2. Emma

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3. Por que estou aqui?

Eu ainda estava parada debaixo daquele sol quente, pensando em todas as possibilidades de fugir, em como poderia me unir às pessoas que acabei de conhecer, em como ainda não chorei depois de saber de tudo que aconteceu.
  - Pode me dar licença? - diz uma garota atrás de mim, ela estava segurando uma cesta de lavandas.
Dei um simples sorriso e saí. Olhei para o hotel de longe dessa vez, ele era bonito e grande, me sentia uma formiga em frente a ele. Era um lugar enorme, tinha que ter algum erro, tinha que ter alguma pessoa cruel nesse lugar que sirva de gatilho para mim, algum lugar ou motivo a mais para dar o fora daqui. Entrei pela porta principal e vi que o saguão não estava mais cheio, as poucas pessoas que andavam por ele me cumprimentaram ou sorriam para mim, outras nem olhavam na minha cara.
Era estranho eu me sentir sozinha aqui? Sei que conheci algumas pessoas, falei com elas e elas pareciam ser legais, de verdade, mas sinto que estou só, estou com um vazio enorme no meu peito, estou me sentindo inútil, sem um motivo de vida, como eu poderia estar aqui? A Cry Baby provavelmente viria para um desses, mas eu? Não consigo pensar no que posso ter feito de errado, em como minhas ações poderiam ter me levada até aqui.
O número da casa dos meus pais começou a pipocar na minha cabeça. Começo a andar pelo saguão, procurando algum telefone, também começo a sussurrar o número para não esquecer, se tivesse como eu esquecer algo como o número de casa, mas sinto que esse dia está muito estranho, qualquer coisa seria possível de acontecer. Meu estômago se revira e eu sinto vontade de vomitar.
Ando por todo o saguão e não acho nenhum telefone. Um garoto passa por mim, eu paro em sua frente e aceno, com um sorriso.
  - Oi! - digo, dando uma risada - Onde fica o telefone?
  - Tem uma porta a esquerda no final do outro lado do saguão, - disse o garoto, com um sorriso de quem não tem problemas em sua vida - é lá onde ficam os telefones.
Sorrio e agradeço, corro até lá e ninguém me para pra falar que não pode correr pelos corredores. Chego na porta à esquerda do final do saguão e a abro. Era uma sala pequena, mas muito aconchegante, telefones dourados nas paredes, eles tinham um painel estranho ao lado deles, e embaixo haviam poltronas, para o caso de você cansar de ficar em pé conversando, talvez.
Peguei um dos telefones, mas não consegui discar nenhum número, o painel digital ao lado dele ligou, pedia para eu colocar a minha digital no botão embaixo da tela, coloquei e apareceu que meu saldo era zero.
  - Como assim? - digo baixinho, dando tapinhas no painel, e continuava piscando que eu não tinha saldo. Dou um pequeno grito. Só queria ligar para casa e conversar com meus pais.
Saio da sala e ando pelo saguão com a cabeça baixa e nem percebo que estou entrando no elevador com Gavin.
  - Você tá mal, né? - ele perguntou, mesmo sendo óbvio - É normal, todos ficam assim, principalmente quando não sabem bem o motivo.
  - Eu só não entendi como eles poderiam fazer isso comigo, sabe? - eu ia apertar o botão para o meu andar, mas não sabia qual era, eu não olhei quando saí do quarto, por que?
  - Bem, se seus pais negam de te dar o mínimo de liberdade ao ponto de não te perguntar se você quer ir para um hospital psiquiátrico sem parar e conversar começando qual a frase "o que tá te deixando pra baixo, filho?" - Gavin diz, apertando o botão do sexto andar - então estamos no mesmo barco, ou no mesmo andar.
Fico mal ao pensar que Gavin, aquele garoto-criança, poderia estar passando por aquilo, ele ajeita os óculos que está por cima de olhos marejados quando as portas do elevador fecham. Ficamos algum tempo em silêncio, e quando as portas abrem, andamos pelo corredor e Gavin para em uma porta, eu decido falar.
  - Acho que poderíamos conversar em algum momento, sabe? Talvez faça bem para os dois.
Ele sorri e limpa uma lágrima que escorre.
  - Eu iria adorar - ele diz, colocando a digital no painel da porta, que faz um "tic" e ela se abre - Vejo você no jantar?
  - Com certeza - digo, sorrindo - até!
  - Até.
Ele fecha a porta e eu fui para o meu quarto, mas não sem antes bater na porta da minha vizinha de quarto, que mais cedo falou de mim.
  - Oi? - ela diz, assim que abre a porta.
  - Você deveria ouvir uma música minha inteira antes de falar de mim - digo, me viro e entro no quarto, deixando a garota lá, sozinha, pensando.
No meu quarto, sou eu que me sinto sozinha, deito em minha cama e desejo que eu morra dormindo e acorde no paraíso, caso exista.

4. Cupcake

Lavanda (Fanfic Melita)Onde histórias criam vida. Descubra agora