🍀 Cap. 06 🍀

8 3 13
                                    

Algumas horas antes...

Estava submerso em uma grande quantidade de água, já não conseguia sequer respirar normalmente. Só esperava afundar mais e mais, até chegar ao fundo. Era o que desejava, dar uma fim a tudo aquilo. 
Ainda de olhos abertos, tudo o que conseguia ver, eram borrões sem sentido. E nada mais. 
Seu corpo estava inerte durante todo o processo de sua queda, mas sua mente continuava a trabalhar a todo vapor. Lembranças e mais lembranças vinham à tona, sem ao menos ter algum domínio sobre elas. Todas elas, eram lembranças felizes de sua infância, adolescência, até a fase adulta. Lembranças de seus pais tão amorosos. 
Sim, foi feliz. Nesse quesito, sempre tivera muita sorte. 
Mas agora, tudo o que lhe restara era o silêncio e as lágrimas que se perdiam entre as águas. Ela era a única testemunha de seu sofrimento. 
A cada segundo que se passava, sentia que tudo estava acabando, escapando por entre seus dedos. 
Rápido demais.
E não tinha nada mais que pudesse fazer. 
Suas forças já o haviam abandonado há muito tempo, estava entregue à própria sorte. 
Aceitando enfim, a infelicidade de seu próprio destino, sentiu quando seu corpo se chocou ao solo, fazendo com que sentisse toda a pancada do impacto. Era um som abafado pelas águas. 
E foi aí, que fechou os olhos e sentiu-se leve, estava pronto para o que viesse pela frente. Quando sentiu-se ser puxado por algo, ou... alguém. Sim, era uma pessoa!
Percebeu isso, ao abrir os olhos e encontrar uma figura feminina de longos cabelos que flutuavam na água, conforme ela ia o levando para a superfície. 
Não conseguia ver direito, mas tinha certeza disso. Era uma mulher, mas a mesma não olhava para ele, apenas o puxava cada vez mais longe.
Ele só deixava ser levado, afinal, estava morto mesmo, não tinha mais com o que lutar, pensou ele. Só assim, para estar vendo uma mulher em meio aquela imensidão de água. 
Aquilo era realmente impossível. 
Quando finalmente sentiu estar próximo a superfície, a apenas um braço de distância, a mulher lhe soltou a mão e olhou diretamente em seu olhar. Mas ele não conseguiu nem ao menos focar em seu rosto. E agora, ela havia sumido por entre as águas. Tão depressa quanto apareceu. 
Procurando ainda por aquela mulher que o ajudou sem nem ao menos saber porquê, ela havia sumido completamente. Como uma aparição ou, um anjo. Que veio exclusivamente para o ajudar. Mas aquilo não poderia ser possível. 
Deixando esses pensamentos de lado, ele logo pegou seus últimos resquícios de força que ainda restavam e subiu. Até ver o céu azul e sentir que podia respirar sem dificuldade. 

Acordando de um sonho tão confuso e tão real quanto ele podia lembrar, sentiu seu coração batendo descompassado no peito. 
Estava exausto e tentava respirar como se estivesse acabado de sair de dentro d'água, como em seu sonho.
Estava bastante atordoado e confuso. Devagar tentou abrir os olhos e logo os fez se acostumarem com a claridade do ambiente em que estava.

Olhou ao redor, tentando verificar onde estava. Mas nada ali lhe era familiar.
Era uma sala muito branca e iluminada. Estava cheia de equipamentos, que demonstravam parecer um ambiente hospitalar. 
Ao seu lado, uma máquina fazia um barulho irritante nos seus ouvidos. Estava com tubos enfiados em sua veia e algo preso a seu dedo.
Mas o que ele estaria fazendo em um hospital, se nem ao menos se lembrava de ter ido parar ali? 
O que estava acontecendo? 

Sua mente estava bastante confusa, não lembrava de nada em específico. 
Olhava para todos os lados, à procura de alguém que pudesse lembrar ou lhe dar alguma informação, mas naquele momento não havia ninguém por quem ele pudesse pedir ajuda. 
Sua garganta estava seca e mal conseguia falar.

Quando a porta de seu quarto foi sendo aberta por alguém vestindo um uniforme todo branco, que logo ele percebeu ser uma enfermeira. 
Ela entrava com alguma coisa na mão e estava tão distraída, que demorou a perceber estar sendo observada. Mas assim que olhou para Tyler levou um susto tão grande, que acabou deixando cair tudo o que trazia nas mãos. 
A pessoa parecia não acreditar no que estava vendo. 

― Meu Deus... você acordou! ― admirou-se. Colocando a mão no peito, como se visse uma aparição na sua frente. 

Ele tentou proferir algumas palavras, mas nada saía, nem um som sequer. A mulher  saiu rapidamente dali e foi chamar algum médico para que pudesse o ver acordado e concluir assim, que ela não estava tendo uma visão, ou vendo coisas que não existia. 

Não podia estar ficando louca, mas era tão inacreditável ele estar acordado depois de meses em um coma profundo, sem expectativas dele acordar, que ainda não acreditava de verdade. 
Era realmente incrível isto acontecer, já que não mais acreditavam na recuperação dele. 
E ver ele acordado depois de tanto tempo em coma, era mesmo um milagre.

Depois de fazerem todos os exames possíveis e constatar que ele estava bem o suficiente, o transferiram de quarto e o levaram para a sala de recuperação. 
Ficaram todos muito felizes por ele ter acordado de seu estado catatônico.
Principalmente o doutor Simmons, que o acompanhou desde sua entrada no hospital, até esse exato e simbólico dia que ele havia acordado.

Ele confuso, perguntou porquê não conseguia se lembrar de nada. Muito menos, de como veio parar ali.
O Dr. Simmons explicou a ele com riqueza de detalhes de como ele chegou machucado no hospital, sem ao menos algo que pudesse o identificar. Da pessoa que o achou e praticamente o salvou a vida, de seu longo estado de coma que durou 6 meses, E por fim, dos motivos ao qual ele não conseguia se lembrar de nada de sua vida.

Ele havia levado uma pancada na cabeça, que afetou uma parte do cérebro responsável pelas memórias. E no momento, não podia fazer mais nada em relação a isso, apenas esperar que com o tempo, suas lembranças voltassem por si só. 

Ele também perguntou quem o encontrou e o trouxe até ali. Quando o médico mencionou o nome de Felicity, a chamando de anjo, que lhe achou, lhe salvou a vida e mesmo não precisando, ainda o visitava algumas vezes, enquanto estava em coma.
O que deixou Tyler bastante curioso sobre aquela mulher. Será que ela o conhecia? Essa pergunta surgiu em sua cabeça. Ela seria a sua única pista sobre seu passado.

My Angel - acaso do destino [EM HIATO]Onde histórias criam vida. Descubra agora