Tumor Malígno

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Emma e Bianca eras as únicas duas pessoas que me entendiam. Eu não podia falar ou reclamar da minha mãe, pois ninguém entendia. Me chamavam de ingrata, mal agradecida, e mentirosa.

O processo de divórcio dos meus pais estava  em andamento, não me foi fornecida a possibilidade de morar com meu pai, talvez por ele ser um ex presidiário, ou talvez por acharem que os filhos pertencem às mães.

Emma estava bem, abandonou a faculdade devido a gravidez, mais  pela primeira vez estava vivendo uma vida sem espancamentos.
Mamãe Fernanda me proibiu de visitá-la.
Fato que não me impediu. Mesmo correndo o risco de ser espancada caso fosse descoberta,decidi passar por cima da autoridade dela e passei a visitar Emma escondido.

Me comuniquei com a família do pai da criança através do MSN e junto com a  Bianca comecei a "matar" aula para ir ver minha irmã grávida .
E assim fiz, durante os 9 meses.
Que barriga linda, eu estava completamente apaixonada pela minha sobrinha mesmo sem conhecê-la.

Emma estava saudável, hidratada e recebendo muito amor da família do Rodrigo, pai da criança. A mãe dele era dócil, gentil, amorosa, o tipo de mãe que eu sempre sonhei ter.

Eu não era muito próxima de Bella. Conversávamos o necessário e quando ela estava irritada saia a milhão em sua moto preta.
Bella era rude, agressiva, às vezes falsa. Às vezes ela era engraçada, coerente e
era uma garota muito popular.

Eu nunca confiei nela, ela nunca soube dos meus segredos, minha angústia e solidão que eram preenchidos com garotos. Eu beijava muitos deles, as vezes dois ou três no mesmo dia, Bianca me acobertava  e assim eu não tinha chances de ser descoberta.
Diferentemente de Emma, aos 16 anos eu ainda não pensava em transar, o meu lema era beijo na boca sem relações sexual.

Emma estava prestes a dar à luz, nesta mesma época minha mãe começou a passar mal constantemente, apesar de nunca termos tido uma relação amorosa,apesar de todos abusos, espancamentos e humilhações sofridos  eu estava preocupada com a vida dela.
Clamei a Deus para que não a deixasse partir.

As coisas não estavam nada bem, Bella já com 21 anos precisou viajar às pressas com a minha mãe para o Hospital das Clínicas em São Paulo.
Ela foi diagnosticada com um tumor maligno no útero e precisou fazer uma cirurgia de emergência.
Foram 30 dias de tratamento e eu fiquei cerca de 30 dias sozinha em casa. O que não foi um problema, eu sempre estive sozinha, de qualquer maneira.

Quando retornaram para casa, minha mãe havia retirado o útero e  já estava curada, Bella infelizmente perdeu a vaga da Faculdade.
Foi nesta mesma  época que minha vó Vilma voltou a ter recaídas com o alcoolismo, eu ia buscá-la a força nos bares e botecos ao redor de casa. Eu tentava negociar com os vendedores para não vender mais Álcool pra ela.

Never be AloneOnde histórias criam vida. Descubra agora