* Prólogo

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Os gritos reverberavam pelas paredes do camarim. Os sete pares de olhos puxados e pintados com delineador preto esfumaçado, com suas roupas brancas brilhantes, usando brincos nas orelhas, bandanas ou bonés nas cabeças e jaquetas com lantejoulas combinando, faziam um aquecimento básico antes de iniciar a jornada de duas horas e meia de show. A atmosfera tensa. Os sorrisos incertos. E o som continuava tremendo as paredes do camarim comunal.

Não poderiam fugir dali. Era a hora que todo aquele público mais aguardava. Anos de espera e de concretização da felicidade. Seus ídolos cantariam ao vivo e cada um dos milhares de corações ansiosos aguardava aos berros, com os corpos invadidos pela adrenalina do momento.
Namjoon pegou uma garrafa de água e sorveu grandes goles, tentando acalmar seus pensamentos. Entregou a garrafa para Jungkook que estava ao seu lado e sentiu o leve tremor da água dentro dela. Aliviaria o peso da responsabilidade das costas de todos os seus amigos de grupo se pudesse, como o bom líder que era, mas não era possível. Apenas esperou que o garoto mais novo do grupo tomasse uns goles e se acalmasse um pouco. Agarrou o ombro dele e o massageou. Uma prática bastante comum entre eles. Um tentando garantir que o outro conseguisse relaxar antes de uma apresentação. Naquela noite e nas noites anteriores das últimas semanas isso estava acontecendo com mais frequência do que acontecia antes. A cada momento de tensão que passavam antes da entrada no palco, ele se lembrava do show em que o caçulinha da equipe passou muito mal. O médico de plantão teve muito trabalho para conseguir cuidar dele. A temperatura corporal estava muito alta. Os batimentos cardíacos acelerados demais. O ar não encontrava uma maneira de chegar aos pulmões. Nem todo o preparo físico que tinham todos os dias os prepararam para aquela situação de emergência. Namjoon olhava para a mão trêmula de Jungkook imaginando se algo como naquela noite aconteceria de novo.

O amigo lhe lançou um sorriso e mexeu os ombros, tentando aliviar a tensão. Jin, o integrante mais velho do grupo, massageou os ombros de Namjoon também e, assim, uma fila com os sete amigos, um massageando os ombros do outro, foi feita. O empresário entrou no camarim e olhou a cena, abrindo um sorriso.

— Umas fotos antes de começar?
Eles se posicionaram, uma série de gracinhas foi dita, as piadas de sempre, o clima quase fácil de se levar. Não importava quantas vezes fizessem aquele ritual de show, eles sempre sentiam a esmagadora sensação de que algo pudesse dar errado. O medo de decepcionar os fãs. O peso de fazer o melhor durante a apresentação que seria a única para muitos deles.

Algumas frases em espanhol foram ensaiadas. Um tirando sarro do outro por conta da péssima pronúncia.

Eles se sentaram e vários repórteres foram convidados a entrar.
Muitas perguntas foram feitas em inglês e Namjoon respondeu a cada uma delas, sempre servindo de porta-voz intérprete do grupo.

Mas quando lhe perguntaram sobre o suposto relacionamento entre ele e Shin Yoon, a estrela sul-coreana mais badalada do momento, ele engoliu seco e demorou um pouco mais para traduzir. Os colegas do grupo deram risadas e Jin saiu na defesa do amigo, explicando que isso não passava de fofoca, pois o grupo não tinha tempo (nem autorização) para se envolver em relacionamentos.

Ninguém notou Jungkook, paralisado, na ponta do sofá. Quando Namjoon dirigiu a próxima pergunta a ele, o caçula do grupo apenas sorriu sem jeito e afundou de novo no encosto do sofá, voltando-se para seus próprios pensamentos.

Estrela CadenteOnde histórias criam vida. Descubra agora