O namorado da minha mãe era um cliente do escritório, ele tinha uma pizzaria e alguns outros bens materiais.
Quando ele se mudou para nossa casa ele fechou a pizzaria e começou a trabalhar no escritório conosco.
No começo ele era agradável, mais a partir do segundo mês não passava de um grosso, arrogante e alcoólatra .Ele estocava as cervejas dele na geladeira e se por ventura eu estivesse na cozinha fazendo algo ele abria a cerveja na minha cara só pra me irritar .
Ele não ajudava nas despesas de casa.
Minha mãe estava radiando de alegria, mais nunca perdia a oportunidade de me humilhar. O fato dela ter conseguido um namorado era o suficiente para me chamar de gorda e comparar o corpo dela com o meu.Aquilo foi a gota d'água.
Acordei para vida e decidi que ela nunca mais me humilharia de novo. Chega!
No dia seguinte, após 3 anos trabalhando de graça eu decidi procurar um emprego.
Meu padrasto estava a ajudando no escritório e além do mais eu precisava do meu dinheiro, iria trabalhar de graça até quando?
Decidi que iria viver!Eu já não era mais aquela Luna indefesa, doente e incapaz de se defender.
Eu já era uma mulher.Na mesma semana encontrei um emprego. Dona Fernanda não me surpreendeu quando disse que queria metade do meu salário.
Ela ligou para meus familiares e disse que eu tinha a abandonado no escritório.
Que coisa não?
Ninguém sabia dos espancamentos, humilhações e abusos.
Ninguém sabia que eu trabalhei de graça por 3 anos.
Ninguém sabia que ela pegava toda minha pensão e ninguém sabia que o namorado dela morava de graça em casa.
Dona Fernanda sempre teve o dom de manipulação, ela sempre conseguia de sair como vítima.Pela primeira vez em minha vida eu resisti. Eu não dava um real do meu salário . Aguentei todo xingamento e humilhação.
Eu saia de casa as 6:30 da manhã, ia para o curso técnico e em seguida ia trabalhar.
Chegava em casa em torno de 22:00 e ia direto para o meu quarto.Eu vivia trancada lá.
Como sempre triste e sozinha.
Meus fins de semana eram dentro de um ônibus vagando pela cidade, descia de um subia em outro,sentada no último banco chorando.
Essa rotina durou por mais de um ano.Foi sentada no ônibus vagando pela cidade que comecei a conversar com um rapaz no Facebook ,ele morava em Minas Gerais. Eu estava com o meu estado psicológico tão destruído que aceitei viajar para conhecê-lo.
Em 2 semanas de conversa, ele depositou quinhentos reais na minha conta e comprou minha passagem.
Eu sem nem conhecê-lo fui e fiquei 3 semanas na casa dele.
Faltei do trabalho, faltei do curso e por um momento joguei tudo para o alto. Eu só precisava de alguém para me abraçar.
Eu precisava de amor.
Ele era um homem cristão e me respeitou desde o primeiro dia que cheguei lá. Me tratou como uma princesa e por um instante esqueci da minha vida miserável.
Voltei para casa e nunca mais nos vimos, acredito que foi um anjo de Deus me resgatando de meus pensamentos suicidas.Nessa mesma época, meses depois o meu seguro curso técnico já estava terminando, foi quando conheci meu segundo namorado, Wellington.
O ano era 2014 e em dezembro eu me formei .
Consegui meus diplomas como técnica
em Farmácia e Contabilidade.Passei a virada do ano com ele e em 2015 recebi a notícia de que fui a melhor aluna da escola e ganhei um intercâmbio totalmente gratuito para os Estados Unidos. Claro que não recebi o apoio dela, apenas do Wellington.
Eu disse a ela que fui a melhor aluna da instituição e por isso ganhei um intercâmbio para os Estados Unidos.
A resposta foi:" mais que sua obrigação, você nunca passou fome na vida"
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Never be Alone
Non-FictionNever be Alone é uma história real da minha vida no qual eu descrevo os fatos ocorridos na minha vida e como é a criação de uma criança que tem mãe narcisista. A história relata todo embaraço e confusão de sentimento quando se tem uma mãe que ao inv...