Capítulo 5

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                Com um auxilio todo cuidadoso, eu descia cada degrau das escadas. Os fotógrafos pareciam tirar o triplo das fotos e algumas pessoas seguravam o vestido ao meu redor. Fionna estava ao meu lado, segurando em minha mão, me dando equilíbrio – embora isso fosse mais do que literal. 

— Amiga – eu disse chamando-a. Ela se virou para mim. – Eu estou sorrindo?
— Sorrindo?
— É. Sorrindo. Estou?
— Está – disse arrastando as sílabas.
— Por que hesitou em dizer uma palavra tão simples? Ou estou, ou não estou.
— Você está Mel.
— Olha para mim, por favor. Responda olhando para mim. 

                Ela me olhou novamente. Agora um pouco mais séria.

— Não disfarce. Seja sincera. Eu estou sorrindo?
— Eu não quero te preocupar, Mel. Você está linda e é o que importa.
— Fionna! Pode ser sincera, por favor?
— Você quer ouvir a verdade?
— Quero.
— Ok. Eu vou responder. 

                Ela respirou fundo. Lá vem...! 

— Eu acho que você não está sorrindo como devia. Parece estar mais feliz em receber tanta atenção do que pelo fato de estar se casando. Pronto, falei!
— Isso não é verdade. Eu estou feliz.
— Você mente mal, Melanie Morschel.
— Eu juro. Estou muito feliz.
— Agora você forçou, hein.

             Paramos quase no fim da escada. Ela se pôs a minha frente e me disse olhando nos olhos:

 — Eu só quero que pense em uma coisa. Está realmente feliz com seu destino ou você apenas se convenceu outra vez, como faz sempre quando não há saída? Acredite Melanie, você mente para si mesma. E eu continuo com a razão quando digo que você precisa amadurecer.
— Você está contra mim?
— Não, eu não estou.
— Então não fale assim comigo. Até parece que está me dando uma bronca.
— Talvez eu esteja sim. E sabe por que eu estou fazendo isso? Porque eu sou a sua melhor amiga. Sou a responsável pelos tapas na cara que a vida irá te poupar. Acorda Mel! Quando se trata de você, você própria consegue ser sua pior inimiga.
— Quer parar com isso?! É o meu casamento. Eu não quero ter uma discussão com você.
— Eu também não quero. Mas parece muito inevitável.
— Não seria, se você parasse com essa mania de achar que pode ler meus pensamentos.
— Eu não estou falando de agora, Mel. Essa conversa é inevitável. Parece que mais cedo ou mais tarde ela irá acontecer de qualquer jeito. Seja sincera, você o ama?

                Antes de eu responder, enquanto abria a boca, ela repetiu.

— Você o ama, Mel? Diga a verdade.
— Não, mas...
— Ok. Já ouvi o suficiente.
— Quer parar de ser tão durona e me ouvir? Tá ok! Eu não o amo. Não tem como amar uma pessoa em tão pouco tempo. Mas sabe o que você não está levando em consideração? O fato de que eu estou disposta a aprender isso a cada dia da minha vida. Eu quero aprender a amá-lo. Eu quero aprender a fazer dele o único na minha vida. Eu quero amá-lo. Eu quero aprender.
— Você tem certeza? Mel você tem certeza disso? Tem certeza absoluta do que está falando?

                Seus olhos se fecharam levemente como uma brecha. Ela me olhava outra vez como se pudesse ler a minha alma.

— Eu tenho, Fionna. Eu sei do que estou falando. 

                Ela demonstrou calma, após pensar poucos segundos de cabeça baixa. Se ergueu e segurou a minha mão outra vez. 

— Então vamos terminar isso. Vamos pôr um fim nessa incerteza tão injusta. 

                Não é bom falar de injustiça agora, Fionna. Um destino não é justo quando é bem aceito. Ele é justo quando é planejado e criado pelos sonhos de alguém. Isso sim é justiça. 

Deixada no altarOnde histórias criam vida. Descubra agora