Katherine on
-Ela era inocente-murmuro com confusão na voz
"-Gostaria de ser enterrada no mesmo lugar que meus pais... na floresta atrás do vilarejo lunar onde nasci. Minha tia avó ainda está viva e é a matriarca da família-fala com um sorriso brando no rosto- ela faria o funeral seguindo todas as tradições"
-Katherine-chama Nicholas com voz firme e séria mas tudo que consigo ouvir é a voz de Lisa, a mulher que morrera.
"A mesma agonizava no chão em função da pancada e se mostrava desnorteada. Ela avista uma loira que anda com naturalidade pela chuva
-A-a-a-ajuda-me-implora com lágrimas pelo rosto
Ao invés de fazê-lo a outra mulher passa reto dando de ombros."-KATHERINE!-grita Nicholas me segurando pelos ombros
"A imagem de Lisa correndo e pulando na luz do sol preenchia minha visão como se estivesse lá. Toda sua vida passava em um constante filme em minha frente como a coisa mais real que já havia visto"
-Katherine
A sua voz faz meu corpo tremer. Olho para o mesmo como se saísse de um transe e observo seus olhos vermelhos sangue de uma tonalidade diferente.
Não eram os usuais
Eles alternavam entre vinho e um preto sombrio que marcavam minha mente com brutalidade e medo.
-O-o que houve?- pergunto engolindo um seco
Sinto cheiro de sangue e rapidamente olho a minha volta
Não
Não
Não
NãoEu o feri
Estava a beira do abismo. Eu queria muito pular da margem e me entregar aquilo que estivesse lá embaixo não me importava o que fosse.
"Você a matou Katherine.
Monstro
Assassina
Demônio"-Kate-dessa vez sua voz é branda e nada impositiva- eu não sou nada bom em acalmar os outros. Sobretudo quando eu não faço a menor ideia do que está havendo, mas você está assustando-me de uma maneira surreal
Estou o assustando
Respiro e inspiro pensando o quão patética devo parecer nesse exato momento. A grande Katherine Bolton ajoelhada no chão da sala do supremo com seu sangue em mãos e poder descontrolado.
Nem pareço a loba forte que eu realmente sou.
Fecho os olhos com força e aperto minhas mãos.
Volte ao controle Katherine
Volte ao controleEu não sou uma garotinha fraca
Abro os olhos com decisão revelando meu controle emocional que deixa Nicholas surpreso
O pego pelo braço e apoio seu corpo no meu levando-o até o sofá.
Não posso deixar meus próprios problemas afetarem sua vida. Não desse jeito. Não quando sua segurança está em risco por minha causa
-Kit de primeiros socorros?-indago
-Não precisa-diz como se fosse óbvio- sou o supremo me curarei em segundos
-E eu sou uma loba com poderes que nem um lobisomem de 1000 anos entende- completo com sobrancelha arqueada e ar de deboche
-No armário da cozinha-murmura insatisfeitoCorro até lá e vasculho os armários até achar a caixinha com um símbolo vermelho. Pego a mesma e volto para a sala onde Nicholas me esperava com expressão de desconforto e mão sobre o abdômen
Eu o feri
O encaro como se pedisse permissão e o ajudo a retirar sua camisa. Com toda certeza não sou nada imune aos seus músculos definidos e abdômen trincado.
Céus
Seu corpo era marcado cicatrizes, queloides, marcas profundas e expressivas.
Paro de analisá-lo e abro a caixinha procurando por um antisséptico. Entorno o líquido no algodão e passo diretamente na ferida na intenção de estancar o sangramento
Eu o feri
O mesmo solta um leve rosnado de dor pelo contato do líquido com a ferida e eu pego os lencinhos da caixa para limpar o sangue.
Observo atentamente o corte e sinto raiva de mim mesma. Estava superficial até certo ponto mas era evidente o quão doloroso poderia ser.
Eu o feri
Sou uma loba alfa com força absurda e poderes que não consigo entender. Ele pode ser o supremo fodão, mas nem por isso sairá ileso dessa.
-Precisará de pontos-digo não muito satisfeita e logo pego o material necessário para tal
Se não fossem as mãos de Nicholas sobre as minhas eu não notaria que as mesmas estavam trêmulas e minha vista se encontrava embaçada.
Em um ato irritado eu retiro suas mãos de mim e abaixo a cabeça evitando encara-lo, apenas focando na ferida.
Tento ser delicada enquanto fechava o corte mas estava acostumada a fazer isso mim e não nos outros. Isso somado ao fato de que minhas mãos me traiam e minha vista não colaborava...
Só noto que terminei quando o homem pega meu pulso e os puxa bruscamente para perto de si fazendo-me encara-lo e ficar próxima de seu rosto
-Eu odeio você-cuspo as palavras com maxilar trincado
Ele me encara inexpressivo enquanto seus olhos percorriam cada centímetro de minha alma através de um olhar desafiador e desconfiado.
Sentia cada partícula do meu ser tremer e se agitar e eu não fazia ideia do que estava acontecendo. Minha loba uivava enquanto eu tentava me controlar o máximo possível.
-Você odeia o fato de ser você mesma comigo Katherine-afirma sorrindo convencido
-Não. Eu te odeio-repito entredentes
-Não. Você odeia o fato de conseguir destruir vilarejos inteiros, de acabar com guerras e causa-las, você odeia o fato de ter poder o suficiente para fazer praticamente tudo o que quer...-afirma com voz rouca enquanto mantinha o aperto em minhas mãos- exceto lutar contra o que sente
-Eu não sinto nada por você-vocifero
-Então por que está chorando?-pergunta liberando meus pulso
-Eu não- perco a voz quando levo as mãos ao rosto e sinto minhas bochechas molhadasSeu polegar desliza pelas laterais de meu rosto trilhando um rastro de fogo por onde passavam. Nossa conexão parecia ser forte demais para ser verdade
-Você não fez por querer-diz levantando meu queixo com o indicador na intenção de me forçar a encara-lo- eu fui segura-la para te levar até outro lugar mais seguro, mais calmo. A maneira como o fiz foi interpretada como ameaça. Isso se chama instinto de sobrevivência, você estava fora de si
-Não precisa me explicar o que são instintos ou não Nicholas. Eu tenho 500 anos de idade. Sei bem o que é-afirmo me desvencilhando de seu toque e voltando minha atenção ao curativoTermino o mesmo sem encarar seus olhos e enrolo uma faixa por seu abdômen sem a mínima delicadeza ou vontade
-Boa noite.-digo seca enquanto subia as escadas em direção ao quarto
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A loba e a morte
WerewolfQuando não se conhece nada além de insegurança e abandono a última coisa que quer é ficar próximo de pessoas. Pelo menos é assim que eu penso. Katherine Bolton, a criatura desprezível. A suposta loba que cheirava a humanidade e não a ser sobrenatura...