28- Vazio

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Após a reunião com o advogado, Day foi para casa, direto para a cama. Ela se remexia, mas acabou pegando no sono.
A menina acordou com um susto por volta das nove horas da noite, respirando pesadamente e levando as mãos até o rosto. Outro pesadelo sobre Carol na cadeia.

Desta vez, Caroline e ela estavam separadas por uma cerca de arame, de mãos dadas através de pequenos buracos na barreira. De repente, a maior sentiu uma força puxando-a para trás, e não importava a força que fazia, ela não conseguia se libertar. Assim como Carol, que foi puxada por dois guardas atrás dela.

A menor pedia para Dayane ajudá-la, mas ela não podia responder. Bem que tentou, contudo, cada vez que abria a boca, nenhum som saía. Então, subitamente, tudo ficou escuro, e ela sentiu-se como se estivesse caindo. Foi aí que acordou.

Dayane respirou fundo, lutando para ligar a luz e convencer-se de que tudo havia sido apenas um sonho. Quando ela se acalmou e se convenceu estar segura, chegou à conclusão de que nunca seria capaz de ter um sono tranquilo naquela noite.
Então, ela foi caminhar. Andar por São Paulo sozinha no meio da noite provavelmente não foi a melhor ideia. Mas ela era a Day e agiu de acordo com seus impulsos. A morena calçou seus sapatos e fez seu caminho para fora do apartamento silenciosamente.

Sua caminhada tomou um rumo dramático, quando ela olhou para o outro lado da rua. Era o parque onde repreendeu Carol por ter colhido as flores e também onde encontrou a menina no meio da floresta debaixo de chuva. Dayane respirou fundo, tendo uma ideia em mente.

Ela caminhava pelas ruas. Felizmente, sabia exatamente onde poderia encontrar o que precisava e, se fosse rápida o suficiente, daria tempo de fazer tudo na hora certa. Seu vans desgastado a levou até o fim do bloco e, eventualmente, ela terminou bem onde precisava estar.
Depois de comprar mais do que deveria, ela decidiu pegar um táxi de volta para o parque, afim de evitar levar tudo sozinha até lá. Dez minutos mais tarde, encontrou-se no canto de trás do parque, exatamente onde Caroline havia colhido as margaridas.

Ela cavou por onde as flores tinham sido cultivadas. Usando o ramo que havia comprado, Day plantou cada uma delas cuidadosamente ao longo da calçada, certificando que as amarelas estivessem em destaque no meio.

Se dissessem que Dayane iria plantar flores à meia-noite antes de Carol, ela iria rir e pensar que tudo aquilo seria estupidez. Mas agora, aqui estava ela. A outra menina trouxe espontaneidade para sua vida, e Day se encontrava agora fazendo coisas que jamais pensaria ser capaz.

Uma hora mais tarde, todas as flores que foram compradas foram plantadas ordenadamente no canto do parque. Talvez esta foi a forma da mente dela se desculpar por ter gritado com Carol pelas margaridas, mas de qualquer forma, obteve sua mente ocupada por um bom tempo.
Ela deu um passou para trás e admirou o pequeno jardim que criara, desejando que Caroline pudesse vê-lo. Day pensou no dia em que disse para a menor que o amor não era sobre a posse, e sim sobre a apreciação.
Olhando para trás agora, ela odiou o fato de que aquela afirmação era verdadeira. Porque, inferno, Dayane poderia apreciar Caroline não importava o quão distante a menina estava. Mas ela queria Carol aqui. Com ela. E isso não era possível no momento.

A morena sentou-se em um banco por um momento, admirando sua obra. Ela não percebeu quanto tempo estava fora, até que um feixe de luz do sol espreitou por cima das árvores e quase a cegou. Suspirando, tomou a decisão que, embora tivesse aula naquele dia, merecia um dia de folga.

No momento em que Dayane entrou pela porta do apartamento, todas suas três companheiras de quarto se aglomeraram ao seu redor.

"Onde diabos você estava?" Elana olhou a menina de cima para baixo para certificar-se de que estava bem.

YellowOnde histórias criam vida. Descubra agora