Lavanda (Fanfic Melita)

5. Pelos Corredores

19. Gente Nova

MELANIE
Sinto que estamos indo longe demais, talvez nossos planos tenham ido longe demais, pois nenhum deles tem chances de acabar bem. Os planos de Isabela são calculados e bem planejados, mas o mínimo erro pode causar um desastre, os de Elita são fáceis, mas já em seu desenvolvimento poderíamos nos ferrar muito, os de Gavin são doidos ao extremo e os meus, em relação aos deles, são os mais simples. Manuela não desceu, e acho melhor assim por que se eu estou com dor de cabeça, imagina ela.
O pior é que nem sabemos com o que estamos lidando, não sabemos o que eram aquelas coisas no campo, não sabemos nem quem é o dono do hotel. Qualquer coisa pode se tornar realidade nesse momento, mas como?
Agora estávamos deitados nos sofás do saguão, a luz da lua entrando pela grande janela, se misturando com as luzes das lâmpadas. O campo lá fora, mesmo depois de quase um mês aqui, não mudou nada.
Não mudou nada.
- Em que época do ano a lavanda não cresce? – eu pergunto, quase fazendo Gavin cair, que estava com a cabeça apoiada no meu ombro, quase dormindo.
- Sei lá – diz Isabela, olhando para o campo por um bom tempo e depois voltou com o rosto de alguém que pensou em algo e ficou surpresa – Eu entendi o que você quer perguntar.
- O que foi gente? – disse Elita, olhando para o campo também, mas não notou o que Isabela e eu percebemos.
- Eu tô boiando aqui – Gavin diz, coçando o olho, por sono.
- O campo não morre – eu digo, baixinho – Não perceberam? Colhemos e ele continua como novo, o tempo passa e ele continua vivo, tem algo de estranho nisso, deveria ter uma época de colheita fraca ou até mesmo uma época que não colhemos nada.
Gavin e Elita se olham, surpresos.
- Ah – Gavin solta, sem mais nenhuma palavra depois.
- Será que é por causa daquelas criaturas? – Elita pergunta.
- Se elas forem agricultores mágicos, sim – Isabela diz – Nada explica isso.
- Nada do que temos até agora, na verdade – eu digo.
- Como vamos saber de algo se não nos deixam investigar? – Elita pergunta – Temos que escolher um dos planos!
- Temos sim – Isabela diz, pegando todos os papéis que estavam espalhados pela mesinha de centro – Eu vou estudar cada um com cuidado e ver como os acertos de uns vão consertar os erros dos outros e teremos o plano perfeito.
- Ótimo – eu digo, batendo palma – Muito obrigado, Isabela, qualquer coisa é só nos chamar.
- Sim – diz Gavin – Agora podemos ir dormir?
- Vamos – diz Elita se levantando e rindo, ela dá a mão para ajudar ele a se levantar.
Fui dormir com algumas coisas na cabeça, coisas que se perderam junto com meus sonhos.
Foi avisado a todo mundo que uma nova hóspede estava chegando. Não sabíamos o seu nome nem nada a seu respeito, somente que era uma garota e que provavelmente desceria às dez da manhã.
Decidi não me arrumar porque não quero festejar a vindo de alguém para esse lugar, seria cruel fazer algo do tipo. Assim que desci, vi que o pessoal também não estava totalmente arrumado, ao contrário de outras pessoas nesse lugar, que parecem que vão para alguma festa.
Eles guardaram um lugar para mim no mesmo sofá que estávamos ontem. Elita chegou perto e se sentou ao meu lado, ela se aproximou do meu ouvido.
  - Você quer ir no meu quarto às onze? - ela sussurrou.
  - Onze? - eu também sussurro e penso um pouco - Tá bom. Pra quê?
Elita só ri e se vira para o elevador, que foi chamado no sexto andar.
  - Vai começar a festa que o Gavin gosta de ficar parado no meio do corredor e ser atropelado - Isabela diz e nós rimos.
  - Vou só uma vez - Gavin diz, rindo e ajeitando os óculos, ele parecia cansado.
  - Você dormiu bem? - Isabela pergunta.
  - Não - ele responde - acordo tão cansado que parece que nem dormi.
  - Também tô acordando assim - diz Manuela - E eu já tô exausta.
O elevador abre e uma garota loira sai de dentro dele. Ela parecia confusa e com medo. Cordélia chegou do seu lado e cumprimentou e em poucos minutos, a garota estava apertando forte a mão de Cordélia e um segurança veio parar ela. O pessoal ri, falando "como sempre" ou "típico" e isso me fez pensar.
  - Padrão - eu penso alto.
  - Pois é - diz Manuela - Ela é muito padrão.
  - Não - digo rindo, mas já volto a ficar séria - Existe um padrão, vocês mesmo disseram que fizeram essa mesma coisa no primeiro dia, que sentiram as mesmas coisas, não é?
  - Sim - diz Gavin e ele logo solta um grito silencioso - Não acredito!
  - Peraí - Elita diz, com as mãos na cabeça - Então vocês estão dizendo que isso é algo... Causado pelo próprio hotel?
  - Por que vocês nunca suspeitaram disso? - eu pergunto, confusa - É algo óbvio.
  - Sei lá - Manuela diz - Depois de um tempo você não liga mais pra isso tudo.
  - Exatamente - digo, me levantando - Porque existe um padrão no que sentimos, chegamos enjoados e com um peso no peito e depois isso passa.
  - E se for algo que o hotel transmite? - Isabela pergunta, se levantando também - Como tomar um chá de camomila.
  - Caralho! - diz Manuela, bebendo água e tocando em sua cabeça, ela pega um pedaço de guardanapo - Uma caneta, rápido!
Gavin pega uma do bolso e entrega.
  - Por que você tem uma caneta no bolso? - Isabela pergunta.
  - Sou prevenido - ele diz - A gente tá formando planos, nunca sabemos quando alguém vai ter uma idéia.
  - Certíssimo - Elita diz.
  - Pronto - Manuela diz, entregando o papel para a irmã - Anotado.
  - Ótimo - Isabela pega o papel e guarda no bolso - Mais uma coisa pra colocarmos no plano, aé, antes de chegar aqui um pedi um caderno na lojinha e vou anotar tudo nele, assim podemos deixar tudo em um só lugar, vi isso em um caso bem estranho que aconteceu em uma cidade. Eu tinha esquecido, mas agora que lembrei eu me pergunto se eu tivesse lembrado antes, talvez essas informações todas tivessem sido capturadas mais cedo.
  - Ok - diz Manuela - agora que a princesa já está com o seu ajudante - ela aponta para a nova garota, que estava falando com um cara negro e baixinho - temos que ir trabalhar!
  - Maldição! - diz Elita, fazendo cara de cansada - Mas vamos lá!
E fazemos trenzinho, como se fôssemos crianças, até o lado de fora do hotel. Crianças que têm um mistério para resolver.
 
20. Chuva para limpar os meus problemas