Capítulo XII

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Katherine on

-Ela era inocente-murmuro com confusão na voz

"-Gostaria de ser enterrada no mesmo lugar que meus pais... na floresta atrás do vilarejo lunar onde nasci. Minha tia avó ainda está viva e é a matriarca da família-fala com um sorriso brando no rosto- ela faria o funeral seguindo todas as tradições"

-Katherine-chama Nicholas com voz firme e séria mas tudo que consigo ouvir é a voz de Lisa, a mulher que morrera.

"A mesma agonizava no chão em função da pancada e se mostrava desnorteada. Ela avista uma loira que anda com naturalidade pela chuva
-A-a-a-ajuda-me-implora com lágrimas pelo rosto
Ao invés de fazê-lo a outra mulher passa reto dando de ombros."

-KATHERINE!-grita Nicholas me segurando pelos ombros

"A imagem de Lisa correndo e pulando na luz do sol preenchia minha visão como se estivesse lá. Toda sua vida passava em um constante filme em minha frente como a coisa mais real que já havia visto"

-Katherine

A sua voz faz meu corpo tremer. Olho para o mesmo como se saísse de um transe e observo seus olhos vermelhos sangue de uma tonalidade diferente.

Não eram os usuais

Eles alternavam entre vinho e um preto sombrio que marcavam minha mente com brutalidade e medo.

-O-o que houve?- pergunto engolindo um seco

Sinto cheiro de sangue e rapidamente olho a minha volta

Não
Não
Não
Não

Eu o feri

Estava a beira do abismo. Eu queria muito pular da margem e me entregar aquilo que estivesse lá embaixo não me importava o que fosse.

"Você a matou Katherine.
Monstro
Assassina
Demônio"

-Kate-dessa vez sua voz é branda e nada impositiva- eu não sou nada bom em acalmar os outros. Sobretudo quando eu não faço a menor ideia do que está havendo, mas você está assustando-me de uma maneira surreal

Estou o assustando

Respiro e inspiro pensando o quão patética devo parecer nesse exato momento. A grande Katherine Bolton ajoelhada no chão da sala do supremo com seu sangue em mãos e poder descontrolado.

Nem pareço a loba forte que eu realmente sou.

Fecho os olhos com força e aperto minhas mãos.

Volte ao controle Katherine
Volte ao controle

Eu não sou uma garotinha fraca

Abro os olhos com decisão revelando meu controle emocional que deixa Nicholas surpreso

O pego pelo braço e apoio seu corpo no meu levando-o até o sofá.

Não posso deixar meus próprios problemas afetarem sua vida. Não desse jeito. Não quando sua segurança está em risco por minha causa

-Kit de primeiros socorros?-indago
-Não precisa-diz como se fosse óbvio- sou o supremo me curarei em segundos
-E eu sou uma loba com poderes que nem um lobisomem de 1000 anos entende- completo com sobrancelha arqueada e ar de deboche
-No armário da cozinha-murmura insatisfeito

Corro até lá e vasculho os armários até achar a caixinha com um símbolo vermelho. Pego a mesma e volto para a sala onde Nicholas me esperava com expressão de desconforto e mão sobre o abdômen

Eu o feri

O encaro como se pedisse permissão e o ajudo a retirar sua camisa. Com toda certeza não sou nada imune aos seus músculos definidos e abdômen trincado.

Céus

Seu corpo era marcado cicatrizes, queloides, marcas profundas e expressivas.

Paro de analisá-lo e abro a caixinha procurando por um antisséptico. Entorno o líquido no algodão e passo diretamente na ferida na intenção de estancar o sangramento

Eu o feri

O mesmo solta um leve rosnado de dor pelo contato do líquido com a ferida e eu pego os lencinhos da caixa para limpar o sangue.

Observo atentamente o corte e sinto raiva de mim mesma. Estava superficial até certo ponto mas era evidente o quão doloroso poderia ser.

Eu o feri

Sou uma loba alfa com força absurda e poderes que não consigo entender. Ele pode ser o supremo fodão, mas nem por isso sairá ileso dessa.

-Precisará de pontos-digo não muito satisfeita e logo pego o material necessário para tal

Se não fossem as mãos de Nicholas sobre as minhas eu não notaria que as mesmas estavam trêmulas e minha vista se encontrava embaçada.

Em um ato irritado eu retiro suas mãos de mim e abaixo a cabeça evitando encara-lo, apenas focando na ferida.

Tento ser delicada enquanto fechava o corte mas estava acostumada a fazer isso mim e não nos outros. Isso somado ao fato de que minhas mãos me traiam e minha vista não colaborava...

Só noto que terminei quando o homem pega meu pulso e os puxa bruscamente para perto de si fazendo-me encara-lo e ficar próxima de seu rosto

-Eu odeio você-cuspo as palavras com maxilar trincado

Ele me encara inexpressivo enquanto seus olhos percorriam cada centímetro de minha alma através de um olhar desafiador e desconfiado.

Sentia cada partícula do meu ser tremer e se agitar e eu não fazia ideia do que estava acontecendo. Minha loba uivava enquanto eu tentava me controlar o máximo possível.

-Você odeia o fato de ser você mesma comigo Katherine-afirma sorrindo convencido
-Não. Eu te odeio-repito entredentes
-Não. Você odeia o fato de conseguir destruir vilarejos inteiros, de acabar com guerras e causa-las, você odeia o fato de ter poder o suficiente para fazer praticamente tudo o que quer...-afirma com voz rouca enquanto mantinha o aperto em minhas mãos- exceto lutar contra o que sente
-Eu não sinto nada por você-vocifero
-Então por que está chorando?-pergunta liberando meus pulso
-Eu não- perco a voz quando levo as mãos ao rosto e sinto minhas bochechas molhadas

Seu polegar desliza pelas laterais de meu rosto trilhando um rastro de fogo por onde passavam. Nossa conexão parecia ser forte demais para ser verdade

-Você não fez por querer-diz levantando meu queixo com o indicador na intenção de me forçar a encara-lo- eu fui segura-la para te levar até outro lugar mais seguro, mais calmo. A maneira como o fiz foi interpretada como ameaça. Isso se chama instinto de sobrevivência, você estava fora de si
-Não precisa me explicar o que são instintos ou não Nicholas. Eu tenho 500 anos de idade. Sei bem o que é-afirmo me desvencilhando de seu toque e voltando minha atenção ao curativo

Termino o mesmo sem encarar seus olhos e enrolo uma faixa por seu abdômen sem a mínima delicadeza ou vontade

-Boa noite.-digo seca enquanto subia as escadas em direção ao quarto

A loba e a morteOnde histórias criam vida. Descubra agora