Capítulo IV

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Katherine on

-Meu nome é Katherine Bolton-admito rodando a colher na xícara de café não na intenção de misturar o adoçante com o líquido, mas sim, de não encarar o supremo e seu beta
-Por que os vampiros estão atrás de você?-indaga
-Nicholas, isso não é um interrogatório-repreende Louis
-Tudo bem-suspiro- eu fui atacada na fronteira de sua alcateia, ele tem o direito de saber-constato encarando o beta que me lança um olhar reconfortante- sinto informar mas não faço a menor ideia do porquê estão atrás de mim -digo fazendo-o me olhar indignado pela quebra de expectativa
-Não acredito em você. Eu te vi lutar-confronta fazendo-me mexer a colher na xícara com maior intensidade antes de bebericar o líquido
-De fato consigo me virar-afirmo deixando o objeto de lado e respirando fundo
-Sei que não confia em mim. Quero dizer que é recíproco-diz ríspido
-Não confio em quem não conheço-confronto
-Você ficará aqui até segunda ordem
-O QUE?-indago exaltada me levantando com rapidez

Não adianta muito já que me desequilíbrio e rapidamente me apoio de volta na mesa para me manter em pé

-Não pode me prender aqui. Não ficarei aqui-afirmo irritada
-Você mal consegue levantar. Não seja patética!-exclama andando em minha direção e batendo de frente comigo
-Eu não sei com quem você está acostumado meu querido, mas eu não sou mais uma de suas submissas-constato encarando seus olhos com fúria

Seu olhar procurava por alguma coisa no meu. Vasculhava o fundo de minha alma e caçava cada segredo que eu poderia ter. Pena que ele só vai encontrar se eu deixar

-Eu sei que a situação é estressante...-começa Louis tentando apaziguar
-Eu já disse que preciso retornar e conversar com a família oxigenada-afirmo cruzando os braços
-Katherine, você não pode-diz o beta com calma

Ouvir esse nome depois de séculos trouxe uma carga emocional que eu não esperava. Ser reconhecida por outra coisa a não ser apelidos maldosos ou boatos fez com que um turbilhão me atingisse e meu mundo girasse. Me sinto confusa, perdida, como se não fosse dona de tal substantivo. Não me sinto digna de carregar qualquer nomenclatura.

-Há quanto tempo você está... viva?-indaga o supremo em um sussurro que obtinha um tom calmo e questionador e não agressivo e exclamativo

A idade de um lobisomem pode ser muito expressiva e se tratava de um assunto delicado

-Há quanto tempo você está vivo?-retorno a pergunta

Ele parece ponderar por alguns segundos como se estivesse em conflito consigo mesmo. Vejo Louis pronto para intervir quando subitamente ele diz:

-Por volta de mil anos
-Por volta de 500 anos-completo firme

Nos encaramos sem saber o que dizer, até que o mesmo sai da sala sem mais nem menos e sem dizer nada.

Volto minha atenção ao café assim que me assento novamente sem entender nem um pouco do que acabara de acontecer.

-Olha...-começa Louis se assentando em uma cadeira próxima a mim- Nicholas é um bom supremo. Forte, com senso de justiça e pulso firme mas ele tem uma fraqueza
-E qual seria?-pergunto não muito interessada enquanto bebia o café
-Ele está sozinho por mil anos-afirma com semblante triste fazendo-me deixar a xícara de lado- olha, durante 500 anos ele procurou desesperadamente por sua companheira. O mesmo se sentia sozinho, perdido, não sabia o que fazer... Nick precisava de alguém ao seu lado então decidiu procurar sua companheira. Então, após longos 5 séculos de procura com decepções, o supremo desistiu. O mesmo se metia em guerras e lutas apenas para manter a cabeça ocupada e tentava de tudo para esquecer isso. Foi em uma dessas guerras que nos conhecemos. Eu entrei na frente de uma flecha para salvá-lo e ele ficou irritado comigo
-Ele queria ser ferido- concluo dando de ombros. Todos já passamos por essa fase
-Ele é um bom homem. Talvez se tivesse procurado um pouco mais teria te achado-diz com sorriso triste- infelizmente nos 500 anos em que você esteve viva, ele não estava mais a procura de ninguém.
-Eu não me importo com companheirismo-afirmo
-Nem ele-diz dando de ombros- a verdade é que ele não te rejeitou até agora e isso me deixa curioso
-Ele apenas está com pena de mim-rosno irritada e recebi uma risada longa e sarcástica em resposta

O encaro perdida em função do ato repentino e cruzo os braços abaixo dos seios em claro sinal de impaciência

-Conheço Nicholas há tempo suficiente para saber que ele não tem pena de ninguém, sobretudo de quem ele considera uma ameaça
-Não sou uma ameaça
-Talvez você seja. Talvez seja uma ameaça a sanidade mental dele

O desgraçado sai da sala me deixando completamente perdida.

Por enquanto tudo que sei é que meu companheiro é um supremo alfa metido a besta que até então me vê como uma fracote.

É ISSO!

Me levanto correndo a procura do "belíssimo de meu companheiro" devido a ideia que acabara de surgir em minha mente. Percorro a casa e decido seguir o odor amadeirado que me leva em direção a uma porta. Ao abrir a mesma me deparo com uma cena um tanto quanto ridícula: uma garota se encontrava sentada no colo de Nicholas enquanto passava as mãos por seu abdômen em um ato sensual

Ao notar minha presença ele empurra a mulher que cai no chão com semblante furioso

-Hã...-começo meio confusa pelo ocorrido e pelo sentimento que preenchia meu peito contra minha vontade

Esse negócio de companheirismo é um saco

-O que faz aqui?-indaga curto e grosso
-Procurando sua educação que não é né-desafio encarando seus olhos

Uma tensão preenche a sala e a garota que antes estava no colo dele resolve se pronunciar

-Quem você é?-indaga com voz aguda- não está vendo que estou ocupada?!
-Sinto muito querida-digo debochada- mas eu preciso realmente falar com o senhor supremo por leves segundos. Quando acabar pode ficar com ele viu? Prometo que não vai demorar
-Quem você acha que é para falar assim com a luna desta alcateia? -indaga a garota me fazendo arquear uma sobrancelha e franzir o cenho

Minha loba fica descontrolada em claro sinal de ódio e em uma estranha sensação de maternidade para com a alcateia.

O desgraçado parece notar já que solta um sorriso ladino e parece se divertir com a situação.

Agora eu lembro porque mantive minha loba presa por tanto tempo...

-Luna?-rosno

O ambiente é preenchido pela risada de Nicholas. A garota se mostra sem reação como se fosse a primeira vez que isso acontecesse

Era uma risada branda e leve que tornava seu rosto angelical e bonito

Cruzo os braços e bato o pé no chão impaciente

-Qual a graça projeto de alfa?-indago revoltada
-Nada, nada- diz limpando uma lágrima que saira de seu rosto
-O-o-obviamente a graça aqui é você-diz a garota
-Já cansei de você-murmuro mais para mim do que para eles
-Não murmure para a luna-grita como se tentasse se convencer do ocorrido
-Que tal você não gritar para a verdadeira luna?-indaga Nicholas com uma sobrancelha arqueada em claro sinal de impaciência deixando a mesma de olhos arregalados
-Essa é sua deixa-digo e ela sai correndo rapidamente

Encaro o mesmo que recobrava a postura como se aquilo tivesse sido um total erro. Tentava controlar minha loba enquanto caminhava em sua direção e me sento na cadeira à frente a mesa

-Não devia ter entrado sem bater-repreende grosso
-Eu sei-confirmo contra minha vontade enquanto revirava os olhos

Um silêncio desconfortável preenche o cômodo

-Meu nome é Nicholas. Nicholas Reed. Acredito que não me apresentei formalmente
-Vou direto ao ponto-digo me ajeitando na cadeira e recebendo um olhar atento em resposta- minha loba estava presa há 300 anos.
-O QUE?-indaga surpreso enquanto mantinha a voz oitavas mais altas que o normal- se isso for verdade você deveria estar morta agora. A transformação deveria ter te matado
-Eu sei-suspiro- mas sou difícil de matar. Infelizmente-murmuro a última parte- Quero dizer que agora que ela está livre eu a sinto com maior intensidade e com isso minha habilidade de cura, velocidade e poder sobrenatural estão descontrolados.
-Você não se curou da ferida de Alysson porque sua loba estava presa-conclui
-E agora não consigo me curar com eficácia porque minha loba está descontrolada
-E com razão
-Cala a boca -repreendo fazendo-o soltar um riso pelo nariz
-O que veio pedir?
-Quero que me leve ao lago dos lobos-digo com firmeza na voz

A loba e a morteOnde histórias criam vida. Descubra agora