"Seja uma verdadeira rainha. Seja a rainha que por você qualquer homem morreria. Sinta medo como qualquer pessoa, mas como rainha, não pode deixar isso te controlar."
Mary é rainha desde muito nova. Sua mãe, Marie de Guise, reinava enquanto prepara...
- Uma festa ? - Philip tentava compreender sua esposa com a ideia repentina - o que pretende com isso ?
- Ora, a última comemoração que fizemos foi o nosso casamento. Pensei que seria uma boa ideia fazer uma festa como uma forma de distração. Ainda não posso anunciar minha gravidez, mas tem quase dois meses que não aparecemos de maneira pública, e nem podemos. Sendo assim, façamos que venham até nós. - Mary estava realmente com um ar de rainha, determinada e calma
- Sim, de fato é uma boa ideia. Mas quem devemos chamar ?
- Pensei que você poderia chamar sua mãe, ela ficará feliz em nos visitar. Também pensei em chamar a família real francesa, não quero perder o laço que minha mãe tanto lutou, aliás, vou chamá-la também.
- Está bem. Já podemos começar os preparativos então.
~
Uma semana depois, Mary já completara seus dois meses de gestação. Ela receberia os convidados na manhã seguinte.
- James, não acredito que vou dizer isso mas estou nervosa, estou ansiosa, eu...eu não sei, eu não costumo ser assim. - Mary se embolava com as palavras tentando manter a calma
- Mary, respire. Não há nada com o que se preocupar. Só está nervosa para receber pessoas que te ajudarão quanto o seu reinado, e como Philip não sabe de nada, é normal ficar angustiada. - James tentava o possível para acalmá-la diante de seu tamanho nervosismo, nunca a vira assim.
- Eu sei. Não consigo compreender porque estou assim, não há nada a temer, certo ? - Mary inspirava fundo na tentativa de contratar seus batimentos - Aliás, eu só preciso falar com Francis, será breve e eu também estarei ajudando a ele. Será isso, apenas isso.
~
Ao amanhecer, Mary acordou bem cedo para receber a família real. Estava ansiosa demais para continuar dormindo. Chamou suas damas e começou a se aprontar, precisava ficar esplêndida, pelo menos era nisso que ela tanto insistia.
Após checar várias vezes se os preparativos estavam em seus perfeitos estados e que os quartos que iriam abrigar a família real francesa estavam prontos e aconchegantes, Mary recebe a notícia de que a família real havia chegado.
Ela tentou parecer o mais calma possível, não seria nada bom se alguém perceber o quão nervosa estava. Ao chegar nos grandes portões do castelo, Mary viu a carruagem parando e se aproximou a uma determinada distância para fazer a recepção. Guardas reais pararam em fileira fazendo um pequeno corredor para que eles pudessem sair da carruagem. Mary não se lembrava muito bem de como era o Francis, sabia apenas que tinha o cabelo loiro cacheado e olhos azuis, mas como faziam anos que não se viam, ela não sabia bem o que esperar.
Saindo na frente, o rei Henri em seu esplendoroso porte real, possuía certa animação ao chegar no castelo. Virou-se para a carruagem e deu a mão para ajudar sua esposa, a rainha Catherine, a sair. Os dois se colocaram lado a lado dificultando para ver Francis sair logo atrás, era como se ele estivesse no papel de uma sombra dos pais.
Rei e rainha andaram lado a lado para cumprimentar Mary, com Francis permanecendo atrás, apenas esperando sua vez de ir falar com ela. Mary estava tão perdida em seus pensamentos que quase não percebeu quando se aproximaram.
- Majestade. - Henri, que antes estava agarrado a esposa, agora fazia uma bela reverência apenas com a cabeça, acompanhada da de Catherine. - é uma honra poder receber o convite de vossa graça, havia muito tempo que não entrava em contato com a Escócia, aposto que com a nova rainha as coisa irão melhorar. - seu rosto portava um sorriso breve porém charmoso, o estômago de Mary revirou só de lembrar de suas intenções com as mulheres
Catherine já devia saber disso também, pois percebeu e ainda assim não demonstrou incômodo, apenas concordou com o que ele disse. Mary, porém, disfarçou dando um sorriso fraco.
- Eu que agradeço por terem o aceitado, o laço entre França e Escócia não deve nunca ser perdido, e não digo isso apenas por política, é sempre bom ter amigos para festejar, não é mesmo ? - Mary sabia bem inflar o ego de Henri
- É claro. - Henri concordou totalmente admirado
- Mas onde está Philip ? Ele não deveria estar aqui também ? - indagou Catherine com certa desconfiança
- Provavelmente, mas eu o dispensei para que pudesse cuidar dos preparativos e depois descansar um pouco para mais tarde. As tarefas reais ficaram sujeitas apenas para a rainha. - se Catherine queria se mostrar experiente nos assuntos reais, Mary irá lhe mostrar em qual castelo eles estão.
- Tem razão. Afinal, você é quem manda aqui de fato.
- Bom, porque não vamos entrando ? Podem ir se acomodando em seus quartos, os servos os guiarão até lá. Qualquer coisa que precisarem, serão atendidos. - Mary queria acabar com aquela conversa o quanto antes
- Sim, a viagem foi bem cansativa. Aproveite então para falar com Francis, acabamos nos esquecendo de dar espaço a ele, nos perdoe. - Mary apenas disse um "sem problemas" e eles seguiram para dentro do castelo.
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Francis, que antes estava mais atrás e fora da vista de Mary, agora aparecia claramente enquanto se aproximava para cumprimentá-la. O rosto de Mary se iluminou na mesma hora e não pôde deixar de sorrir com o que estava na sua frente. Quando estava a poucos passos dela, Francis fez uma reverência que lhe foi retribuída brevemente por ela.
- Majestade. - Francis que até então se manteve calmo e sereno, sem perceber prendeu a respiração quando a viu sorrir, não sabia como e nem porquê, mas ao vê-la tão radiante em sua frente, sentiu como se fosse uma criança de novo
- Alteza. Fico feliz que tenha vindo, já tem muito tempo que não nos vemos, já era hora de quebrar o clima tenso entre nossos países.
- Bom, também fico feliz em vê-la, mas você fala como se eu já fosse o rei. A França ainda não é minha então permita-me discordar. - Francis tomou um tom mais brincalhão e Mary não conseguiu evitar o riso, o que fez com que Francis se animasse ainda mais.
- Ora, muito em breve será. Acredito que serás um bom rei, e também terá o meu apoio, não vejo porquê pensar em você menos do que isso. - Mary não queria parecer fraca diante de Francis e fazer tantos elogios, mas era difícil evitar, que droga, por que era tão fácil perder a armadura que ela contruíra ao seu redor quando falava com ele ?
- Sinto-me imensamente agradecido por vosso elogio, não esperava ter uma recepção assim tão boa.
- Que nada. Venha, posso te acompanhar aos seus aposentos ?
- É claro. - Francis não conseguiu evitar se estremecer de ansiedade com ideia de ela o levar para seus aposentos. Que diabos estava acontecendo com ele ?
Dobrando a esquina que dava a um dos corredores do castelo, Mary olhou ao redor e viu que não tinha ninguém, puxou Francis para perto de uma das janelas e disse baixinho :
