enterrado vivo

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A última coisa que me recordo é a lâmpada acesa no teto do meu quarto. Sofri uma parada cardíaca e cai sobre o chão frio. Meus olhos se fecharam lentamente e, eu vi a luz da lâmpada como a luz do fim de um túnel, que ficava cada vez mais distante, até desaparecer completamente. Sofro com esse mal desde que nasci, porém minha última parada cardiorrespiratória foi a que me levou a óbito.

Você deve está se perguntando como estou escrevendo isso se acabei de falar que estou morto... A resposta é que, a parada cardíaca não foi de fato o que matou, o que vai me matar é a sede ou talvez a fome, ou nenhum desses dois, talvez eu morra por falta de oxigênio.

Fui enterrado vivo e, agora estou preso em um caixão a sete palmos embaixo da terra. Minha família ou provavelmente os médicos, atestaram meu óbito antes da hora. Mas agora, querendo ou não, estou destinado a morte.

Nunca fui claustrofóbico, mas confesso que agoniante, estar preso em um caixão, essa deve ser a última pior sensação que irei sentir em minha vida. Meu curto destino já está traçado. A escuridão na qual me encontro é assustadora, o sentimento de ser esquecido pelo mundo é algo enlouquecedor, a pouca luz que meu isqueiro ocasiona, ilumina meu busto. O tic tac do relógio de bolso é o único som que quebra todo o silêncio. Esses dois objetos são heranças de guerra do meu pai e foram enterrados junto a mim. Sempre fui um homem ganancioso, mas em toda minha vida nunca estive tão grato e satisfeito como agora, por ter apenas dois objetos em mãos.

Já me debati, gritei e lutei com todas minhas forças para tentar sair dessa prisão mortífera, mas logo percebi que meus esforços foram em vão. Então resolvi juntar minhas últimas forças e os últimos momentos que me restam para escrever esta mensagem. As pontas dos meus dedos sangram, resultado do esforço que fiz para remover das tábuas de madeira dessa urna do inferno o prego com qual escrevo. Talvez o sangue seja algo bom, sinto ele escorrer até a ponta fina do prego e preencher as pequenas cavidades que entalho como letras, deixando às palavras mais visíveis nas paredes maciças do meu caixão.

Nos últimos minutos pensei em minha família, mal sabem eles que estou vivo e a tristeza e o luto no qual devem se encontrar agora é algo prematuro. Não me culpo e, não culpo ninguém pela minha morte que está próxima. Só culpo essa maldita doença que tem me assombrado por toda minha vida, me deixando no fio da navalha. Eu já sabia que de uma forma ou de outra a miserável iria ceifar minha vida e como previsto, aqui estou.

Agradeço a toda minha família e amigos, que sempre estiveram ao meu lado. Os quais pude compartilhar momentos de alegria e felicidade, os quais sempre me apoiaram e incentivaram.

Meu curto tempo está chegando ao fim. Se alguém ler isso algum dia, saiba que um homem dedicou seus últimos momentos e esforços para escrever esta mensagem.

Enquanto a mim, já sinto minha respiração ficar cada vez mais fraca, pouco a pouco estou perdendo os sentidos. Irei apenas fechar os olhos e fingir que estou deitado em minha cama, prestes a adormecer eternamente.⠀⠀

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Ass: Um homem morto.
Hora: 10:45 - dia ou noite.
Data: Outubro de 1986.

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