Ele não é meu pai

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A chegada do meu padrasto.

Terminei o ensino médio e já logo me ingressei em um curso técnico,eu agora já tinha meus 18 anos.
Eu não tinha condições de pagar uma faculdade particular,então a saída foi mergulhar em cursos oferecidos pelo governo .
O Victor ainda me seguia, invadiu minha sala de aula algumas vezes e todas elas foi retirado à força.
Após alguns meses ele desistiu e desapareceu.
Eu continuava trabalhando no escritório com minha mãe e as coisas não foram nada fáceis,passamos muitas dificuldades,comíamos marmita gelada, e variávamos entre ovos e salsichas.
Apesar de toda mágoa e tristeza dentro de mim, eu estava lá , ao lado dela.
Nada mudou na relação, eu trabalhava, estudava, e vivia trancada no meu quarto, triste e sozinha.
Não existia diálogo, não existia amor, mais pelos menos , a essa altura eu parei de apanhar.
Minha mãe continuava autoritária, rude, inflexível,irredutível e fria.Ela me machucava com palavras, me diminuía, e sempre me causava um sentimento de culpa.
Nada estava bom, eu nunca era capaz de nada,tudo era motivo pra que ela reclamasse. A culpa de tudo que acontecia era minha, e este ponto minha vida era resumida em trabalhar, estudar e viver trancada em um quarto.

E foi assim foi,durante um ano e meio, quando terminei meu primeiro curso técnico e em seguida comecei outro.
Onde prestes a fazer 20 anos, conheci Rafael, um rapaz da minha classe. Ele era um homem feito, barbado, deveria ter os seus 30 anos e era casado.
O pior de tudo, era que eu sabia. O que não me impediu de ter me envolvido. Ele me presenteava, me levava para sair, era carinhoso, atencioso, e eu a partir daquele momento me tornei amante.

Não que eu me orgulhe,mais isso durou por meses até que descobri que a esposa dele estava grávida e decidi acabar com tudo.

As coisas em casa iam de mau a pior, meu pai sempre pagou a minha pensão desde a época do divórcio, mais esse dinheiro todo mês ia diretamente para a conta da minha mãe e eu não podia ter direito a nenhum real.
Como se não bastasse, todos esses anos eu trabalhava no escritório de graça, afinal, família né?
Todo mês era uma luta para eu conseguir dinheiro para comprar produtos de higiene pessoal e  recarregar meu cartão transporte para estudar.

Mamãe Fernanda estava bem,as coisas começaram a melhorar no escritório , ela começou a ter clientes, rendas, e comprou casa  própria.
E eu? eu  ainda sem salário.
Tivemos uma discussão quando perguntei se ela podia me pagar pelo menos um salário mínimo, ela disse que não pois eu morava em baixo do teto dela e precisava ajudar com às despesas de casa.
Questionei o que ela fazia com a pensão do meu pai que ela recebia por anos e era em torno de quatrocentos e cinquenta reais e ela disse que pagava água, luz , gás e algumas coisas no supermercado.
Mais uma vez questionei se não era digna de um salário e ela disse que não.
ela disse não.

Meu ódio e mágoa por ela só aumentaram naquele momento. Mais ela não se importava com meus sentimentos. Nunca se importou.
Ela estava feliz e radiante. Ela tinha acabado de se envolver com um rapaz
que em pouco tempo se tornou o seu namorado, e em menos pouco tempo ainda , estava morando dentro da nossa casa, cerca de 3 meses.Cheguei um dia em casa e ele estava lá de mala e cuia.
E como se não bastasse ele também começou a trabalhar no escritório.
O inferno havia começado .

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