* Capítulo 10 - Namjoon

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Nem acreditei na sorte que tivemos quando os policiais nos encontraram. Havia homens feridos sendo algemados por todos os lados. Uma ambulância nos aguardava com um médico e dois enfermeiros para nos atender. Sentamos um de frente ao outro enquanto nos examinavam. Pelo menos, fomos bem tratados, na medida do possível, claro. Já que cárcere privado nunca poderia ser tido como uma boa maneira de ser tratado. Ouvimos os gritos da senhora maluca apaixonada pelo meu Jungkook. Ela fora presa junto com todos que se esforçaram no seu trabalho de sequestro.

Apesar de tudo que aconteceu, posso dizer que esse sequestro me ajudou a conhecer os sentimentos do meu amigo e a descobrir um pouco mais de mim mesmo. Fiquei parado ali, tomando soro com vitaminas na veia enquanto faziam o mesmo com ele. Em nenhum momento ele deixou de me encarar. De vez em quando, parecia que conversávamos sem palavras. Apenas nos falávamos com o olhar. Ele sorria. Eu espelhava seu sorriso. Desejei que fôssemos deixados a sós para podermos conversar com mais privacidade, mas os profissionais da saúde que nos acompanhavam eram muito eficientes. O meu consolo era poder roçar meu joelho no dele. O leve toque esquentava meu corpo inteiro. Brincávamos de bater de leve um joelho no outro, já que os braços estavam meio imobilizados com o soro que entrava por nossas veias.

Quando chegamos ao hospital em Seul, nosso empresário nos aguardava, rodeado por centenas de repórteres da tevê do mundo inteiro. Saímos da ambulância direto para a sala de exames de corpo de delito. Nossos corpos tinham alguns hematomas arroxeados e precisaríamos de uns dias de molho para nós nos recuperarmos do trauma, além de uma terapia básica com profissionais da área. Eu não queria nada daquilo. Só pensava nos lábios de Jungkook e em como nossa vida seria daquele dia em diante.

Levamos muitas horas para poder retornar ao nosso lar. Não via a hora. Fomos engolidos por vários abraços e muitas lágrimas.

- Eu queria saber como vocês chegaram até nós. - perguntei a ninguém específico, ao me sentar no sofá no meio da sala de estar da nossa casa, já no início da noite. O sofá em L estava apinhado de gente e foi nosso empresário quem começou o relato:

- Parece que o Jin esqueceu um aparelho celular no bolso do seu moletom.

- Eu não entendi quando foi isso... - Jin interrompeu.

- Uma mulher ligou para ele, mas não se identificou...

- Mulher? Ninguém tem meu número, além da minha família.

- Assim espero - o empresário continuou -, uma pessoa deu um toque para uma das moças de que o celular do Jin estava com vocês, então a polícia começou a rastrear.

- Mas a bateria do aparelho durou pouco.

- Nós imaginamos, mas foi o suficiente.

- Teve uma ligação anônima dando a dica do lugar também. - Tae informou.

- Então, basicamente, uma série de mulheres anônimas os levaram a nossa localização?

- Se você quer colocar nesses termos... - Hobi falou.

- O que importa é que estamos de volta sem maiores danos.

Observei que Jungkook ficou em silêncio o tempo todo, uma hora abraçado com um, depois com outro. Sorria, me olhava como se estivesse prestes a me dizer algo, mas logo voltava para seu silêncio. Depois de garantirem que todos nós estávamos bem alimentados, nossos amigos e familiares se despediram e foram embora.

Jungkook saiu da sala para tomar banho e fui correndo ao meu quarto esperando para ver a Estrela e agradecê-la, pois, de alguma maneira, eu sabia que ela havia dado um jeito de interferir na nossa soltura. Mas nada, não sobrou nem pó de estrela para contar história. Eu diria que a ausência de vestígios da moça seria a prova cabal de que tudo não passara de apenas de sonho.

Estrela CadenteOnde histórias criam vida. Descubra agora