Decisões

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Narrado por Werner Schünemann

A festa seguiu normalmente para todos, enquanto eu me sentia péssimo. Não era ali que eu queria estar, me esforçava para disfarçar meu descontentamento, mas minha cabeça estava o tempo todo em Eliane. Eu não podia tê-la magoado. Pensei na nossa despedida de mais cedo e imaginei o quanto ela deve ter se esforçado para me agradar. Alguma coisa dentro de mim doía, a culpa me fazia sentir um gosto amargo. Alguns dos meus amigos se despediram e eu decidi largar tudo e ir atrás da Eliane. Fui atrás da chave do carro, mas quando entrei na sala de estar, senti alguém tocar meu braço.

- Tocaio - Luis me chamou.

- Oi - respondi desanimado.

- Eu percebi que você mudou depois da ligação. Foi a Eliane não foi? - perguntou sério e assenti.

- Eu não sabia dessa festa - passei as mãos pelo meu rosto.

- O que aconteceu? - perguntou preocupado.

- Nós passamos o fim de semana juntos em Petropolis. Fizemos planos. Ela preparou um jantar pra mim mas essa festa estragou tudo - falei mais alterado.

- Mas ela sabe da sua situação, a festa foi surpresa... - falou.

- Mas ela já estava com tudo pronto, Luis. A Eliane se mostra uma mulher forte, mas ela é muito sensível. Ela não merece isso - falei chateado.

- Não mesmo, tocaio! Eu não quero ver minha amiga sofrer - olhou sério.

- Eu também estou sofrendo por ela ter terminado comigo, mas eu amo ela Luis, esse fim de semana me fez perceber isso. E eu vou atrás dela agora - peguei a chave no balcão.

- Werner, não faz isso - me impediu.

- Raciocina, a Tânia está aí, alguns convidados também. Você não pode fazer isso - apontou.

- Eu preciso ver ela! - retruquei m.

- A Tânia já percebeu que alguma coisa está acontecendo. Mulher não é boba. Você precisa pensar na Eliane também. Não expõe ela a esse risco. Se você sair assim, só vai levantar suspeitas - falou calmo e respirei.

- O que eu faço? - o olhei.

- Conversa com a Eliane pessoalmente e antes de tudo decida o que você quer pra sua vida - respondeu firme e assenti. Luis tinha razão, eu não podia me precipitar, Tânia já estava estranha e para piorar as coisas não faltava muito. Foi difícil terminar a noite. Tentei ligar algumas vezes de dentro do banheiro, mas Eliane não atendeu. Quase não dormi e acordei triste, sentindo um vazio e sabia bem o porquê. Sai cedo de casa e fui para os estúdios. Gravaria uma cena romântica com Eliane hoje e isso me fez sentir um frio na barriga. Assim que cheguei, vesti meu figurino. Uma roupa elegante, já que seria o casamento de Pérola e Max. Estava curioso para ver Eliane, assim que me aprontei, peguei meu script e fui até o camarim dela. Bati duas vezes e empurrei a porta depois de ouvir o "entra". Ela também já estava vestida. E muito linda por sinal. Usava o vestido de noiva branca, com manga longa e vários detalhes de pedras. Foi inevitável sorrir ao vê-la. Ela estava em frente ao espelho retocando o batom e virou bruscamente ao me ver pelo reflexo.

- Eliane, nós podemos conversar? - a encarei.

- Não Werner, não temos mais o que conversar - respondeu firme e me aproximei.

- Eu não queria que tivesse acontecido isso, eu não sabia da festa e nem que todos estavam na minha ca... - ela se afastou.

- Eu não quero saber das suas explicações. O que nós tínhamos acabou ontem - percebi seus olhos marejarem.

Contigo en la distanciaOnde histórias criam vida. Descubra agora