My Mommys

34

Camila Cabello

Acordo com o barulho de risadas, e logo que me ponho sentada, no que os ruídos vem do aparelho de TV, ligado em um programa qualquer. Reparo também que estou na sala de casa, deitada em um sofá, enquanto a meu lado em uma poltrona grande de couro marrom, mamãe cochila serenamente, como um anjo. Assim que deixo o sono ir embora por meio de um bocejo, noto algo em meus lábios... Algo macio, de plástico. Uma chupeta.

É bom...

Penso sorrindo, começando a sugar timidamente o objeto para bebês. Por mais que eu esteja aqui a um bom tempo, ainda é difícil admitir e aceitar esse tipo de coisa... Mamadeiras, chupetas e tudo mais... Normalmente não são adolescentes que passam por isso, e sim crianças pequenas. Mas, quando deixo mamãe me pegar no colo, me beijar as bochechas e até mesmo dar banho, sinto-me acolhida, amada... Não sei explicar... Mas sinto algo diferente me aquece por dentro. Foi assim quando aceitei a mamadeira, e por mais que no início fosse para agradar Ally, agora gosto da sensação que tenho quando sou cuidada. Neste momento com a chupeta, a sensação é bem vinda. Aquela coisa boa volta a aparecer... É como se, receber carinho com esses objetos, me deixasse bem de alguma forma.

- Mamãe?- Chamo baixinho, com a voz um tanto enrolada, percebendo que a mesma não irá acordar, pois, realmente está dormindo.

Talvez mamãe esteja cansada... Cuidou de mim durante toda manhã, e devo deixá-la descansar.

Então, sem fazer barulho me coloco de pé, pego o controle do televisor sobre a mesinha de centro, desligando o aparelho ao apertar o botão vermelho. Observo mamãe por mais alguns segundos, na esperança que a mesma acorde por si só, mas, saio da sala frustrada por saber que no momento, a mesma está viajando no mundo dos sonhos e não irá me dar atenção. Mas, se mamãe está dormindo... O que posso fazer?

Saio andando pela casa de cerâmicas brancas, sem realmente planejar uma rota, parando de andar assim que meus pés me levam para parte de trás da casa, o quintal. Lembro-me que no início quando fui sequestrada... Torcia para que Mommys me trouxessem aqui, para ter enfim, uma chance de fuga. Mas, os muros são altos e a escada da casa, é realmente mais pesada do que aparenta ser... Fui pega por tentar ir embora e Mommy Mani queria me bater, mas, Ally conseguiu a convencer que isso era normal, que eu algum dia iria entender e me acostumar. Infelizmente ou felizmente, sinto que esse dia está chegando, está próximo e não sei como encarar a situação... Me sinto confusa, pois, não tenho idéia para onde ir, minha mãe realmente queria me vender para um bordel, exatamente como Mani disse, eu me lembro! Sempre me deixava sozinha em casa e reclamava de tudo que eu fazia ou deixava de fazer... Acho que apenas guardei isso tão fundo em minha mente para não me magoar com a mesma, e agora que tenho a possibilidade de fugir daqui, sinto medo... Me sinto apavorada!

Para onde vou? Com quem vou ficar? Vou voltar para minha mãe? Eu sinto sua falta, mas, entendo que a mesma não goste de mim...

Olho para imensidão de terreno verde que há aqui. O gramado está em ótimas condições, as flores que ajudei Lauren a plantar ainda estão de pé, mesmo depois de tanto tempo, elas resistiram. E lembrando de Mommy Lauren... Sei que não estou sendo justa com a mesma, Ally, Mani e DJ estão certas... Estou sendo idiota. Mas, em minha defesa, Lolo é muito chata! Não para de me incomodar nunca, e quase sempre, Mani briga comigo por sua causa. A verdade é que a mesma me deixa irritada, até sem fazer nada.

Volto a caminhar para o lado de fora da casa, pelo grande quintal, e assim que avisto minha bola perdida de futebol, corro para brincar. Chuto o brinquedo redondo que sai rolando gramado a frente, então fico assim, correndo atrás da bola, caindo e rindo ao me atrapalhar com os pés.

Assim que me canso, deito sobre a grama macia, começando a sentir pequenas gotas de chuva caírem sobre mim, saindo em forma de pingos de dentro das nuvens cinzentas que flutuam na imensidão do céu. Coloco a língua para fora, na espectativa de sentir o gostinho da chuva.

Vou ficar aqui, pelo menos até mamãe acordar para me dar atenção.

É gostoso ficar assim... De chupeta na boca, molhando e curtindo o momento, sem surras, sem pressão, sem nada...