O Impulso

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Narrador por Eliane Giardini

Ficamos em silêncio por alguns minutos, se ouvia apenas o barulho do barco balançando levemente. Werner olhava para cima como se tentasse se controlar. Minha vontade era continuar de onde paramos, de fazer o que eu tinha vontade e deixar que ele também realizasse seus desejos, mas eu não podia. Não podia voltar a cometer o mesmo erro de anos atrás, não queria acostumar a ter ele em minha vida outra vez. Comecei uma luta contra mim mesma.

- Desculpa... - passei as mãos pelo meu rosto.

- Eu não deveria ter vindo - levantei e parei na frente dele.

- Você veio por algum motivo - ele também se levantou.

- Pela sua companhia, por sua amizade... - desviei o olhar quando ele me encarou.

- Então me desculpa por não resistir a você e querer te agarrar a cada instante - segurou meus pulsos e sua boca rapidamente alcançou meu pescoço.

- Werner... - sussurrei tentando fugir mas ele me segurou firme e em seguida beijou minha boca. Tentava manter a sanidade ao sentir seus puxões em meu cabelo. Werner tinha algum poder sobre mim e não sabia de onde vinha isso.

- Chega, eu já disse pra parar, por favor, Werner - consegui empurrar seus ombros e nos afastamos ofegantes. Limpei meus lábios e ele respirou fundo.

- Ai uruguaina, o tempo só te deixa melhor - falou rouco e levantou a alça do meu vestido. Eu nem havia percebido que estava fora do lugar e sorri.

- Vamos embora? Eu ainda tenho compromisso com as minhas filhas - menti e ele segurou minha mão.

- Mas já? Podemos dar mais uma volta, comer alguma coisa - insistiu.

- Eu adoraria, mas realmente já estava combinado - menti outra vez.

- Tudo bem, vamos voltar e você promete que em breve teremos outros passeios? - me olhou quase suplicando.

- Se tivermos uma trégua no trabalho, quem sabe. Mas nas próximas vezes vai ser em um lugar público, pra você nem chegar perto - apontei o dedo e fingi falar brava, ele riu segurando meu pulso.

- Você fica ainda mais linda brava - beijou meu dedo e depois minha mão, acabei rindo também.

- Chega, vamos embora mesmo - falei e ele concordou. Voltamos para a cabine e ficamos conversando durante todo o trajeto da volta. Realmente tínhamos muito trabalho para essa nova fase da novela e esse assunto sempre acabava se sobressaindo. Alguns minutos depois voltamos a costa. Werner me levou até a porta do meu carro.

- É uma pena você precisar ir, queria passar mais tempo com você - falou quando destravei o carro.

- Não é suficiente as oito horas de gravação por dia? - ri disfarçando.

- Lá é ótimo, por estar com a Eliane atriz, mas aqui é melhor, porque eu prefiro estar com a Eliane pessoa - eu balancei a cabeça ao ouvir.

- Eu sei que sou uma companhia agradável - falei brincando para mudar o assunto.

- Mas nos vemos no trabalho, general - sorri e antes de abrir a porta ele segurou meu braço.

- Werner? - olhei para os lados.

- É só um abraço de despedida - me encostei no carro, mas não consegui dizer não ao abraço. Rapidamente nossos corpos se encostaram e ele me apertou contra si.

- Vai com cuidado, qualquer coisa me liga - falou baixinho.

- Tá... você também - beijei seu ombro e quando nos afastamos meu celular começou a tocar, olhei para o visor e era a Mariana, ele também viu.

Contigo en la distanciaOnde histórias criam vida. Descubra agora