquele local que continha as mais doces e ternas memórias das quais felix sempre tornava a relembrar. já tinha se passado um ano desde que conheceu hyunjin e changbin e todo aquele amor nasceu por ambos.

embora fosse muito tempo passado, ele respeitou cada instante dos demais. mas, cá entre nós, já era como uma relação tudo aquilo que os quatros tinham. seus olhos apenas não viam a beleza do amor, entretanto, suas almas estavam inebriadas pelas carícias singelas que o doce amor fazia ali, respingava uma tinta de tons vivos nas dermes destes, de modo que as cores iam além da pele, elas caíam sem alarde nos recantos mais sutis deles.

— oppa. — jiwoo chama por felix antes que ele possa ir embora. changbin havia faltado naquele dia por estar meio adoentado, só que ele disse que faria um esforço para ir até o local pedido. jiwoo ainda continuava igual a tempos atrás: tão superficial quanto suas jóias douradas das quais esbanjava sempre que podia. — as pessoas estão comentando que você anda de casinho com aquele menino do fundo. eu, particularmente, acho um absurdo que façam isso.

— que eles falem sobre o meu relacionamento? — perguntou um tanto quanto confuso. viu jiwoo mexer nos pequenos fios de cabelo que estavam fora do lugar, arrumar a vestimenta caríssima, e dizer:

— não, que digam mentiras ao seu respeito. onde já se viu um garoto tão belo quanto você sendo taxado de um modo tão vulgar. você certamente não é... — ela parecia estar fazendo um esforço sério para pronunciar as seguintes palavras, o que somente deixou felix mais perdido, confuso e chateado. — gay. acho um ultraje que o chamem disso.

dentre todas as coisas que jiwoo poderia ter dito, esta se encaixaria com a mais homofóbica possível. já tinha falado por alto a respeito da comunidade, mas, agora, ela dizia com exatidão todas as coisas das quais felix desejava não ouvir.

— jiwoo, querida, não há problema algum em ser quem sou. — rebateu massageando as têmporas. ajustou a mochila no ombro, respirou fundo e antes de sair, disse: — vulgar seria eu não aproveitar minha vida amando os meus três amores. passar bem.

saira dali tentando conter o peso que caía sob o coração. sabia que já era um caminho difícil ser assumidamente gay em uma sociedade tão preconceituosa e conservada — meus sinceros foda-se, pensou felix — e ter indícios de um poliamor... era mais árduo ainda.

é, mas felix bem sabia que não iria abaixar a cabeça para comentários dos quais sua vida não precisava.

「 • • • 」

assim que encontrou os meninos, percebeu o quanto ambos pareciam ligados entre si. hyunjin mostrava a christopher alguma coisa escrita em um pequeno caderno enquanto changbin se mantinha abraçado a hyunjin. assim que a lua se foi, o sol ocupou todo o espaço necessário para iluminar todos aqueles precisavam de si.

— oi. sobre o que desejam falar?

foi direto ao indagar tal coisa. pediu um café com leite para o momento, sabia que a cafeína poderia o ajudar com a situação que se desenvolvia e percebeu os olhares cúmplices dos três entre si. percebeu que os dedos destes ficavam batucando sob a mesa em questão, coisa que não passou despercebida por felix. estavam estranhos e a curiosidade somente crescia no interior de felix.

— chan hyung nos explicou algumas coisas e tanto eu quanto bin hyung pensamos sobre. — explicou hyunjin após provar do cappuccino que eventualmente escolheu. um bigode por conta da bebida pôde ser visível e lee não conteve as risadas baixas. changbin murmurou no ouvido de hyunjin e o mesmo limpou onde estava sujo. — ele nos disse que, embora você esteja gamadinho na gente, que vem guardando todos os seus sentimentos pela gente. lix, toda a doçura existente em seu coração deixa os dias melhores. eu sinto isso.