Capítulo Único

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Como você está, Jason?

  Seria um bom jeito de começar uma conversa civilizada, sem socos e chutes, não é mesmo? Mas, acho que ser civilizado não é pra nós dois quando nos encontramos, Todd… você teria que deixar de ser o Capuz Vermelho, e eu teria de deixar o Batman. E ambos não estão dispostos a isto!

Quando foi que as coisas começaram a ficar tão feias, Peter?!

  Eu pensei que te tirando da vida que você tinha, um garoto que roubava para sobreviver, e transformando-te no novo Robin estaria te salvando. Aliás, quem não pensaria assim ao ver um "pivete" de pouco mais de 14 anos roubando (ou tentando) o batcarro?! Você deveria estar, no mínimo, desesperado. E ao invés de te ameaçar ou te entregar para as autoridades, eu admirei sua audácia! Talvez, aí tenha começado meu erro

Não entenda mal, não é por você! É pelo modo que deduzi tudo.

  E como se já não bastasse você ser  um moleque impulsivo, tornou-se violento. Eu vi isso! Por isso, comecei a treiná-lo e, depois de muito preparo, levá-lo para as vigílias noturnas. Tentava canalizar sua energia e mostrar um caminho melhor… pois, eu tinha medo de você mudar para algo pior.

Porém, aquela noite infernal chegou a nós.

  A noite que você foi atraído pelo Coringa por meio daquela maldita armadilha; ele usou sua própria mãe para chamá-lo, e óbvio que você foi. E lá, aconteceram as piores torturas psicológicas e físicas.

  — Chame-o de papai! Vamos, vamos! — O maldito exclamou, rindo escandalosamente. Você estava com o olhar desnorteado, seu traje (porque você estava como Robin) estava altamente desgastado (até rasgado em algumas partes), estava com uma maquiagem semelhante ao do palhaço psicótico e com vários ferimentos e hematomas pelo corpo e rosto.

  — Não, Robin! Não diga! — Exclamei de volta, frio. Porém, o desespero pairava em minha mente  e a culpa pesava em meus ombros.

  — Fale papai! Ele é seu pai, já conversamos sobre isso! — Acrescentou exaltado. Riu com gosto da minha desgraça. Olhei pra você e concluí que ele havia-o drogado.

Aquele filho da puta havia te drogado!

  — P-papai?! — Exclamou em tom de pergunta. — Papai!

Você não tem noção de como aquelas palavras acabaram comigo…!

  Você não era meu filho biológico, Jay. Pra piorar a situação e o contexto das palavras, eu só não sentia como sabia que, o fato de sermos Batman e Robin (e você ter convivência com Bruce Wayne), tornavam-nas ainda mais pesadas.

  Você me via assim! E eu era seu ponto de referênciaEu era como… seupai.

Porra!

  Isso foi apenas um sonho do que realmente aconteceu com você. Contudo, agora, quem estava sendo torturado era eu.

  Naquele dia, senti-me destroçado quando encontrei seu corpo em meio aos escombros daquele armazém abandonado. Mais uma vez, eu vi! Eu vi não somente seu corpo como sua jovem vida ir embora.

E meu martírio estava só começando…

  Depois da sua morte, eu não queria mais nenhum Robin. Estava traumatizado demais com o que aconteceu, tinha pesadelos após pesadelos com sua morte e nada parecia ser o suficiente para acabar com a dor de perdê-lo.

The Fault Is Mine!Onde histórias criam vida. Descubra agora