Capítulo VIII

250 39 47
                                    

Enquanto mergulhava na banheira de água morna, TenTen se esforçava para não chorar.

Mas por que ela estava tão magoada, afinal? Sempre fora assim. Sempre!

Afundou até ficar completamente submersa, mas nem a água quente pôde lhe afastar a lembrança daquela tarde.

Com a cabeça ー sua cabeça ー em seu peito, Neji mantinha os olhos fechados. Mas ela sabia que ele não estava dormindo. Aquela posição, aquela situação, estava tão confortável que nenhum deles queria se mover.

O silêncio era cômodo. Talvez ambos estivessem tentando entender por que fizeram aquilo ー ou porque demoraram tanto para fazer.

Nenhum deles conseguia se lembrar de qual fora a última vez que ficaram assim, tão próximos, sem brigar.

Mas toda aquela calma e paz eram boas demais para serem verdade.

Um simples lembrete no celular fora o que estragara aquele momento.

O aparelho apitou, os tirando de seus próprios pensamentos. Antes que ela pudesse pegar o celular, Neji o fez ー o objeto era dele, afinal. Ao ler o que estava escrito na tela, os olhos castanhos se arregalaram e ele passou a procurar as poucas roupas que vestia quando chegaram a caverna.

ー Neji, o que foi?

Ele não respondeu. Apenas a olhou de um jeito esquisito, como se ela tivesse cometido algum crime.

Já havia parado de chover, então ele saiu sem hesitar, deixando-a sozinha e confusa.

O celular ainda estava lá, no chão, perto dela. Se inclinando um pouco para alcançá-lo. Viu, assim que a tela se acendeu, o motivo do comportamento estranho do marido.

"Segunda-feira, 28, às 20h

Visita do crítico de gastronomia Akimichi Chōji"


Estava listado como importante. Chōji, que fora seu colega de classe muitos anos atrás, agora era um prestigiado crítico gastronômico. E o mais exigente, também.

Era sábado, 19. A visita do crítico Akimichi seria em pouco mais de uma semana e não haviam resolvido aquilo ainda. E, pior, sequer haviam se preparado para isso.

Sem muitas opções, também se vestiu e seguiu caminho até o carro. Neji estava ao volante, esperando-a. Menos mal, pois ela achou que ele a deixaria lá sem pensar duas vezes.

Ao entrar, ela tentou dizer algo, mas ele ligou o rádio, deixando claro que, o que quer que ela dissesse, ele não queria ouvir.

Voltaram para Tokyo sem trocar uma única palavra.

Mas como ela poderia saber? Neji não mencionou nada, os funcionários do restaurante também não… Ela sabia que a visita não tardaria a acontecer, mas como poderia adivinhar a data exata? Aquilo não fora justo.

Certo, talvez ela devesse ter checado os compromissos na agenda, afinal ele sempre fora ocupado, mas como ele poderia não mencionar algo tão importe?! Aquela visita acontecia anualmente, para listar os melhores restaurantes de Tokyo ー e o dele ficara no topo mais vezes do que poderia contar.

Quer saber? Ela tinha culpa, sim! Mas ele também tinha! Todos estavam errados, mas agir daquele jeito não resolveria nada, não é? Já passara da hora de tentar trabalhar juntos.

Saiu da banheira e decidiu que estava na hora de encarar tudo como adultos. Estavam daquele jeito e não sabiam quando as coisas iriam voltar ao normal, então precisavam se ajudar para aquilo dar certo.

Se Eu Fosse VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora