A Entrega

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Narrado Eliane Giardini

- Oi Tânia - falei um pouco tensa.

- Oi, onde está o Werner? - falou calma, até achei estranho, eu e Tânia já trocamos tantas alfinetadas, mas lembrei que o Werner disse que ela tinha mudado.

- Ele está gravando e deixou o celular comigo em caso de alguma emergência de ligação - expliquei normalmente.

- Ah , tudo bem, deve está super corrido para vocês aí não é? - ela começou a puxar a assunto e eu estranhei o rumo da conversa.

- Um pouco corrido - forcei uma risada.

- Você quer eu chamei ele? - perguntei sem graça com a situação.

- Não! Não precisa, Eliane. Eu liguei para conversar amenidades mesmo - escutei o som da sua risada.

- Pode deixa ele a vontade, depois eu retorno. E você como está? Eu vi que suas filhas estão no mesmo caminho que você - tirei o celular do ouvido para conferir se era mesmo Tânia. Sorri em silêncio com a pergunta e respondi.

- Sim! As duas estão seguindo para carreira artística, eu e o Paulo estamos dando total apoio - falei orgulhosa de minhas filhas.

- É bom ficar corujando os filhos né? - perguntou.

- Sim! O Werner disse que você está com uma exposição nos EUA, parabéns! Ele sempre conta dos seus trabalhos e mostra imagens do seus quadros - falei olhando para uns dos quadros dela na minha frente.

- Realmente são muito bonitos - completei.

- Obrigada! Agora estão me chamando aqui na galeria, bom trabalho para vocês. Avisa ao Werner que eu liguei - falou com um pouco de pressa.

- Obrigada, pode deixa que eu aviso sim - desliguei. Fiquei pensativa e confusa com a ligação. Me levantei e recolhi algumas das minhas roupas e fui para o quarto do Werner, ele já tinha saído do banho e estava se vestindo.

- Já estou quase pronto, deixei uma toalha para você no banheiro. Pode ficar a vontade - ele se aproximou para me beijar e me afastei.

- Obrigada - fui em direção ao banheiro e ele me puxou pelo braço.

- O que foi que aconteceu? - entreguei o celular a ele.

- Olha a última chamada, eu vou tomar um banho - entrei no banheiro. Durante o banho, lembrei das palavras de Tânia, foi estranho o comportamento dela, mas essa ligação me fez cair na realidade da loucura desses dias, do local que eu estava e do que tinha feito com um homem casado e colega de trabalho. Depois da ducha morna, coloquei minha roupa e fui até cozinha. Werner estava terminando de colocar a as coisas para o café na mesa.

- Você aceitar um café ? - perguntou sorrindo.

- Sim - sentei na cadeira, ele colocou o café na minha xícara e sentou do meu lado.

- Então você e a Tânia conversaram ? - ele falou calmo.

- Sim, você tem razão, ela mudou muito. Foi super simpática e até puxou assunto - ele escutava atento cada palavra que eu dizia.

- Confesso que achei estranho e fiquei incomodada - fui sincera.

- Eu imagino. Ainda lembro das crises de ciúmes dela - falou sorrindo de lado.

- Não foi a conversa que me deixou incomodada, foi a situação. Eu tive que mentir, Werner! Eu falei com a sua esposa, na sua sala depois de ter passado a noite junto com você. Isso que me incomodou, foi estranho. A Tânia me puxou para realidade e... - não me permitiu finalizar a frase.

Contigo en la distanciaOnde histórias criam vida. Descubra agora