Capítulo 22: Pensamentos caóticos.

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Enquanto Luxus acendia um cigarro para fumar na janela do quarto onde estávamos hospedadas, eu ficava relembrando do meu passado podre e de todas às coisas ruins que haviam me atingido, e acreditem... Não foram poucas.

Quando eu tinha meus doze anos de idade, tinha sonhos como todas as garotas da minha idade (ao menos grande parte delas) tem, que é a de conhecer um príncipe encantado, namorar, casar, ter filhos, ter um emprego e ser feliz para sempre, mas é incrível como tudo é tão perfeito diante do nossos olhos.

Eu tinha uma mente boa! Eu era uma garota doce e gentil, mas o inferno a qual fui submetida não desejo nem mesmo ao meu pior inimigo.

Aos onze anos de idade, o início do meu pesadelo quando recebo a notícia junto de meu pai que mamãe acabou de ser levada ao Hospital das Clínicas com traumatismo craniano por ser atropelada por um jovem de bicicleta que apresentava um nível altíssimo de embriaguez.

Com a morte de mamãe, meu pai se tornou um monstro em um curto espaço de tempo.

Além de me culpar por tudo que havia acontecido, ele chegava em casa extremamente bêbado, me xingava e me agredia fisicamente, mas ainda assim, eu encontrava refúgio no meu quarto com a minha amiga imaginária que eu havia desenhado e na escola onde conseguia me distrair um pouco com as minhas colegas de classe.

Tinha um garoto da qual gostava profundamente, ele era doido, mas sempre tinha um sorrisao no rosto e estava sempre feliz, mesmo com os outros alunos tirando sarro da cara dele, conseguia achar algo que o fizesse feliz por um instante. Ficava admirada toda vez que eu o via.

Mas, como eu estava dizendo.... O pior dia da minha vida, foi quando os meus sonhos foram arrancados de mim de forma brutal, física e sem nenhum remorso.

No dia em que eu cheguei em casa um pouco mais tarde (20 minutos para ser mais exata), meu pai estava completamente transtornado, sob influências de drogas, alcool e com muita raiva, olhou para mim e veio em minha direção naquele estado, tentei escapar dele mas ele me acertou com o casco de pitú que havia acabado de terminar de ingerir, me despiu toda e tirou todos os sonhos que eu tinha naquela tarde triste e, como se não fosse o suficiente, teve a coragem de me cortar o rosto com o caco de vidro que tinha sobrado do casco quebrado.

No meio da noite, aproveitei que estava tudo escuro e, mesmo em profundo estado de choque e transtornada com tooodos os eventos recorrentes e meu rosto ainda ardente do corte e meu corpo violado e extremamente dolorido, cheio de hematomas, arranhões e traumas, coloquei algumas roupas que eu tinha numa bolsa pequena, peguei alguns documentos que eu tinha e saí de casa pela janela.

A única coisa que ainda me mantinha viva era a esperança de ver aquele garoto, mas com todos os ocorridos eu passei a ter um ódio pelos seres humanos e diante daquela cicatriz de lua no meu rosto eu prometi a mim mesma que jamais deixaria um homem me tocar novamente.

Viajando de carona por diversos estados, sem rumo, sem caminho, sem direção, fui parar em Santos e lá ví um velho que vendia coisas de diversos tipos.

Ele estava usando calças bocas de sino, uma peruca afro e uma jaqueta de couro vermelha maneiraça.

Quando cheguei perto, ele me disse a seguinte frase:

— Eu consigo ver bondade nos seus olhos, mas estão ofuscadas pelo ódio de seu rosto.

Eu queria enfiar a faca naquele velho, mas o que ele havia me dito me deixou ainda mais intrigada.

Então questionei a ele:

— Olha, quanto é que o senhor quer neste casaco de couro vermelho que está usando?

8 Peças do Destino.Onde histórias criam vida. Descubra agora