Promessas

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Narrado por Eliane Giardini

Eu estava chateada pela forma com que Werner havia me tratado. Jamais pensei que ele fosse tomar aquela atitude e me dizer coisas que realmente não fazem o menor sentido para mim. Eu notei seu ciúme, não vou negar, parecia fofo no início, mas depois tomou proporções descomunais a ponto de me deixar sozinha naquela sala. Gravei as cenas que restavam do dia com atenção quase a nível zero, a discussão me desconcertou e passamos duas vezes a mesma cena, pois ou não me lembrava de uma bendita frase em específico. Na volta para a casa, eu dirigia pensativa e só recordava de suas palavras para mim "Eu só acho que você tem que ficar mais atenta com as coisas. Você é um pouco ingênua, Eliane." Meu coração ficou apertado, porém não liguei para ele. Meu orgulho não deixou e talvez ele não estivesse mais disposto a falar comigo hoje. Ao chegar, adentrei em minha residência, tirei as sandálias e as deixei em um canto da sala. Deitei no sofá, descansando meu corpo da tensão que passei pela manhã com Werner. Além de não almoçar, não como nada desde o café da manhã. Meu relógio de pulso já anunciava o cair da tarde, então decidi tomar um banho e relaxar. Tomei uma ducha morna e coloquei um vestidinho preto, leve e soltinho. Desci em direção à sala e andei no sentido da cozinha para comer alguma coisa, estava ficando com fome. Parei antes na sala para verificar se havia alguma mensagem ou ligação de Werner, mas não havia nenhuma das duas coisas. Tudo isso está me deixando ansiosa e angustiada. Eu também disse coisas que não cabiam ao momento, e tudo foi um grande balde de água fria no meu relacionamento com ele. Coloquei o celular em cima da mesa de centro e caminhei em direção à cozinha, porém cessei os passos ao ouvir a campainha tocar. Deve ser uma de minhas filhas que vivem mais fora de casa do que dentro. Fui até à porta e ao abrir, senti meu coração disparar pela suspresa de ver o Werner parado em minha frente e com a mão direita para trás. Ele me olhava como quem está prestes a pedir desculpas. Na mesma hora me veio à mente todas as coisas que ele me disse e endureci um pouco meu coração, mesmo ao vê-lo tão lindo diante de mim.

- Me perdoa pela coisas que eu falei - disse sereno e com receio de minha reação.

- Olha, Werner, eu não quero mais discutir com... - fui interrompida quando ele me mostrou o que estava escondendo. Eram dois botões de rosas vermelhas e foi impossível não inalar o doce perfume que exalou delas.

- Pra você! - estendeu as mãos e esperou por minha atitude.

- É de coração, Eliane - aproximei-se de mim e tocou a maçã de meu rosto.

- Você quer me comprar com essas rosas? - afastei sua mão e ele ficou sem graça.

- Claro que não, estou aqui para me redimir com você. Eu não deveria ter feito aquilo - foi sincero comigo. Olhei para as rosas e lembrei-me de nossa situação.

- Werner, eu pensei bastante hoje e tudo o que passou por minha cabeça foram as consequências disso que estamos fazendo - soltei as palavras e ele não aceitou.

- Olha nos meus olhos, eu não estou mentindo pra você, muito menos te enganando. O que eu mais quero é estar aqui. Eu escolhi isso, porque só tenho uma motivação para acordar de manhã - paralisei com as palavras firmes que ele proferia.

- É você! - concluiu o pensamento.

- Eu também sinto isso, Werner. Só que não suporto desconfiança e muito menos aquilo que vi hoje. Eles perceberam que você estava diferente e podiam até ligar os pontos já que estavam falando de mim - avaliei o ocorrido e ele concordou.

- Eu sei que fiz mal, vou prestar mais atenção. Mas de uma coisa tenha certeza, eles te olham de um jeito que não gosto. Olhar de desejo - falou emburrado.

- Eu vou me cuidar, mas saiba que não tenho olhos para nenhum deles, além do mais você é cobiçado que eu sei. E sei também que não posso agir como uma adolescente com ciúme do primeiro namorado - minhas palavras saíram secas e ele silenciou. Ficou um clima estranho, então ele decidiu quebrar o constrangimento.

Contigo en la distanciaOnde histórias criam vida. Descubra agora